Este website utiliza cookies que facilitam a navegação, o registo e a recolha de dados estatísticos.
A informação armazenada nos cookies é utilizada exclusivamente pelo nosso website. Ao navegar com os cookies ativos consente a sua utilização.

Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVII

Editorial Saber aprender a aprender

27-01-2025

Face à delicada e problemática conjuntura que atravessa a escola pública portuguesa, o reforço da identidade do professor, o sentido da sua profissionalidade e o bem-estar profissional, constituem, hoje, uma das grandes apreensões dos peritos em educação, dada a necessidade urgente de melhorar e aumentar, significativamente, a formação de novos docentes, de forma a renovar as práticas educativas cristalizadas nas nossas escolas.

Nos debates a que temos assistido e participado é aceite, genericamente, que os educadores devem ser profissionais que elaborem com criatividade conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade da escola e da comunidade que a envolve e condiciona. Neste tempo de acelerada evolução social, cultural, económica e tecnológica, os professores têm de ser vistos como parceiros na transformação da qualidade social da escola, compreendendo isso os contextos históricos, sociais, culturais e organizacionais que fazem parte e interferem na sua actividade docente.

Aos educadores cabe a difícil tarefa de apontar renovados caminhos institucionais, face aos novos e constantes desafios do mundo contemporâneo, com profissionalismo, ética e consciência da necessidade da sua intervenção social. Só assim estarão aptos a oferecer novas oportunidades educacionais aos alunos, por forma a que estes alcancem a construção e a reconstrução de saberes, à luz de um pensamento reflexivo e crítico.

A escola, como sabemos, desempenha um papel fundamental em todo este processo de formação de cidadãos aptos para viverem na actual sociedade da informação e do conhecimento. E cabe ao sistema educativo fornecer, a todos, por igual, os meios para dominar a proliferação de informações, de as selecionar, com espírito crítico, preparando-os para lidarem com uma enorme quantidade de comunicações que nos chegam, a todo o momento, dentro e fora do espaço escolar.

A importância do papel dos professores, enquanto agentes desta mudança, revela-se fundamental e insubstituível Eles têm uma função determinante na formação de valores e de atitudes, positivas e negativas, face ao processo de ensino e de aprendizagem e na criação das condições necessárias para o sucesso da educação formal e da educação permanente, motivando-os para a pesquisa e interpretação do conhecimento disponível e para a elaboração de um espírito crítico e socialmente útil.

Os aprendentes devem, progressivamente, desenvolver a curiosidade pelo mundo que os rodeia, fortalecer a autonomia do pensamento crítico e reflexivo e estimular o rigor intelectual, como forma de criar as condições para o “saber aprender a aprender”, pilar fundamental para uma educação ao longo da vida.

Por sua vez, essa educação permanente deve constituir um direito de todos, (independentemente da idade, habilitações e percurso profissional), à aquisição de novos saberes e competências que lhes permitam participar na construção contínua do seu desenvolvimento pessoal e profissional, proporcionando-lhes instrumentos para a compreensão das mudanças, numa sociedade em rápida evolução, instrumentos para identificar os seus interesses e direitos e desenvolvimento de capacidades para intervir e agir solidariamente.

Esse direito pressupõe a criação de condições para a actualização e domínio de novos saberes e tecnologias, a certificação das competências adquiridas, por via formal ou informal, nomeadamente as adquiridas ao longo da actividade profissional.

Uma estratégia de educação ao longo da vida tem de articular e dar coerência às suas várias vertentes: a formação inicial e a transição da escola para a vida activa; a acreditação e a certificação das competências, formais e informais; a educação e a formação de adultos, ou mesmo a formação permanente no local de trabalho.

O cenário educacional contemporâneo mostra, ainda, uma forte tendência: a crescente inserção dos métodos, técnicas e tecnologias de educação a distância num sistema integrado de oferta, sobretudo no ensino superior, permitindo o estabelecimento de cursos com combinação variável de recursos pedagógicos, presenciais e não presenciais, sem que se criem dois sistemas separados, ou alternativos. Neste novo e prometedor cenário, o próprio conceito de educação a distância ganha uma dimensão renovada, tornando-se, na verdade, numa educação sem distâncias.

A escola é, sem qualquer reserva, a grande alavanca do desenvolvimento. Essa escola pública, democrática e inclusiva confere um estatuto meritocrático, imperdível e socialmente aceite e respeitado. Por isso, a sociedade do conhecimento sobreviverá se impulsionar o crescimento do capital humano e a promoção da aprendizagem em todo o tempo e em qualquer momento. Logo, atrofiar a escola e o investimento na educação compromete o futuro, de forma irreversível e irreparável.

João Ruivo
ruivo@rvj.pt

Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico

Voltar