O Politécnico de Leiria está a aplicar o projeto internacional Vibes em três escolas dos concelhos de Leiria e Batalha, que utiliza a realidade virtual em aulas de educação física, como complemento à atividade física tradicional.
O Vibes pretende aliar a realidade virtual à atividade física, sendo aplicada como um complemento das práticas físicas tradicionais, não as substituindo.
“Isto tem tanto de desafiante como de cativante. Pode ajudar a cativar quem não gosta muito de educação física ou até para alunos que gostam muito de jogos de consola, videojogos e 'e-games'.
“A ideia é a realidade virtual ser uma maneira de os agarrar, mas sem trocar o papel. Queremos miúdos com joelhos esfolados”, afirma David Silva, professor e um dos coordenadores do projeto, que tem ainda na liderança de José Amoroso, investigador no Politécnico de Leiria, e Luís Coelho.
De óculos na cara, 'joystick' em cada mão e movimentos no ar surpreendia quem entrava no pavilhão desportivo da Escola Secundária Rodrigues Lobo, em Leiria, onde decorria uma aula de educação física.
Os estudantes estavam a jogar ténis de mesa virtual contra um avatar. O Vibes começou nas escolas há cerca de um mês com alunos de algumas turmas do 10.º ano, opção preferencial para poder dar continuidade e avaliar a evolução do projeto. José Amoroso explicou à agência Lusa que, em setembro, foi realizada uma formação aos professores das escolas que participam no projeto, “para que se familiarizassem com esta nova tecnologia”.
O esforço dos alunos para ganhar o jogo era visível pelos vários movimentos e comentários que deixavam escapar: “este é forte, joga bem”. O professor foi passando perto de cada jovem para retificar a amplitude de movimento ou o seu posicionamento.
Com seis equipamentos disponíveis, a turma tem de ser dividida. Enquanto um grupo esbraceja imerso no jogo e com o apoio do ‘buddy’ [amigo], que garante a sua segurança, os restantes elementos praticam fisicamente a atividade. Pouco depois, invertem-se os papéis e a experiência passa por todos os alunos (ninguém é obrigado).
“A educação física é talvez a disciplina mais improvável onde se pode aplicar a realidade virtual, mas é o que faz o projeto Vibes”, afirma David Silva, sublinhando que o desporto de raquetes foi escolhido por integrar o plano curricular da educação física.
Para José Amoroso, a realidade virtual é mais uma ferramenta para ir ao encontro das necessidades de alguns estudantes, até porque “pode ser praticado por alunos com mobilidade reduzida”.
O Vibes será implementado durante três meses em cada estabelecimento de ensino. Depois da Escola Secundária Rodrigues Lobo, o projeto segue para a Escola Secundária da Batalha e, depois, para a Escola Secundária Afonso Lopes Vieira, em Leiria.
O investigador revelou que no final dos 30 meses do projeto do Politécnico de Leiria pretende-se criar um ‘e-book’, que sirva de apoio formativo a todos os professores a nível nacional. O objetivo é, juntamente com as várias associações de profissionais de educação física e desporto, expandir a realidade virtual aos docentes, “para que se sintam confortáveis no ensino destas novas tecnologias emergentes”.
“Há estudos que pretendemos realizar no futuro como o uso de acelerómetros para medir e comparar com outras formas jogadas”, acrescentou José Amoroso.
O investigador destacou ainda as experiências de aprendizagem, que podem “abrir o potencial da realidade virtual nas escolas para a promoção da atividade física e do desporto, reduzindo assim os comportamentos sedentários”.
Não sendo apaixonado por jogos eletrónicos, Nikita, 16 anos, admitiu que “é uma forma interessante de abordar as aulas de educação física”, embora prefira o "jogo físico”. Lara, 15 anos, confessou a surpresa por aplicar esta ferramenta na educação física.
No final do ano, os alunos irão participar num torneio entre escolas e num campeonato internacional, com colegas de outros países, onde jogarão à distância.