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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVII

43º ANIVERSÁRIO Dois mil novos alunos no IPCB

20-10-2023

O Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) acolheu, em todos os seus cursos, cerca de dois mil novos alunos. Os números são adiantados pelo presidente da instituição em entrevista, respondida por email, a propósito do 43º aniversário do IPCB. António Fernandes fala ainda dos investimentos que estão a ser feitos nas escolas e na constituição da universidade europeia BAUHAUS4EU que terá um universo de 88 mil alunos.

O IPCB tem vindo a aumentar o número de alunos.  Até onde pode crescer o Politécnico?

Em cinco anos o IPCB cresceu cerca de 1000 estudantes. Foi uma evolução notável e deve-se, fundamentalmente, ao aumento no número de novos estudantes em cursos de licenciatura que no passado, e sistematicamente, ficavam com um número de matriculados muito abaixo do razoável. Presentemente, isso não acontece. Todas as licenciaturas do IPCB têm o seu funcionamento assegurado e o número de novos estudantes matriculados é muito estimulante. Evidentemente que, ao nível do concurso nacional de acesso, temos 2 ou 3 licenciaturas em que o número de estudantes colocados é residual ou mesmo nulo. Tal, não é, no entanto, limitador ao funcionamento do curso. Candidatos a concursos especiais, como os titulares de Cursos Técnicos Superiores Profissionais, os Maiores de 23, os internacionais, os titulares de outros cursos superiores, e estudantes colocados ao abrigo dos regimes especiais, permite o funcionamento das licenciaturas na maioria das vezes de forma quase plena. Sobre estas licenciaturas em concreto já solicitei aos órgãos da escola a devida reflexão e proposta de ações que visem a resolução do problema, que poderá passar pela reformulação da oferta formativa visando a adaptação às necessidades do mercado de trabalho.      

Quanto ao crescimento ainda maior do IPCB, a aposta deverá passar por uma oferta ajustada às necessidades e exigências da sociedade, em domínios diversificados como as áreas STEAM - science, technology, engineering, the arts, and mathematics), sem descurar a aposta nas soft skills, desenvolvidas pelas pessoas e que remetem para características de personalidade, como a empatia, a capacidade de comunicação e de organização e a flexibilidade.

Já o referi algumas vezes. Sou de opinião que a nossa oferta formativa deverá ser tendencialmente especializada nas áreas de intervenção onde temos corpo docente altamente qualificado e onde temos obtido excelentes resultados, tando ao nível da atração de novos estudantes como de conhecimento produzido. A nova licenciatura em Administração Pública ou novo Curso Técnico Superior Profissional em Desporto e Tecnologia, que entraram este ano letivo em funcionamento, são dois exemplos concretos desta estratégia que está a dar bons resultados.

Está satisfeito com o número de novos alunos que este ano entrou na instituição?

Muito satisfeito. Para a 3ª fase do Concurso Nacional de Acesso (CNA) não tivemos vagas disponíveis em três escolas e numa escola apenas disponibilizámos vagas para duas licenciaturas. Temos mais de 1200 novos estudantes matriculados nas licenciaturas, mais de 250 novos estudantes matriculados nos mestrados e mais de 230 estudantes matriculados nos Cursos Técnicos Superiores Profissionais. Dos estudantes matriculados nas licenciaturas mais de 723 ingressaram no IPCB via CNA o que de facto foi um crescimento muito elevado. Os restantes estudantes ingressaram através de concursos especiais e tivemos muitos candidatos que não conseguiram vaga.

A estes números acrescem os estudantes o Instituto Politécnico de Macau, os estudantes que frequentarão as pós-graduações oferecidas pelo IPCB bem como os estudantes a frequentar unidades curriculares isoladas e microcredenciações. No total, o número de novos estudantes que este ano letivo formalizarão inscrição no IPCB deverá rondar os dois mil.

Temos solicitado à Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) o aumento de vagas em algumas licenciaturas onde a procura é muito elevada e consideramos ter condições para aumentar o número de estudantes admitidos. A resposta nem sempre tem sido positiva pelo que aguardamos nova possibilidade de reiteramos o pedido. O atual constrangimento do crescimento do IPCB reside, em parte, neste aspeto.

O IPCB faz parte de um consórcio com vista à criação de uma universidade europeia. Que expetativas coloca nessa estrutura?

Integrar uma Universidade Europeia dará uma nova dimensão ao IPCB. Fazemos parte de uma Aliança com 88 mil alunos, que pretende criar um campus único com formações comuns, com a partilha de recursos, com a resposta inovadora aos desafios das regiões onde as instituições estão inseridas. A BAUHAUS4EU, nove da aliança, irá facilitar a mobilidade dos estudantes, docentes e não docentes. A possibilidade de diplomas conjuntos permitirá que os estudantes tenham a sua formação num consórcio de parceiros da rede e que os docentes encontrem e partilhem projetos de investigação em áreas afins. O tecido empresarial e entidades parceiras poderão beneficiar da aliança na resposta aos desafios territoriais, muitas vezes comuns entre os parceiros da rede, devido às semelhanças das realidades locais. Além de tudo, a Universidade Europeia pretende ser um exemplo da implementação dos objetivos da New European Bauhaus, focados em princípios de sustentabilidade e integração, e devem ser pilares para todas as atividades desenvolvidas, motivando a mudança para uma sociedade que partilhe os valores europeus.

Quando entrará em funcionamento?

Após a candidatura realizada em janeiro de 2023, que mereceu o selo de excelência da Comissão Europeia, que comprova a qualidade da Aliança BAUHAUS4EU, e que só não recebeu financiamento devido à falta de orçamento da União Europeia, estamos a realizar esforços para a 2º candidatura em janeiro de 2024 com vista á obtenção de financiamento. Desde janeiro de 2023 estamos a realizar projetos conjuntos com os parceiros, através de recursos próprios, como, por exemplo, blended intensive programmes, mobilidades, workshops e cursos online, assim como fóruns, além de rever o processo de avaliação no sentido de aumentar a resposta da candidatura às exigências destes projetos. Contamos, em julho de 2024, conseguir o financiamento que irá permitir a concretização plena dos nossos objetivos e a implementação da nossa Universidade Europeia, a BAUHAUS4EU.

Outro consórcio é o A23. Que balanço faz dessa aposta? Está a corresponder às expectativas?

Foi uma aposta completamente ganha. A Rede Politécnica A23 (A23 Polytechnic Network) é um projeto que visa estabelecer uma rede temática de ensino superior, formação ao longo da vida e investigação aplicada nas áreas da Proteção de Pessoas e Bens e das Competências Digitais. É um projeto inserido no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) em resposta ao programa impulso jovem e impulso adultos. As tês instituições (Politécnico de Castelo Branco – entidade líder, o Politécnico da Guarda e o Politécnico de Tomar) têm em marcha sua oferta formativa ao nível de Microcredenciações, Cursos Técnicos Superiores Profissionais e Pós-graduações. Estou absolutamente convencido que em todas as instituições da rede vão ser atingidos os objetivos assumidos na candidatura.

Aquisição de equipamentos tem vindo decorrer com normalidade e as obras também são uma realidade nas três instituições que integram a rede.

No último ano letivo o Parlamento aprovou a alteração da designação dos politécnicos para universidade e a possibilidade de atribuírem doutoramentos. Quando é que isso será plenamente concretizado?

Atualmente já podemos usar a designação em inglês de “Polytechic University”. A utilização da designação em língua portuguesa estará dependente da revisão do regulamento jurídico das instituições de ensino superior.

Quanto à possibilidade da atribuição do grau de doutor, essa, já é uma realidade. O Politécnico de Castelo, juntamente com o Politécnicos de Coimbra, Viseu e Santarém está a preparar a submissão de uma proposta.

Ao nível de doutoramentos, que áreas o IPCB pode abraçar? A aposta será através de parcerias com outras IES como acontece já com alguns mestrados?

Claramente que a aposta deverá ser em parceria com outras instituições de ensino superior. Presentemente estamos a preparar a submissão de um programa de doutoramento na área Sustentabilidade Agroalimentar e Ambiental, que visa formar massa crítica e profissionais de alto nível com competências para apoiar o desenvolvimento de áreas rurais em regiões que enfrentam alterações climáticas e socioeconómicas, como é o caso da Região Centro portuguesa, que é particularmente vulnerável. O Programa de Doutoramento está inserido no CERNAS - Centro de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade, que é uma unidade de investigação reconhecida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e da qual o IPCB tem uma unidade de gestão.

Além desta área, o foco atual é a articulação dos nossos investigadores, que já se encontram agrupados em Unidades de Investigação e Desenvolvimento do IPCB, com investigadores de outras unidades de investigação de diversas instituições de ensino superior no sentido de se criarem estruturas robustas e que se consubstanciarão em novas, ou revistas, unidades de investigação a submeter ao processo de avaliação da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Estas novas unidades de investigação e desenvolvimento, resultantes da rede, permitirão suportar doutoramentos em diferentes áreas, como a educação e património, o desporto, a informática, as comunidades envelhecidas, entre outras.  

O modelo de financiamento das IES por parte do OE vai ser alterado. Está salvaguardada a equidade entre IES e Sub-sistemas? As especificidades das IES são tidas em conta?

A dotação orçamental inicial do IPCB para 2014 foi de 20 milhões 084 mil 290 euros, sendo que o valor já é um reflexo da fórmula prevista no novo modelo de financiamento. Comparativamente com a dotação orçamental ajustada de 2023, verifica-se um aumento de 3,1%. Este aumento apoiará, fundamentalmente, o cumprimento da instituição no ano 2024 no que se refere obrigações relacionadas com aumentos e valorizações salariais e suportar os aumentos dos custos de funcionamento, com particular destaque para os custos de energia, onde a taxa de inflação tem sido muito elevada.

O modelo de financiamento novo tem em linha de conta exclusivamente o número de estudantes e considera a utilização de ponderações diferenciadas entre subsistemas, politécnico e universitário (as ponderações servem para medir o custo com cada estudante em função da respetiva área de formação). Tal abordagem revela-se incorreta uma vez que os custos de funcionamento dos politécnicos e das universidades não são diferentes. Ao existirem diferenças nos ponderadores (considera-se que para a mesma área de formação o custo inerente nas universidades é maior do que nos politécnicos) está a promover-se uma discriminação negativa dos politécnicos e, obviamente, das suas comunidades académicas. Por outro lado, não são conhecidos os dados concretos subjacentes ao cálculo do valor das ponderações, diferentes entre politécnicos e universidades, para as mesmas áreas de formação.

Acresce que o modelo de financiamento não considera qualquer mecanismo de compensação destinado às instituições de menor dimensão e localizadas em territórios de menor pressão demográfica. Existem custos fixos de funcionamento que, pelo conceito que lhes é subjacente, não dependem do número de estudantes inscritos em cada instituição. O potencial ganho implícito a economias de escala encontra-se, naturalmente, limitado nas IES mais pequenas e com maior dificuldade de crescer. Um fator de majoração do peso dos estudantes das instituições que cumpram o critério de localização em territórios de baixa pressão demográfica e que consequentemente têm custos de contexto associados a essa condição, deveria ser considerado no modelo de financiamento, a bem da coesão territorial. 

O IPCB está a fazer fortes investimentos no seu campus. O que está em curso e qual o objetivo?

Encontram-se presentemente em curso obras de requalificação nas Escolas Superiores de Educação e Agrária. Na Escola Superior de Educação, a intervenção foca-se na requalificação do átrio, auditório, casas de banho e duas salas de aula. Na Escola Superior Agrária, a obras decorrem ao nível do auditório 2, zona do refeitório, casas de banho, laboratório de sistemas de informação geográfica e sala de aula contígua ao laboratório. Trata-se de um investimento que ronda um milhão de euros e onde a dimensão sustentabilidade foi assegurada. A conclusão das obras está prevista para fevereiro de 2024.  

Vão ser feitos mais investimentos?

No âmbito de candidaturas PRR relacionadas com melhoria da eficiência energética, o IPCB viu aprovadas 3 candidaturas, que totalizam 5,5 milhões de euros, relativas aos edifícios da Escola Superior Agrária, da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias e da Escola Superior de Tecnologia. De momento estão a ser elaborados projetos de execução, prevendo-se lançamento de empreitada até ao final do ano.

Na Escola Superior Agrária, a intervenção contempla a aplicação de isolamento térmico em paredes exteriores e a aplicação de teto falso com isolamento térmico, assim como a instalação de novas luminárias LED e de bombas de calor mais eficientes para climatização. Está ainda prevista a instalação de sistemas de produção de energia elétrica com painéis fotovoltaicos para autoconsumo. No que concerne à eficiência hídrica, serão instalados dispositivos de uso de água mais eficientes e sistemas de monitorização para a redução de perdas de água e controlo de consumos.

A intervenção na Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias prevê a substituição de todas as luminárias e a instalação de equipamentos do tipo bomba de calor e de um sistema solar fotovoltaico autónomo para autoconsumo. A nível da eficiência hídrica está prevista a calibração dos atuais autoclismos de descarga dupla, a instalação de torneiras temporizadas, a substituição de chuveiros e a calibração dos caudais dos urinóis.

Já na Escola Superior de Tecnologia (ESTCB) serão substituídas todas as luminárias, instaladas novas coberturas com isolamento térmico e a aplicado isolamento térmico em paredes exteriores. Os chillers existentes e os equipamentos de ventilação e renovação do ar interior serão substituídos, sendo instalados equipamentos do tipo bomba de calor e uma unidade de produção para autoconsumo. Serão ainda instalados novos equipamentos de maior eficiência hídrica, assim como contadores de água com comunicação dos consumos para plataforma digital.

A par das obras previstas, das quais se prevê que que seja conseguida a classificação Classe A+ para a Escola Superior Agrária e Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias e classificação Classe A para a escola Superior de Tecnologia, a aposta foca-se igualmente em campanhas de sensibilização de toda a comunidade.

Em termos de objetivos, estima-se uma redução anual combinada do consumo de energia primária de 250,5 tep/ano, correspondendo à diminuição anual estimada das emissões de gases com efeito de estufa de 346,1 Toneladas de CO2 equivalente, bem como a redução anual do consumo de água em 1572 m3.

A questão do alojamento para estudantes é decisiva para a escolha e para a concretização das matrículas.  Que dificuldades tem o IPCB  e a cidade nesta matéria?

O alojamento estudantil é uma questão relevante para qualquer instituição de ensino superior e para qualquer cidade acolhedora de estudantes. As residências do IPCB possibilitam uma taxa de cobertura de cerca de 8% sendo uma das maiores taxas de cobertura do país. No entanto, temos presentemente uma enorme procura à qual não conseguimos dar resposta. Os estudantes bolseiros têm prioridade de alojamento e a lista de espera tem crescido significativamente para estudantes não bolseiros.

Relativamente ao alojamento na cidade, a perceção que tenho é que a mesma não abunda e os preços praticados estarão a atingir valores inalcançáveis para muitos estudantes, algo que é compreensível tendo em conta o aumento do custo de funcionamento, particularmente energia, mas também manutenção dos espaços.

O que pode ser feito para ultrapassar esta questão?

Considero que mais e melhor alojamento estudantil em Castelo Branco será um fator diferenciador para o IPCB, seguramente promotor de mais estudantes na Instituição e, em consequência, de mais desenvolvimento na cidade e no concelho de Castelo Branco. Da nossa parte, Politécnico de Castelo Branco, estaremos atentos e preparados para qualquer possibilidade de financiamento para construção de uma nova residência de estudantes.

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