Alinhado com o princípio “Aprender a viver juntos”, o Agrupamento de Escolas de Oliveira do Hospital (AEOH) tem apostado no desenvolvimento de uma educação intercultural e inclusiva, valorizando não apenas o conhecimento, mas também a diversidade e a integração social.
A educação é um processo fundamental para a formação das capacidades humanas, sendo um dos pilares essenciais para o desenvolvimento individual e coletivo. Ao proporcionar conhecimento e competências, a educação permite que os indivíduos ampliem as suas oportunidades e se tornem agentes ativos na sociedade. No contexto da inclusão de migrantes, a escola assume um papel determinante na integração social e cultural, promovendo a igualdade de oportunidades e preparando os jovens para um futuro mais digno e autónomo.
Não há desenvolvimento sem que o ser humano seja o centro desse processo, considerava Amartya Sen. Por isso, a realização pessoal dos indivíduos e a sua felicidade, ou seja, o seu bem-estar e desenvolvimento, estão cada vez mais relacionados com o fortalecimento das liberdades e com a melhoria de vida dos indivíduos, considerando que a felicidade humana tem um importante papel neste processo.
O Agrupamento de Escolas Oliveira do Hospital (AEOH) tem desempenhado um papel fundamental na integração de jovens migrantes de diversas nacionalidades — atualmente, vinte e sete — que chegam a Portugal em busca de novas oportunidades. Entre os alunos recentes, destacam-se Saikou, de 17 anos, e Essa, de 18, ambos oriundos da Gâmbia. A sua infância foi marcada pelo trabalho precoce. Essa, sempre trabalhou na agricultura e por isso não foi à escola e Saikou começou na pesca aos seis anos, tendo frequentado a madraça durante 3 anos.
Em busca de melhores condições de vida, partiram para a Europa atravessando o Mediterrâneo em embarcações precárias, arriscando tudo. Saikou recorda que, durante a viagem, vinte e oito pessoas perderam a vida ao beberem água do mar devido à sede extrema. A primeira paragem foi em Santa Cruz de Tenerife, Espanha, onde foram acolhidos e encaminhados para centros de apoio. Posteriormente, foram transferidos para Portugal, sem saberem que o destino os voltaria a unir. Foi em Oliveira do Hospital que os seus caminhos se cruzaram novamente, e no AEOH encontraram não apenas uma escola, mas uma comunidade que os ajuda na construção de um futuro melhor.
Atualmente, ambos são alunos do ensino profissional neste Agrupamento de Escolas, e apesar das barreiras linguísticas, por apenas falarem mandinga, eles esforçam-se diariamente para aprender português para que possam adquirir competências que lhes permitam concretizar os seus sonhos: trabalhar, ganhar estabilidade e reunir as suas famílias.
O AEOH tem sido por isso uma referência na promoção da educação inclusiva, garantindo que jovens como Saikou e Essa, tenham não só acesso à aprendizagem, mas também ao acolhimento e ao respeito pela sua identidade cultural. Através do ensino de Português Língua Não Materna e de iniciativas interculturais, a escola tornou-se uma ponte para um novo começo, para muitos, reafirmando a educação como um direito fundamental para todos.