Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver uma base de dados e modelos avançados de visualização para prevenir colisões em órbita, disse ao Ensino Magazine aquela academia.
Liderado pela Neuraspace e financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o projeto “Neuraspace - AI FIGHTS SPACE DEBRIS” inclui a criação de ferramentas que permitem aos operadores de satélites antecipar e evitar colisões, otimizando processos através de Inteligência Artificial (IA) e modelos de Machine Learning (ML) de última geração.
Citado na nota enviada à nossa redação, Nuno Lourenço, docente do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da FCTUC e investigador do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC), refere que "estas ferramentas não só reduzem falsos alertas e manobras desnecessárias, poupando cerca de 25 mil euros por manobra, como também aumentam a eficiência, prolongam a vida útil dos satélites e permitem tomadas de decisão rápidas e seguras. Este desenvolvimento é essencial num setor em rápida expansão e que exige soluções tecnológicas avançadas para garantir a segurança e a sustentabilidade das operações espaciais".
Aquele responsável adianta que "a FCTUC desempenha um papel relevante neste projeto, desenvolvendo a base de dados necessária para armazenar e processar grandes volumes de informação. Esta infraestrutura será essencial para disponibilizar aos utilizadores da Neuraspace dados em tempo real, permitindo decisões rápidas e informadas».
A plataforma desenvolvida pela Neuraspace integrará estas ferramentas num produto autónomo, acessível a operadores de satélites e instituições como a ESA ou a NASA, ajudando a mitigar os riscos de colisão no espaço. A maior precisão das manobras controladas por IA, a economia de combustível e a criação de um ambiente operacional mais sustentável são algumas das vantagens desta plataforma.
Adicionalmente, continua Nuno Lourenço, «a FCTUC está a criar modelos avançados de visualização para apresentar informações multidimensionais de forma intuitiva. Este trabalho garante que os operadores possam interpretar os dados de maneira eficiente e tomar decisões críticas em segundos».
Neste momento, os resultados já são tangíveis. O serviço de visualização de dados, está já em fase de testes pela Neuraspace e integra os modelos desenvolvidos pela equipa da FCTUC. O do sistema de recolha e processamento de dados está também, em fase de conclusão, com estudos realizados para selecionar os fornecedores mais vantajosos.
«Com o aumento exponencial de satélites em órbita, o risco de colisões também cresce, tornando este tipo de soluções indispensável. Tal como acontece nas estradas, no espaço, os acidentes podem causar danos significativos aos satélites e impactar a sustentabilidade das operações espaciais. O “Neuraspace - AI FIGHTS SPACE DEBRIS” posiciona-se assim como uma resposta inovadora e indispensável para os desafios do futuro do espaço», conclui Nuno Lourenço.