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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVII

António Fernandes, presidente do Politécnico de Castelo Branco IPCB faz aniversário com muitos investimentos em curso

21-10-2024

O Instituto Politécnico de Castelo Branco está a assinalar 44 anos com investimentos elevados nas suas unidades orgânicas. António Fernandes, presidente da instituição, fala ao Ensino Magazine da nova residência de estudantes, da aposta em eficiência energética e da requalificação de diferentes espaços como o auditório da Escola Superior de Educação ou o refeitório da Escola Superior Agrária, transformado também num espaço de trabalho para os estudantes.
Nesta entrevista, respondida por email, António Fernandes aborda a oferta formativa, com destaque para o primeiro doutoramento da instituição e das microcredenciações.

O IPCB assinala mais um aniversário, num ano em que estão em curso e/ou foram concluídos investimentos avolumados. O que está a mudar nas escolas? Que condições estão ou foram melhoradas?
Os investimentos são, de facto, avolumados. São cerca de 5 milhões euros em obras de requalificação dos edifícios.
Ao nível do projeto Rede Politécnica A23, estão concluídas as obras no valor de cerca de um milhão de euros. Na Escola Superior de Educação (ESECB) as obras focaram-se ao nível do átrio da entrada principal, do grande auditório, de instalações sanitárias e de duas salas de aula. Na Escola Superior Agrária (ESACB) foi possível requalificar o Auditório 2, o refeitório, instalações sanitárias, laboratório de Sistemas de Informação Geográfica e “sala de aula do futuro”. Estes espaços requalificados assumem particular relevância no contexto da vasta oferta formativa do IPCB que tem atraído públicos variados, desde jovens em idade universitária a adultos inseridos na vida profissional ativa que ingressam em processos concretos de melhoria da qualificação académica ou mesmo de requalificação e reconversão profissional.
Ao nível da melhoria da eficiência energética e eficiência hídrica das instalações da Escola Superior de Tecnologia (ESTCB), Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias (ESALD) e Escola Superior Agrária (ESACB) encontra-se em curso o projeto com o valor global de investimento de 3,4 milhões de euros, que com o IVA à taxa legal em vigor será superior a 4 milhões de euros. As obras vão permitir melhorias significativas de eficiência energética e hídrica das instalações com impacto muito positivo no desempenho ambiental global do IPCB, contribuindo para a melhoria das condições de conforto da comunidade académica e refletindo também o compromisso da Instituição na promoção da qualidade de vida dos cidadãos.

Uma das notícias que marcam o ano é a aprovação da nova residência de Estudantes do IPCB e a renovação de duas das existentes. O que isso significa para a instituição?
Significa um aumento considerável da capacidade de resposta do IPCB com a disponibilidade de mais 152 camas face à situação atual. É um aumento de quase 50% no alojamento para estudantes do ensino superior na cidade de Castelo Branco. Ter mais e melhor alojamento estudantil torna o IPCB mais atrativo para os estudantes deslocados e, mais interventivo e mais preparado para reforçar o seu papel determinante no desenvolvimento social, cultural e económico da região e do país. Consequentemente, Castelo Branco torna-se uma cidade mais académica que ganha dinâmica com a presença de mais jovens.
O IPCB tem aprovadas duas candidaturas ao Programa de Recuperação e Resiliência para financiamento de Projetos de Alojamento Estudantil a Custos Acessíveis. Uma nova Residência de Estudantes que será construída no Campus da Talagueira com 152 camas, com investimento total de 2 980 000 euros e a renovação da residência de estudantes existentes (2 alas) com 208 camas num investimento total de 2 029 400 euros.
Estamos naturalmente muito satisfeitos e orgulhosos do trabalho desenvolvido na preparação das candidaturas caraterizadas pelo elevado rigor nas respostas aos Critérios de Avaliação, Parâmetros e Ponderadores constantes no aviso Nº 4/C02-I06/2024 e usados pelo Painel Independente na avaliação das candidaturas.
A construção da nova residência terá lugar no Campus da Talagueira, onde estão situadas as Escolas Superiores de Tecnologia, de Artes Aplicadas e de Saúde Dr. Lopes Dias. Será constituída por 78 quartos (74 quartos duplos e 4 quartos individuais para estudantes com mobilidade reduzida) e terá áreas comuns como lavandaria, salas de estudo, salas de convívio e copa para refeições bem como ginásio e balneários.
A intervenção ao nível das residências já existentes visa a reabilitação do edificado do ponto de vista funcional, melhorando a sua eficiência em termos de comportamento energético, ambiental e de conforto. O projeto prevê a requalificação dos espaços, sendo que 200 camas estarão associadas a 100 quartos duplos e 8 camas a quartos individuais adaptados a pessoas de mobilidade reduzida.

Para quando o arranque das obras da nova residência?
Neste momento estamos prestes a assinar o contrato-programa de financiamento e de seguida avançamos para a preparação das peças contratuais para lançamento da empreitada. Se tudo correr bem estaremos em condições de adjudicar a obra nos primeiros dias do ano 2025.

E da renovação das outras duas?
Exatamente igual ao caso da nova residência.

Ao nível da oferta formativa foi também aprovado o primeiro doutoramento no IPCB. Já há calendarização e regulamento para o arranque do curso?
Foi aprovado o Doutoramento em Sustentabilidade Agroalimentar e Ambiental, sendo o primeiro doutoramento da história do IPCB. Tem por objetivo formar profissionais de elevado nível com competências para apoiar o desenvolvimento de áreas rurais em regiões vulneráveis face às alterações climáticas e socioeconómicas, como a Região Centro de Portugal.
O Doutoramento é fruto de uma parceria com os Politécnicos de Coimbra e Viseu, em cooperação com o Politécnico de Santarém, sendo lecionado nas Escolas Superiores Agrárias de Castelo Branco, Coimbra e Viseu e na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu, contando com a cooperação da Escola Superior Agrária de Santarém.
Definida pela própria Comissão de Avaliação Externa como “muito importante e inovadora no sistema de ensino português”, esta formação pretende captar novos públicos e aumentar a capacidade científica e de produção de massa critica, não só para o IPCB, como também para a região e para o país.
Presentemente as Instituições estão a trabalhar na elaboração da proposta de Regulamento do Ciclo de Estudos bem como no edital, prevendo-se que em breve possam abrir as candidaturas.

A oferta ao nível do 3.º ciclo traz uma nova imagem à instituição, mas também mais responsabilidade…
Se mais responsabilidade é investigação e produção científica com qualidade, sim. O IPCB tem feito um notável percurso ao nível da qualificação do corpo docente, mas também ao nível do trabalho em rede com outras instituições de ensino superior, centros de investigação e outras instituições do sistema científico e tecnológico. A coordenação e participação em projetos de investigação nacionais e internacionais é outro ponto forte do trabalho recente. Um exemplo concreto deste interessante percurso é CERNAS - Centro de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade, que é uma unidade de investigação reconhecida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e da qual o IPCB tem uma unidade de gestão. Mas, além desta área, onde o IPCB já demonstrou capacidade interna, comprovada com a aprovação por parte da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) deste doutoramento, temos outras áreas, como a educação e património, o desporto, a informática, as comunidades envelhecidas, entre outras, onde temos provas dadas de investigação e produção de conhecimento.

Ainda no que respeita à oferta formativa, está prevista a proposta de novos cursos à A3ES?
Recentemente temos tido novidades na nossa oferta formativa, ao nível de Cursos Técnicos Superiores, Pós-graduações e Microcredenciais. Relativamente a licenciaturas, teve início no ano letivo 2023/24 o funcionamento da licenciatura em Administração Pública. Estamos neste momento no segundo ano de funcionamento e os resultados têm sido muito positivos. É um ciclo de estudos muito interessante que junta duas áreas onde o IPCB tem passado de sucesso, a gestão e a solicitadoria. Independentemente de o IPCB ter o dever de ter uma oferta formativa ampla que responda às necessidades da região e permita oportunidade de escolha aos jovens locais, a nossa oferta formativa deverá ser tendencialmente especializada nas áreas onde temos corpo docente altamente qualificado e resultados concretos de investigação.
Quanto a mais cursos, licenciatura e mestrados, estamos sempre disponíveis para apreciar as propostas das Escolas e nas situações em que está assegurado o cumprimento dos critérios de qualidade e são proposta interessantes não haverá motivos para que as mesmas não sejam submetidas à A3ES. Quanto a doutoramentos, estamos a trabalhar com outras instituições de ensino superior e a aposta deverá passar por programas concebidos em rede. Considero absolutamente fundamental a articulação dos nossos professores/investigadores que integram Unidades de Investigação e Desenvolvimento com professores/investigadores de outras unidades de investigação ou de instituições de ensino superior no sentido de se criarem estruturas robustas e de maior dimensão e que permitirão suportar doutoramentos em diferentes áreas, como a educação e património, o desporto, a informática, as comunidades envelhecidas, entre outras, onde o IPCB tem dado provas no passado.

Num patamar diferente, surgem as microcredenciações. Esse pode ser um caminho para qualificar aqueles que já estão no mercado de trabalho e para dar resposta, de uma forma mais célere, às necessidades das empresas?
Claro que sim. O IPCB tem aposta seriamente na oferta de Microcredenciais que se caraterizam por formações curtas, lecionadas de forma concentrada, habitualmente em horário pós-laboral e concebidas tendo em conta necessidades concretas de formação. O objetivo das microcredenciais é mesmo esse. Dar resposta às necessidades das empresas.
As nossas propostas têm sido concebidas e lecionados em estreita colaboração com o tecido organizacional e pelos resultados que temos tido, têm contribuam para a melhoria das competências e produtividade dos trabalhadores.

O IPCB alterou a sua imagem de marca. A que é que se deve essa mudança?
O projeto de redesign da marca do IPCB resultou da necessidade de modernização da marca anterior e da reorganização da sua arquitetura no sentido de reforçar a união entre as escolas, amplificar o reconhecimento da marca da instituição e reforçar o sentimento de pertença da comunidade académica. Acresce que a nova simbologia permitirá uma utilização muito mais facilitada ao nível dos canais digitais, sendo que atualmente á dada especial preferência à comunicação digital tendo em conta o desígnio do IPCB não que se refere à transição digital e também o público alvo da instituição.
As marcas das unidades orgânicas (escolas) deixam de ter símbolos próprios e adotam o símbolo da instituição, verificando-se uma transição para uma arquitetura de marca única em que as marcas das escolas estão subordinadas à marca da instituição. Esta alteração tem o objetivo de amplificar a identidade da instituição; reforçar simbolicamente a união entre as escolas e fomentar o sentimento de pertença dos alunos, docentes e pessoal não docente.

No próximo ano, os estudantes que se candidatarem ao ensino superior terão que fazer mais exames de acesso. Teme que esse facto afaste os jovens dos politécnicos e universidades?
Aparentemente vamos ter menos candidatos ao ensino superior com as novas provas fixadas para o ano letivo 2025/26. Num ensaio que realizámos (no Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos – CCISP), comparando o cenário da aplicação das novas provas no ano letivo 2025/26 com o ano letivo 2024/25, o número de candidatos a cada instituição de ensino superior pode ficar nos 60-70% e o número de colocados poderá fica a 50-60%, dependendo de cada instituição.

Está satisfeito com o número de novos alunos que este ano entrou na instituição?
Temos mais de 1100 novos estudantes inscritos nas licenciaturas, mais de 270 em mestrados e pós-graduações e mais de 200 em Curos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP). As inscrições ainda estão a decorrer paras os três níveis de formação. Além destes cursos temos estudantes inscritos em microcredenciais, um novo conceito de formação. No ano letivo anterior tivemos mais de 150 estudantes inscritos em microcredenciais.
Estes resultados atestam a consolidação do IPCB no que diz respeito à estabilização do número de estudantes nas licenciaturas e do crescimento do número de estudantes em outros níveis de formação como os CteSP, os mestrados e as pós-graduações.

Até onde pode crescer o IPCB em número de alunos?
O IPCB está a aproximar-se dos 5 000 estudantes, algo que definimos como objetivo para este quadriénio. No que se refere aos estudantes em licenciaturas, a recuperação que tivemos nestes últimos 5- 6 anos foi imensa. A partir daqui, e tendo em conta que os ciclos de estudo com maior atratividade já atingiram o pleno relativamente ao número máximo de admissões, o crescimento esperado não poderá ser muito significativo, pelo menos para as atuais licenciaturas que constam na oferta formativa do IPCB. Mas vamos continuar atentos e ajustar as licenciaturas às necessidades do mercado e atratividade das mesmas, propondo novas ofertas à A3ES e alterando as existentes. Relativamente aos estudantes inscritos em microcredencias e em pós-graduações, a estimativa é que o número vá aumentando ano após ano, tendo em conta que há uma relação muito direta entre as necessidades de mercado e a conceção e lecionação das formações, o que geralmente induz a uma maior e crescente atratividade dos cursos.

Recentemente foi apresentado o programa de promoção da saúde mental do IPCB. Qual a sua importância para a instituição e os seus estudantes?
O IPCB possuía um gabinete de apoio psicológico que registou um aumento significativo da sua procura nos últimos dois anos. O projeto ALL IN foi aprovado no âmbito do programa de promoção da saúde mental da Direção Geral de Ensino Superior (DGES) e permitiu que a instituição alargasse a sua intervenção, criando um serviço de Saúde mental e Bem-Estar que conta agora com duas psicólogas, uma estagiária de psicologia e uma médica de clínica geral e familiar. Este serviço irá realizar diversas atividades no âmbito da sensibilização para questões relacionadas com temas como a igualdade de género, comportamentos sociais e necessidades especiais. Da mesma forma, dará continuidade ao apoio psicológico através de consultas individuais, sendo que o aumento da capacidade permitirá acompanhar um maior número de alunos, estando ainda a ser implementadas sessões de terapia em grupo e consultas para situações em que existam perturbações mais graves.
Consideramos que a saúde mental e o bem-estar da nossa comunidade académica são a base para a promoção do sucesso escolar e para que os estudantes consigam realizar um percurso académico dentro das melhores condições tanto a nível pessoal como social.

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