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Eduardo Marçal Grilo lança novo livro “Salazar e a educação no Estado Novo”

20-02-2023

Eduardo Marçal Grilo, ministro da Educação no primeiro Governo chefiado por António Guterres, regressou ao antigo Liceu de Castelo Branco, para apresentar o seu novo livro “Salazar e a Educação no Estado Novo”, uma tarefa que esteve a cargo do diretor do Agrupamento de Escolas Nuno Álvares, António Carvalho.
“O Liceu foi sempre para mim a segunda casa. Ouvia, na minha cama, a campainha”, começou por referir numa sessão que foi também uma lição. A obra apresenta-nos uma visão, distanciada e sem constrangimentos políticos ou ideológicos, sobre a educação durante aquele período da vida portuguesa.
O livro “cobre as políticas educativas do período liderado por Oliveira Salazar”, justificou o autor, lembrando que escrever “sobre o Estado Novo não é uma tarefa fácil. Hoje em dia os políticos estão permanentemente a emitir opiniões, na altura tudo era escasso. Não é fácil encontrarmos opiniões de Oliveira Salazar sobre educação. Aliás, ele não tem um único discurso sobre essa matéria”.
A obra apresenta sobretudo contributos, evidenciando ministros da instrução e educação, entre 1933 e 1968, com especial relevo para Carneiro Pacheco, “que tinha sido professor de Oliveira Salazar, estando no governo entre 1926 e 1940. Era claramente um homem do eixo pró-nazi. Oliveira Salazar achou por bem libertar-se dele e colocou-o no Vaticano”; Mário Figueiredo, “um dos maiores amigos de Oliveira Salazar, que executou o plano de Carneiro Pacheco”; Pires de Lima, “um conservador reformista, com sensibilidade para o ensino técnico”; Leite Pinto, “que ao contrário de todos os outros ministros, não veio de Coimbra, mas que voltou a colocar a escolaridade obrigatória nos quatro anos (embora apenas para rapazes). Isto porque na Primeira República a escolaridade obrigatória era de cinco anos, regredindo, com a sua queda, para os três anos. E esta é uma das razões do nosso atraso”; e Galvão Teles, “que prolongou o ensino obrigatório para seis anos, socorrendo-se da tele-escola. Teve a visão da importância que a televisão poderia ter na educação”.
Marcelo Rebelo de Sousa, autor do prefácio, diz que “o autor demonstra por que razão a educação foi um dos flagrantes fatores de retardamento nacional, entre os anos 30 e 60, apesar dos esforços meritórios de alguns, visionários ou arrojados”.
O Presidente da República, que esteve presente no lançamento do livro, na Fundação Calouste Gulbenkian, no final do ano passado, destacou a forma como exerceu o cargo de Ministro da Educação. “Muitas pessoas só perceberam o grande ministro que foi, anos depois de ter deixado o cargo”, lembrando, citado pela Agência Lusa, que “num país em que normalmente o comum das figuras com alguma notoriedade pública tem um ego superior à sua efetiva realidade, ele é o contrário. É uma pessoa que se apaga, de uma humildade impressionante, de uma discrição única”.

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