A nova forma de pensar o audiovisual contemporâneo é debatida na obra ‘A qualidade e a competência midiática na ficção seriada contemporânea no Brasil e em Portugal’, lançada na coleção Humanitas, do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC) da Universidade do Algarve, pela Grácio Editor (Portugal).
Segundo Gabriela Borges, professora da Universidade do Algarve (Portugal), colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora e coordenadora do Observatório da Qualidade no Audiovisual, a discussão sobre a qualidade de um produto audiovisual estava centrada anteriormente no modo como ela era pensada por seus criadores.
"Esse fluxo, que começa a ser gerado a partir das empresas de mídia, permite agora o engajamento do público de forma direta. Entender como a experiência estética se dá nas redes sociais, como é que esse público interage, comenta e cria conteúdo é o que estamos tentando perceber", afirma. E destaca que, além da produção, a proposta é pensar também a circulação - como as empresas distribuem e divulgam o conteúdo através das redes sociais - e o consumo – como o público se apropria dessas obras.
A investigadora afirma que o audiovisual de qualidade tem potencial de desenvolvimento de competências importantes relacionadas à mídia. "Como os roteiristas e os diretores estão trabalhando elementos dessa série, que de certo modo estimulam o público a completar as lacunas, a pensar sobre assuntos que de repente ainda não tinha pensado, a produzir conteúdos a partir do que vê na tela como, por exemplo, no caso das fanfics. São perguntas que buscamos respostas com essa nova proposta".
O livro atualiza os estudos em qualidade audiovisual, trazendo a perspetiva da competência midiática para além de como os espetadores consomem o conteúdo. A investigadora afirma que "de certo modo, ao desenvolver habilidades relacionadas à competência midiática, uma série ficcional também apresenta caraterísticas de qualidade que não estão relacionadas apenas à sua criação, mas também ao modo de circulação de conteúdos e ao modo de fruição que seria essa nova forma de experiência".