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Universidade Movimento Auditoria Cidadã quer combater asfixia no ensino superior

10-02-2025

O movimento nacional Auditoria Cidadã foi apresentado hoje, em Vila Real, e tem como objetivo debater, refletir e expor situações que atualmente afetam o ensino superior em Portugal, como o assédio laboral, avaliações ou progressões na carreira.

“Pretendemos juntar um grupo de pessoas que audite o ensino superior, que ponha a mão na massa e que exponha, se for necessário, e que denuncie, se for necessário, as questões que acontecem no ensino superior”, afirmou à agência Lusa Levi Leonido, professor na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Foi na academia transmontana que decorreu esta manhã a primeira reunião da Auditoria Cidadã, que pretende ser um movimento independente, apartidário, sem ligação institucional às universidades, ao Estado ou sindicatos e que “quer combater a asfixia nas universidades, onde as pessoas têm medo de falar”.

Levi Leonido apontou para “problemas gravíssimos” dentro das universidades, a nível do assédio laboral, no acesso às carreiras e progressões, processos de avaliação de professores ou funcionários.

O responsável classificou a problemática do assédio laboral “como brutal a todos os níveis” e referiu que “as progressões internas fizeram injustiças pelo país todo”.

“Situações que são brutalmente desconfortáveis, e que não deviam ter lugar na academia, estão a acontecer só que não passam para a opinião pública”, referiu, salientando que a sociedade portuguesa “tem uma ideia errada da universidade” que, na sua opinião, “não é um espaço de liberdade”.

Em outubro, na UTAD estalou a polémica depois do reitor Emídio Gomes ter dito saber tudo sobre os seus professores, tendo então docentes, sindicatos e partidos políticos criticado o que classificaram como uma vigilância e perseguição.

Na altura, através de um comunicado interno, o reitor disse que em nenhum momento interferiu, ou interfere, com qualquer docente da UTAD.

Levi Leonido disse ter uma “visão muito realista” do ambiente que se vive nas instituições de ensino superior e que recebe mensagens e queixas de todo o país.

E, frisou, este movimento nasce porque não há, neste momento, qualquer estrutura que ouça essas pessoas e que proponha soluções aos decisores políticos ou aos gestores das universidades e politécnicos.

Na sua opinião, os canais de denúncia que já foram criados em algumas intuições não funcionam “porque todos sabem quem gere essas plataformas, como se gerem e quem tem acesso privilegiado a elas”.

A iniciativa junta Levi Leonido, da UTAD, e Paulo Seixas, professor da Universidade de Lisboa e quer agregar docentes e funcionários de instituições do superior de todo o país.

“Este movimento tem pessoas de todos os quadrantes políticos e a pensar da forma mais diversa”, referiu, reforçando que se trata de uma iniciativa apartidária, mas “plural e eclética”.

A universidade, frisou, “não pode ser um repositório de favores”, um espaço onde as pessoas sabem que “cada palavra que dizem tem um preço”.

“A universidade portuguesa, esta e as outras, precisam de respirar democracia”, defendeu Levi Leonido.

Durante o fórum inaugural do movimento foi discutido e votado um documento sobre os seus objetivos e propostas e foi debatido o futuro das universidades.

Posteriormente, a Auditoria Cidadã percorrerá instituições do ensino superior (universidades e politécnicos) de natureza pública e privada, para aferir, recolher e debater soluções.

Lusa
UTAD
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