A presidente do Politécnico de Beja considera que se vivem “tempos que exigem que as Instituições (de ensino superior), para poderem continuar a existir e a crescer, assumam uma contínua e visionária adaptação perante a rápida e surpreendente evolução científica, tecnológica, legislativa e humana, enquanto simultaneamente cumprem a sua missão”.
Maria de Fátima Carvalho falava, no passado dia 11 de novembro, durante a sessão solene que assinalou os 45 anos da instituição, e onde o Ensino Magazine atribuiu uma bolsa de mérito académico. “Acreditamos que o plano de ação traçado e em implementação por esta presidência seja a alavanca que permitirá ao IPBeja acompanhar os desafios do futuro iniciando-se esse futuro com a alteração da designação para Universidade Politécnica de Beja”, disse.
A presidente sublinhou que o Politécnico integra “desde junho a Universidade Europeia Heroes. Esta aliança transnacional abrange uma vasta área geográfica em toda a Europa e inclui instituições de ensino superior da Suécia, Dinamarca, Chéquia, Finlândia, Holanda, Alemanha, Bélgica e Lituânia. Esta candidatura que foi bem-sucedida assenta numa estratégia comum de longo prazo, que visa a sustentabilidade, a excelência e os valores europeus. Nos próximos anos vai oferecer programas curriculares conjuntos, centrados nos estudantes e ministrados em campus interuniversitários, que permitirão a um corpo estudantil diversificado criar os seus próprios programas e ter uma experiência de mobilidade em qualquer nível de estudo”.
Na sua intervenção, recordou que a instituição “está a ministrar meia centena de cursos superiores, incluindo microcredenciais, CTEsPs, Licenciaturas, Pós-graduações e Mestrados, a 3200 estudantes. Nos últimos três anos iniciámos a deslocalização de algumas das nossas formações para três Municípios da região do Baixo Alentejo (Odemira, Almodôvar e Ourique)”.
No que respeita à oferta formativa, Fátima Carvalho fala “na criação de novos cursos de 1º e 2º ciclo, expansão dos Cursos Técnicos Superiores Profissionais e diversificação da oferta de Microcredenciais de forma a responder às necessidades do mercado de trabalho e proporcionar mais oportunidades para os nossos futuros estudantes. O IPBeja conta igualmente alargar esta oferta formativa, no curto prazo, aos cursos de doutoramento profissionalmente orientados, reforçando assim o nosso papel de polo de inovação e conhecimento essencial para a ligação com o tecido económico e social da região”. Deu o exemplo da parceria com o grupo Vale da Rosa que “que acolheu nas suas instalações uma primeira experiência de funcionamento de um curso superior do IPBeja imerso em meio empresarial”.
A presidente do IPBeja reafirmou o compromisso na inclusão e no combate ao insucesso escolar, no bem-estar, no acesso aos serviços, na promoção do emprego e na melhoria das condições de alojamento, lembrando que é do Politécnico de Beja o maior investimento do PRR em residências estudantis em curso em Portugal e que ascende a 20 milhões de euros para 503 camas.
Depois de se referir à questão do financiamento para as instituições em regiões de baixa densidade – que deverá ter em conta as suas especificidades – Fátima Carvalho abordou a questão científica: “Uma das nossas principais metas é elevar a atividade científica aumentando o envolvimento dos docentes e alunos em projetos de investigação. Os novos regulamentos de apoio às publicações científicas e à realização de eventos científicos visam incentivar a publicação de artigos em revistas de alto impacto e a organização de eventos científicas internacionais. O nosso Centro de Transferência do Conhecimento também será dinamizado, reforçando a colaboração com as entidades regionais. Outro destaque nesta área será a criação dos Centros de Investigação. Estamos determinados na criação no IPBeja de unidades de Gestão de diversos Centros de Investigação e em continuar os debates contínuos sobre políticas de investigação, essenciais para afinar o rumo estratégico dessa área”.
Para além disso, referiu a presidente do IPBeja, o Politécnico “será até 2027, a sede da Cátedra ‘UNESCO em Etnobotânica e Património de Origem Vegetal’, a primeira cátedra UNESCO na área da botânica, dirigida por Luís Carvalho”.
Numa outra perspetiva, Fátima Carvalho anuncia a implementação de medidas para melhorar “as condições de trabalho do pessoal docente e não docente, e fortalecer a capacitação e o bem-estar que visam contribuir para um ambiente académico de alta qualidade”.
A concluir, a presidente do IPBeja referiu também que “até final do ano ficará concluído o master plan para a infraestrutura agrícola do Outeiro, um projeto ambicioso de médio prazo que visa transformar esta área num polo de Investigação, Desenvolvimento e Inovação competitivo na resposta a desafios globais da ‘Agricultura do Futuro’ e totalmente alinhado com as políticas e estratégia definidas pela União Europeia. Esta iniciativa será um passo crucial na nossa missão de investigação e desenvolvimento de soluções sustentáveis para os desafios globais. Este projeto, alinhado com a motivação do benemérito da herdade do outeiro, Professor Mariano Feiro, prevê um investimento total de 15 milhões de euros até 2029 e divide-se por 3 fases, a saber: A Fase I até final de 2026 corresponde a etapas preparatórias que englobam o planeamento, constituição legal, parcerias, obtenção de financiamento, construção/restauro e limpeza dos espaços, reequipamento, Casa-Museu e Biblioteca entre outras; A Fase II entre 2027 e 2028 engloba o arranque da atividade do Polo de I&D até ao pleno funcionamento dos diferentes Setores do Conhecimento; e a Fase III – a partir de 2029 inclui etapas dedicadas a alavancar as atividades em pleno funcionamento praticadas na Herdade do Outeiro, consolidando o seu posicionamento nacional e a sua expansão internacional”.
A sessão solene contou ainda com as intervenções da presidente do Conselho Geral do Politécnico de Beja, da provedora do Estudante e do presidente da autarquia alentejana. O autarca Paulo Arsénio voltou a sublinhar a importância do IPBeja no desenvolvimento da região, mostrando toda a abertura para, em conjunto, trabalharem em prol do crescimento da instituição e do desenvolvimento regional.
A oração de sapiência foi efetuada por Arlindo Oliveira. O investigador e professor português abordou a questão da inteligência artificial, dos seus desafios e impactos, mas também dos processos necessários à sua implementação e existência. “Inteligência Artificial: onde estamos e para onde vamos?”, foi o título da comunicação.
No âmbito das comemorações do Dia do IPBeja, foi inaugurada na Galeria ao Lado dos Serviços Comuns I, a Exposição “A Palavra não Confina”, de Jorge Serafim. A mostra está patente ao público até 31 de dezembro.