O Politécnico de Setúbal (IPS) promoveu, no passado dia 7 de abril, uma conferência, inserida no seu 45.º aniversário, sobre educação e liberdade.
A ocasião foi aproveitada para a presidente do IPS, Ângela Lemos, lembrar que a democracia não é apenas um conceito político, é também uma prática vivida nas relações de aprendizagem e nas dinâmicas de sala de aula”. Isso mesmo defendeu, na sessão de abertura da conferência.
A iniciativa, inserida nas comemorações do 45.º aniversário do IPS, decorreu simbolicamente no anfiteatro da Escola Superior de Educação (ESE/IPS), que celebra também a efeméride dos seus 40 anos. Uma trajetória que Ângela Lemos descreveu como “rica, dinâmica, inovadora e sobretudo fiel ao legado de Abril, que permitiu que a Educação seja hoje um direito universal e não apenas um privilégio restrito a uma pequena elite”.
No seu entender, "51 anos passados sobre a Revolução dos Cravos e depois de várias importantes reformas educativas, importa hoje, acima de tudo, trabalhar para que as portas da Educação continuem a ser abertas a todos, sem exceção, garantindo que as desigualdades sociais, económicas e culturais não sejam barreiras à aprendizagem e ao desenvolvimento”, disse, citada na nota enviada à nossa redação pelo IPS.
João Pires, diretor da ESE/IPS, também na mesma nota, realçou a importância desta reflexão, que cruza dois temas bem caros - “Educação e Liberdade” – a um estabelecimento que é produto do Portugal democrático e cuja razão de ser é formar professores/as e educadores/as.
“Somos um projeto do pós-25 de Abril que a região exigia, mas que não foi desejado pelo poder central”, recordou, assinalando que a ESE/IPS é “fruto de muitos contributos, desejos e expectativas, o que acabou por se materializar neste edifício, projetado por Siza Vieira, onde simbolicamente foi privilegiada a comunicação entre espaços, onde todos nos vemos, onde construímos colaborativamente”.
Ana Maria Pessoa e Cristina Gomes da Silva, duas das oradoras convidadas, são parte integrante desta história. Docente aposentada da ESE/IPS, Ana Maria Pessoa traçou o percurso da Educação em Portugal, antes e após o 25 de Abril, focando-se em “qual deverá ser hoje o papel da escola, nomeadamente no combate às desigualdades que Abril não conseguiu extinguir”.
Seguindo o mesmo raciocínio, Cristina Gomes da Silva, docente e antiga diretora da ESE/IPS, realçou a urgência de defender a escola pública democrática, enquanto espaço onde, além das competências técnicas necessárias, se desenvolvem “cidadãos livres, autónomos responsáveis e solidários”, e também de se “democratizar o sucesso escolar, depois de se ter democratizado o acesso”, garantindo “que não há vencidos, aqueles a quem escola abandonou”.
Por último, Carla Guerreiro, vice-presidente da Câmara Municipal de Setúbal, deixou a perspetiva do poder local sobre o setor, defendendo que a “democratização da Educação deve ser um processo contínuo, que exige o empenho e a responsabilidade de toda a comunidade”. A autarca vincou também que “igualdade de oportunidades e o sucesso educativo para todos só serão possíveis se houver um compromisso sério para com a melhoria das condições de ensino e de aprendizagem”, com o qual o município de Setúbal, Cidade Educadora desde 2012, está fortemente empenhado.