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Bocas do galinheiro João Salaviza em Cannes

20-04-2023

No dia em que escrevemos este texto, 16 de Abril, abre a 76ª Edição Festival de Cannes, que juntamente com Veneza e Berlim, forma a tríade dos festivais mais importantes. E há um português em competição. João Salaviza que com Renée Nader Messora, cineasta brasileira, assinam A Flor do Buriti, na secção “Un Certain Regard”.

De acordo com a sinopse o filme “atravessa os últimos 80 anos dos Krahô, dando a conhecer ao espectador um massacre ocorrido em 1940, onde morreram mais de dezenas indígenas, perpetrado por dois fazendeiros da região, as violências praticadas naquele momento continuam a ecoar na memória das novas gerações”.  Esta obra tal como a anterior, Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos (2018), dos dois realizadores, distinguida com o prémio especial do júri no Festival de Cannes em 2018, foi rodado na terra indígena Kraholândia. Nesta secção a dupla luso-brasileira irá competir com os filmes The Breaking Ice, de Anthony Chen, The Delinquents, de Rodrigo Moreno, Goodbye Julia, de Mohammed Kordofani, Hopeless, de Kim Chang-hoon, How to Have Sex, de Molly Manning Walker, If Only I Could Hibernate, de Zoljargal Purevdash, Les Meutes, de Kamal Lazraq,  The Mother of All Lies, de Asmae El Moodier, The New Boy, de Warwick Thornton, Omen, de Baloji Thasiani, La Regne animal, de Thomas Cailley, Rien à perdre, de Delphine Deloget, Rosalie, de Stéphanie Di Giusto, The Settlers, de Felipe Galvez, Simple comme Sylvain, de Monia Chokri e Terrestrial Verses, de Ali Asgari e Alireza Khatami. Boa sorte, é o que lhes desejamos. O certame encerra a 27 de Abril.

A importância do Festival de Cannes é por demais conhecida, não estranhando que nomes fortes da sétima arte escolham o certame para estreias de obras suas e este ano não é excepção. Assim, fora de competição vão estrear Cobweb, de Kim Jee-woon, The Idol, de Sam Levinson, Indiana Jones and the Dial of Destiny, de James Mangold, o quinto filme da saga e o primeiro sem realização de Steven Spielberg, claro que vai lá estar Harrison Ford, o que é sempre um trunfo, ao lado de, entre outros, Antonio Banderas, Phoebe Waller-Bridge e Mads Mikkelsen e, ainda, Killers of the Flower Moon, o mais recente de Martin Scorsese, com dois pesos pesados do núcleo duro do cineasta, Robert De Niro e Leonardo DiCaprio.

Já no que diz respeito aos filmes em competição, estamos perante uma lista distinta, onde constam alguns galardoados em edições anteriores. Mais uma vez filmado na Anatólia, o turco Nuri Bilge Ceylan, várias vezes premiado em Cannes, regressa com um dos seus filmes mais ambiciosos About Dry Grasses, ao passo que Wes Anderson, nomeado em 2012 e 2021, concorre com Asteroid City, com uma chuva de estrelas onde pontifica Tom Hanks, na sua primeira colaboração com o realizador para além de Scarlet Johansson ou Tilda Swinton; Aki Kaurismaki, Fallen Leaves, a quarta parte da Trilogia do Proletariado, antecedido de Sombras no paraíso (1986), Ariel (1988) e A Rapariga da Fábrica de Fósforos (1990), o finlandês é também um dos crónicos nomeados em Cannes, já com alguns prémios na bagagem; do lado italiano dois consagrados, Marco Bellocchio, com várias nomeações e a Palma de Ouro Honorária em 2021, regressa com Rapito, a história um rapaz judeu que em 1858 é raptado e forçado a converter-se ao catolicismo e  Nanni Moretti que já arrebatou a Palma de Ouro em 2001 com O Quarto do Filho, volta este ano com Il sol dell’avvenire, ao lado do francês Mathieu Amalric e Margherita Buy; o também já vencedor da Palma de Ouro, por Brisa de Mudança em 2006 e Eu, Daniel Blake em 2016, o inglês  Ken Loach,  trás este ano The Old Oak, sobre o desaparecimento do único pub numa povoação também ela a perder população devido ao encerramento das minas, ou seja, mais uma incursão do cineasta nas questões sociais que atravessam a sociedade inglesa.

Para além destes, mereceram a atenção do júri de selecção, Anatomie d’une chute, de Justine Triet, Banel et Adama, de Ramata-Toulaye Sy, La chimera, de Alice Rohrwacher, Club Zero, de Jessica Hausner, L’Été dernier, de Catherine Breillat, Firebrand, de Karim Ainouz, Four Daughters, de Kaouther Ben Hania, May December, de Todd Haynes, Monster, de Hiokazu Kore-eda, La Passion de Dodin Bouffant e Tran Anh Hung e The Zone of Interest, de Jonathan Glazer.

Noutras secções vão ainda passar entre outros, filmes de Victor Erice, Cerrar los ojos; Kubi, de Takeshi Kitano, Anselm, de Wim Wenders, Man in Black, de Wang Bing e Occupied City, de Steve McQueen.

Um festival a ser seguido com muita atenção.

Até à próxima e bons filmes!

Luís Dinis da Rosa

Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico

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