A Universidade de Évora (UÉVORA) apresentou, no dia 12 de novembro, no Auditório Nobre do Colégio do Espírito Santo, a sua estratégia institucional para o uso da Inteligência Artificial (IA), disse ao Ensino Magazine aquela academia.
De acordo com a UÉVORA, a estratégia, necessariamente colaborativa e responsável pela utilização da IA, passa pela constituição de um grupo de trabalho especializado, integrando docentes, investigadores e estudantes; a criação de um referencial comum de orientações para o uso da IA no ensino, aprendizagem e avaliação; a adesão da Universidade de Évora, como instituição piloto, ao Projeto IAedu, coordenado pela FCCN, que visa a democratização do uso da IA no ensino superior e na investigação; a promoção do acesso equitativo a ferramentas de IA; a oferta de formação de docentes e estudantes especificamente focada no uso de IA, a qual já teve início a 5 de novembro; e, por último, a realização de eventos regulares de partilha de práticas que proporcionam condições para a regulação do uso da IA na academia.
Para a reitora da Universidade, “a inteligência artificial é hoje uma presença constante na nossa vida quotidiana”. Hermínia Vasconcelos Vilar adianta que as instituições de ensino superior não podem ignorar o seu impacto nos processos formativos. “Importa compreender a sua abrangência e os desafios que coloca a diferentes níveis. A definição de estratégias para o uso da IA é fundamental, tanto quanto a partilha de práticas entre a comunidade académica”, disse, citada na informação enviada à nossa redação pela UÉVORA.
No entender da reitora, “a realização desta iniciativa reflete o compromisso da Universidade de Évora com uma inovação pedagógica responsável e participada, ancorada na reflexão crítica e na partilha de conhecimento entre toda a comunidade académica. Ao promover momentos de debate e de reflexão sobre o uso ético e criativo da inteligência artificial, a UÉVORA afirma-se como uma instituição atenta aos desafios do seu tempo e empenhada em preparar os seus estudantes e docentes para um futuro em que a tecnologia e a aprendizagem caminham lado a lado”.
A estratégia foi apresentada pela vice-reitora da Educação e Inovação Pedagógica, que coordenou a estratégia institucional para o uso da IA. Citada na mesma nota, Ana Paula Canavarro sublinhou que esta tecnologia está a transformar profundamente a relação com o conhecimento. “A IA coloca-nos perante desafios sem precedentes, que exigem uma resposta organizada e partilhada”.
A concretização desta estratégia vai também ao encontro da responsabilidade institucional da própria academia face a novos desafios. “Hoje, muitas profissões já exigem dos jovens a capacidade de utilizar ferramentas de inteligência artificial. A Universidade tem, por isso, o dever de garantir que os seus estudantes adquirem essas competências, que são fundamentais para o seu futuro profissional”.
A sessão incluiu duas conferências. Na mesma nota, a UÉVORA informa que a primeira foi dedicada ao tema “Estratégia Institucional para o Uso de IA na UÉ”. Foram apresentadas comunicações de Ana Filipe, Coordenadora da GATE dos Serviços de Informática da UÉVORA, que deu a conhecer o projeto IAedu; de Vítor Nogueira, Pró-Reitor para a Transformação Digital e Ciência Aberta, que abordou as ferramentas de IA em uso na Universidade de Évora e os desafios da deteção automática de conteúdos gerados por IA; de Elisabete Cruz, docente do Departamento de Pedagogia e Educação, que destacou o papel do desenvolvimento profissional docente na integração pedagógica da IA, tendo apresentado exemplos de práticas que promovem a transformação educativa, como a microcredencial “IA na Educação no Ensino Superior”, lançada a 5 de novembro no âmbito do consórcio SAPIEN, na qual participam atualmente 54 docentes da Universidade de Évora; e de Isabel Fialho, Coordenadora do Centro de Inovação Pedagógica (CIP), que apresentou a proposta de referencial de orientações sobre o uso de IA na Educação, elaborado para toda a comunidade académica, que fica em discussão pública, recebendo contributos da academia até dia 12 de dezembro, que reverterão para a produção do documento institucional final. Este documento pretende contribuir para a definição de uma política de utilização da IA no contexto educativo, baseando-se em princípios de coerência pedagógica, transparência, integridade académica, inclusão e monitorização contínua.
A segunda debateu as “Práticas de Ensino com IA na UÉ”. Moderado por Isabel Fialho, reuniu testemunhos de docentes de várias escolas e de um representante estudantil indicado pela AAUÉ. Este painel promoveu a partilha de experiências concretas de uso da IA nas práticas letivas que já vêm sendo feitas, permitindo refletir sobre os desafios éticos, pedagógicos e organizacionais associados à adoção desta tecnologia no ensino superior.