O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) lidera um consórcio europeu para desenvolver soluções digitais para reduzir a bioincrustação no casco das embarcações e para garantir a segurança e a sustentabilidade socioeconómica das comunidades piscatórias.
Os dois projetos vão ser lançados, no final de outubro, no terceiro e último programa de aceleração do consórcio ADT4Blue, cofinanciado pelo programa Interreg Atlantic Area com 3,1 milhões de euros para promover a inovação tecnológica, a digitalização e a sustentabilidade no setor marítimo.
“O projeto ADT4Blue está no seu último ano de execução e a segunda ‘open call’ alcançou excelentes resultados que permitiu ao IPG criar pontes com organizações e iniciativas que partilham a nossa missão de impulsionar a Economia Azul”, afirma Pedro Fonseca, investigador do projeto, citado num comunicado enviado à agência Lusa.
O ADT4Blue - Tecnologias Digitais Avançadas para a Economia Azul já selecionou “30 a 40 projetos para integrar o programa de aceleração, que oferece formação especializada, mentoria individualizada, workshops de empreendedorismo, eventos de networking e acesso a oportunidades de financiamento, refere o IPG.
No final de outubro será lançada a terceira e última ‘open call’ do projeto.
O objetivo é “chegarmos a agosto de 2026 com a certeza de termos dado um contributo sólido para o avanço da digitalização da economia azul na Europa atlântica”, acrescentou.
Para Joaquim Brigas, presidente do IPG, também citado na nota, “esta fase do projeto evidencia o compromisso do consórcio em promover soluções digitais avançadas que respondam a desafios concretos nos domínios da sustentabilidade marítima, eficiência energética e valorização das comunidades costeiras”.
As soluções digitais para reduzir a bioincrustação no casco das embarcações e os seus efeitos, bem como a inovação para garantir a segurança e a sustentabilidade socioeconómica das comunidades piscatórias foram divulgadas num ‘webinar’, realizado no início de outubro e serão apresentadas no final do mês.
No primeiro caso, trata-se de promover um transporte marítimo mais verde, eficiente e competitivo, já que os processos de desincrustação existentes são pouco eficientes e causadores de poluição.
O fenómeno "consiste na acumulação de organismos nos cascos das embarcações, a qual provoca o aumento significativo do arrasto e do consumo de combustível das embarcações, contribuindo para maiores emissões de CO₂ e custos operacionais elevados”, adianta o IPG.
O outro desafio assenta na criação de ferramentas digitais para proporcionar às comunidades costeiras “um acesso fácil e em tempo real a dados críticos como as condições meteorológicas, movimentação de cardumes e preços de mercado de diferentes espécies de pescado”, indica o IPG.
“Estas soluções digitais permitem fortalecer a segurança, a resiliência e a sustentabilidade económica da pesca artesanal no seio destas comunidades, especialmente perante os efeitos das alterações climáticas e da pressão sobre os stocks de recursos marinhos”.
A equipa do ‘ADT4Blue’ já está a preparar o lançamento da terceira e última ‘open call’, que reunirá mais de dez desafios inovadores, com candidaturas abertas até 31 de dezembro, convidando empreendedores, ‘startups’ e centros de investigação a apresentarem soluções tecnológicas que promovam a transição verde e digital da Economia Azul.
O projeto ‘ADT4Blue’ envolve 13 parceiros, como o IPG, os portos de Aveiro e da Figueira da Foz, a INOVA-RIA – Rede de Inovação em Aveiro, o Centre National de la Recherce Scientifique (França) e a associação Accent Sud (França).
Da Irlanda participam o CeADAR – Ireland’s Centre for AI, o F6S Network e o Data Science Institute da Universidade de Galway.
A projeto conta ainda com o Cluster GAIA – Association of Knowledge and Applied Technologies Industries, o Urola Kostako Udal Elkartea; a ESTIA – School of Engineering e Universidad de Deusto, todos no País Basco (Espanha).