O Ministério da Educação, Ciência e Inovação continua a manter na sua proposta de alteração ao RJIES, a designação redutiva e negativa de um dos corpos que corresponde hoje a um grupo profissional altamente qualificado, que vem dando suporte à boa administração e bom funcionamento das Instituições de Ensino Superior (IES), referindo-se a Lei a estes profissionais como "Não Docentes" e "Não Investigadores", apesar de muitos até já terem realizado investigação e concluído licenciaturas, mestrados e doutoramentos, que muito têm contribuído para a elevação da qualidade das instituições de ensino superior.
Apesar do esforço efectuado pelas instituições de ensino superior, nas ultimas décadas, de as dotar de quadros técnicos com competências específicas para assegurar condições para responder aos desafios que se colocavam e continuam a colocar. a nivel nacional e internacional, a proposta de alteração ao RJIES apresentada mantem a expressão "Não Docentes",” Não Investigadores”, que tem vindo a ser usada para definir um grupo de profissionais apenas e só pelo que eles não são, isto em detrimento das qualificações, das funções, competências e contribuições específicas com que estes profissionais têm vido contribuir para as instituições de ensino e para o País.
No entanto, a oposição ao uso da expressão "não docentes" e “não investigadores”, não versa apenas sobre questões linguísticas. Também abarca questões de justiça, de reconhecimento profissional e de equidade institucional, pelo que, para se superar esta terminologia negativa é requerido um esforço coletivo para que se adote uma designação que, justamente, valorize e reconheça a identidade e o papel crucial destes profissionais na comunidade educativa e fortaleça o respeito e a coesão no ambiente de trabalho, sendo que o uso linguístico de natureza negativa e redutiva carrega uma desvalorização e invisibilização do papel desempenhado por estes trabalhadores, gerando desmotivação e afetando a perceção de reconhecimento e valorização profissional, já que a identidade profissional dos trabalhadores é negada ou subordinada à de outra categoria profissional, conjuntura esta que é inaceitável no tempos atuais
As alterações verificadas, com a criação de novos currículos, nas candidaturas a projectos nacionais, europeus e internacionais, com novas actividades académicas, nas relações internacionais, transferência de tecnologia, actividades de investigação científica e politicas de apoio social, exigia e exige quadros bem qualificados, com competências específicas nestas áreas. A realidade da situação actual é totalmente diferente da que se verificava quando da criação do RJIES.
Pelo que estes quadros técnicos, não se podem reduzir a uma designação abstrata, de NÃO DOCENTES - NÃO INVESTIGADORES , que se teima em manter. Os quadros técnicos, com doutoramentos, mestrados, licenciaturas, formação técnica e administrativa especializada e específica, não se podem rever na designação na proposta de alteração ao RJIES apresentado pelo ministro da tutela, como NÃO DOCENTES - NÃO INVESTIGADORES .
Várias instituições do ensino superior, já reconheceram esta situação e procederam a mudanças estatutárias nesta designação. Por exemplo: Técnicos, Administrativos de gestão, ou simplesmente TÉCNICOS.