Habitualmente analisamos nesta coluna motos e automóveis das gamas mais acessíveis, considerando as possibilidades financeiras da maioria dos portugueses, designadamente os mais jovens. Claro que, nos automóveis, as cada vez mais procuradas versões elétricas elevaram significativamente os preços face às anteriores versões de combustível fóssil, sendo, aliás, essa uma das razões que obsta a uma mais rápida expansão dos elétricos. A outra é a autonomia mais limitada. Na verdade, quase nenhum elétrico do mercado permite fazer, por exemplo, uma viagem de ida e volta de Castelo Branco a Lisboa, sem ter de parar pelo menos meia hora para carregar a bateria. E os que o possam conseguir têm preços verdadeiramente pornográficos para a bolsa da esmagadora maioria das pessoas.
Para obviar a este problema diversas marcas produzem uns veículos “mistos” que utilizam motor elétrico e motor de combustão, que designam genericamente por híbridos. Alguns desses híbridos permitem carregamento das baterias usando a rede elétrica, os chamados plug-in ou PHEV, outros não o permitem, sendo o motor de combustão responsável pelo carregamento das baterias. Temos ainda os modelos em que os dois tipos de motor têm função motriz, alternadamente e/ou em conjunto e aqueles em que só o motor elétrico tem essa função, servindo o motor de combustão somente para carregar as baterias. Alguns destes ainda permitem também adicionalmente o carregamento na rede (plug-in), juntando assim todas as possibilidades de obtenção de energia.
Neste último caso situa-se o Mazda MX 30, cuja primeira versão era somente elétrica, tendo agora uma versão híbrida plug-in designada por R-EV.
O MX 30 é um carro com apelo estético inegável, na atual linha skyactiv dos modelos da marca, com claras ligações ao CX 30, o bonito e muito equilibrado SUV médio da Mazda. Mas o MX 30 contém diversas inovações que vale a pena notar. Desde logo, as portas de trás não abrem no sentido habitual, mas em sentido contrário, o que permite a não existência de pilar central melhorando significativamente o acesso ao habitáculo.
A outra característica especial do MX 30 é o seu motor de combustão. Este não tem a arquitetura de todos os que equipam os outros automóveis. Trata-se de um motor com um cilindro de trajetória circular, neste caso com 830 cc e 75 cv, designado por Wankel, nome do respetivo criador. Este tipo de motor tem já bastantes anos, tendo sido já usado há algumas décadas em alguns carros, designadamente da marca NSU, entretanto desaparecida. A Mazda possui os direitos deste motor e passou a usá-lo em alguns casos, designadamente nos desportivos RX 7 e RX 8 produzido até 2012. Reaparece agora, não como unidade motriz, mas como motor para carregamento das baterias do MX 30. Assim este é movido pelo motor elétrico de 170 cv e as baterias que o alimentam são carregadas pelo motor de combustão. No entanto, estas baterias de 17,8 Kwh também podem ser carregadas a partir da rede elétrica. Quando completamente carregadas permitem percorrer cerca de 85 Km em modo totalmente elétrico, o que é o melhor valor do segmento. A partir daí entra em funcionamento o motor Wankel para produzir a energia de carregamento e tem autonomia de cerca de 800 Km, com o depósito cheio.
A Mazda habituou-nos a produtos de qualidade e inovadores e este MX 30 R-EV insere-se nessa linha, constituindo uma interessante solução para o problema da autonomia dos automóveis elétricos. O preço de cerca de 41 mil euros, apesar de elevado como o de todos os elétricos, é bastante competitivo no respetivo segmento. A versão exclusivamente elétrica custa menos cerca de 15 mil euros, o que é muito significativo, mas a autonomia é só de 200 Km…