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Politécnico Luís Loures diz que alterações ao concurso nacional de acesso ao ensino superior trazem mais desigualdade ao país

24-10-2025

O presidente do Politécnico de Portalegre, Luís Loures, considera que as alterações adotadas este ano para o concurso nacional de acesso ao ensino superior acentuam as desigualdades do país. Durante a tomada de posse para o seu segundo mandato, realizada no passado dia 22 de outubro, criticou o discurso político.

Luís Loures deu como exemplo duas medidas que prejudicam as instituições do interior do país. "Por um lado, a alteração ao modelo de acesso ao ensino superior, que este ano teve o impacto gravoso que todos conhecemos, com quebras no número de estudantes colocados através do Concurso Nacional de Acesso, que em algumas instituições atingiram os 30 e os 40%; Por outro, aos sucessivos despachos de vagas que não têm sido capazes de estancar o progressivo aumento de vagas em Lisboa e no Porto, acentuando ainda mais as desigualdades entre o litoral e o interior, a reboque de um conjunto de medidas travestidas de excelência e de qualidade, e que no final do dia vão servindo apenas para asfixiar ainda mais as instituições de menor dimensão".

O também vice-presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos considera que "é preciso que quem se senta em lugares de decisão perceba o conceito de relevância, perceba que as universidades são os seus alunos, e que se não tivermos alunos de nada nos valerá ter uma investigação de excelência, incubadoras de ponta, ou mesmo os melhores modelos pedagógicos de ensino-aprendizagem".

Numa intervenção dura e virada para o futuro, Luís Loures considerou que "de nada nos valem os sucessivos discursos e referências políticas ao extraordinário trabalho que os Politécnicos têm desenvolvido em prol da coesão territorial e do desenvolvimento do País; De nada nos valem os elogios públicos e as referências à relevância dos Politécnicos para a coesão territorial; De nada nos vale que se criem ministérios e que se apresentem programas de governo onde a coesão territorial é referida mais de 20 vezes de forma reiterada e consecutiva, se depois se permite que se implementem medidas que funcionam como autênticos garrotes à sustentabilidade e ao desenvolvimento das instituições presentes nestes territórios, que quer se queira ou não, continuam a ser o principal contribuinte líquido da atratividade e da fixação de jovens no interior do país".

"Para que possamos continuar a ser relevantes e contribuir para o desenvolvimento das nossas regiões e para a coesão territorial, precisamos de estabilidade... precisamos de estudantes, precisamos de políticas que garantam a equidade, e precisamos que não se permita, que ano após ano se ampliem as desigualdades e se promovam medidas que liberalizem o crescimento de vagas nas grandes cidades! Somos à data o país que apresenta a maior concentração de vagas nas suas duas principais cidades. Só Lisboa e Porto, representam hoje mais de 50% do número total de vagas que anualmente são disponibilizadas via Concurso nacional de Acesso. E é também por isso que importa destacar que, se a alteração da forma de ingresso via concurso nacional de acesso foi um duro golpe à sustentabilidade das instituições de ensino superior do interior do país, a liberalização do crescimento das vagas, ou a já alvitrada eliminação dos numerus clausus, ditará, por asfixia, o fim de muitas destas instituições", referiu Luís Loures.

Para aquele responsável, "ao contrário do que se tenta fazer crer, o problema não está nos estudantes que têm que se deslocar das grandes cidades para o interior. O problema é exatamente o oposto! Mais estudantes no litoral representam mais despesa, maiores problemas de alojamento estudantil, mais investimento público e mais financiamento, em contraponto, no interior mais estudantes significam apenas que nos permitem continuar a aproveitar a capacidade instalada, a ser relevantes para o país e a contribuir para a sustentabilidade das regiões".

No seu discurso, o reconduzido presidente do Politécnico de Portalegre, lembrou que "este ano, mais uma vez, mais de 80% dos estudantes que ingressaram no Politécnico de Portalegre através do Concurso Nacional de Acesso, são oriundos de fora do distrito. Estes dados reforçando naturalmente o nosso papel na região, mostram-nos que estamos perante um cenário em que a sustentabilidade do crescimento, só será possível com o apoio e contributo de todos. É este o desafio que quero aqui endereçar aos nossos parceiros e a todas as entidades públicas e privadas que nos honram com a sua presença nesta cerimónia; um desafio que continua a carecer em particular de um compromisso forte por parte dos nossos autarcas. Precisamos de cidades que sejam cada vez mais atrativas para os jovens, com mais e melhores ofertas culturais, com mais e melhores apoios aos estudantes, com instalações e infraestruturas que potenciam a prática desportiva, o contacto com a natureza e a vitalidade sociocultural... pois só desta forma, será possível dar resposta à visão na qual se centra o plano de ação apresentado ao conselho geral, para ao quadriénio 2025-2029, sob o mote – Universidade Politécnica 2030 – Construir o Futuro AQUI!".

Um plano que, diz, "à semelhança do que que fizemos nos últimos quatro anos, tem como principais objetivos o compromisso com as pessoas, com a qualidade, com a diversificação e reforço da atratividade da oferta formativa, com a investigação, a inovação, o empreendedorismo e com a valorização do conhecimento".

Luís Loures recordou o trabalho efetuado nos últimos anos. "mesmo em contraciclo com a despovoamento territorial do distrito de Portalegre, que infelizmente ao longo dos últimos 4 anos, continua em linha com os dados dos últimos sensos segundo os quais o distrito de Portalegre perdeu mais de 10% da sua população, uma quebra de 13 mil 517 pessoas, que faz com que sejamos hoje pouco mais de 100 mil habitantes no distrito, fomos capazes de continuar a crescer. Em 8 anos crescemos no número de estudantes, passando de 1800 para mais de 3200 alunos; crescemos no número de projetos e no respetivo financiamento, passando de 1,6 para mais de 35 Milhões de Euros; Incubámos mais de 40 empresas e criámos mais de 140 postos de trabalho. Mostrámos que o investimento no Politécnico de Portalegre continua a ser um investimento seguro que permite afirmar a região, e contribuir para o seu desenvolvimento".

Na cerimónia tomou posse a restante equipa da presidência, a saber: Fernando Rebola (vice-presidente); Maria José Ascensão, Artur Romão, Cristina Guerra, Paulo Ferreira, Miguel Serafim (pró-presidentes); Rute Santos, Helena Arco, João Alves e Valentim Realinho (como diretores, respetivamente, das escolas superiores de Biociências (Elvas), Saúde, Educação e ciências Sociais, e Tecnologia, Gestão e Design).

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