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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVIII

Cultura Livros & Leituras

05-09-2025

Have Ya Got Any Castles, Baby (Relógio d´Água), de Ana Teresa Pereira, a escritora madeirense prossegue na busca da história ideal, numa digressão sem fim, na esteira dos seus autores de cabeceira, Cornell Woodrich e William Irish, recontando enredos de filmes e contos de raparigas com cara de anjo e escritores obscuros, cimentando uma obra cada vez mais original.

A Ilha da Mulher Adormecida (ASA), de Arturo Pérz-Reverte, uma empolgante aventura marítima de guerra, no cenário das ilhas gregas, em 1937, a guerra civil espanhola em pano de fundo, uma melancólica e funesta história de amor, com um desfecho igual ao da lancha- torpedeira comandada pelo protagonista, entre enganos, barcos afundados e amizades forjadas no auge da missão clandestina.

O Mestre e Margarita (Presença), de Mikhail Bulgakov (1891-1940),  nascido em Kiev, e autor póstumo desta obra imortal, perseguida e renegada, um dos grandes romances do século XX, história dentro da história, entre Jerusalém e Moscovo dos anos 20, pondo em cena um diabo e seu séquito, espalhando o caos e pondo tudo em pratos limpos.

A Casa das Portas (Quetzal), de Tan Twan Eng (n.1972, Malásia),  esplêndida homenagem a Somerset Maugham e a sua estadia em Penang, na Malásia, numa história de amores cruzados e segredos mal guardados, com a presença chinesa muito marcada, contada por Lesley, uma mulher resoluta, nascida naquelas exóticas paragens.

Quem Matou Espinosa? (Quetzal), de Jean-François Bensahel, investiga a estranha morte do filósofo de origem portuguesa, num “thriller” filosófico e histórico, num tempo de profunda incerteza na Europa, com personagens e suspeitos que incluem Leibniz, seu rival, e outros rufias, numa digressão informada sobre a obra de uma mente brilhante e livre.

Também Há Rios No Céu (Presença), de Elif Shafak, escritora britânica de origem turca, segue nas pisadas da “Epopeia de Gilgamesh”, a memória de Nínive e a decifração das tabuinhas da famosa biblioteca do rei Assurbanípal, uma menina yazidi e outras personagens devotas da Deusa da narração, e a memória das águas, num conto de sabor oriental.

Somos Livres Para Mudar o Mundo (Temas e Debates), de Lyndey Stonebridge, com o subtítulo “O que Hannah Arendt nos ensina sobre o amor e a desobediência”, é uma notável mergulho na vida e obra da filósofa judia alemã, autora de obras que deixaram uma marca indelével no pensamento do século e que perduram até hoje por maioria de razão.

A Hora dos Predadores (Gradiva), de Giuliano da Empoli, reflexão sobre  o advento dos novos fazedores de caos e que dele se alimentam, os Borgias modernos, que parecem enlouquecidos pelo poder sem freio que ostentam,

desprezando as normas do convívio humano civilizado.

Construtores de Mundos (Temas e Debates) de Bruno Maçães, com o subtítulo de “A tecnologia e a nova geopolítica”, analisa o modo como as tecnologias digitais modificaram as relações de força entre nações, num mundo virtual em que os grandes poderes combatem não por território mas por uma hegemonia algorítmica.

Abominável  Mundo Novo (D. Quixote) de Nuno Rogeiro, com o subtítulo “Entender o caos”, tem como epígrafe, “Morta a beleza, o caos negro regressa”, de Shakespeare, muito apropriada para este ensaio sobre o aparente “turbilhão” em que se tornou a vida das sociedades contemporâneas, entre a guerra imperial e o desnorte civilizacional.

O Sétimo Andar (Lua de Papel), de David McCloskey, na esteira do melhor Le Carré, numa conspiração digna da Guerra Fria, com os russos a infiltrarem-se nos alto escalões da CIA, mas que não contavam com tenacidade quase maníaca da veterana Artemis Procter, que não perdoa mesmo nada, e vai até onde for preciso para desvendar e punir a traição.

Míticas (Bertrand), de Emily Hauser, classicista e historiadora, com o subtítulo “As mulheres da Ilíada – Uma nova História do mundo de Homero”, baseado em descobertas arqueológicas e numa releitura do mundo arcaico grego, revela o verdadeiro papel das mulheres desse tempo, resgatadas do olvido e do silenciamento, “Este é o nosso destino: sermos personagens nas histórias contadas por homens durante muitos anos”.

A Literatura Universal em 100 Perguntas (Guerra & Paz), de Felipe Díaz Pardo (n. 1961 , Madrid), excelente exemplo de obra didáctica e informativa, que abarca a literatura universal nas suas diferentes geografias, temáticas e autores, e que  responde a perguntas de algibeira, como: o que tem o vinho a ver com o teatro, quando é que romance-folhetim surgiu, ou o que é um “best-seller”, o realismo ou o modernismo.

Psicanálise dos Contos de Fadas (Bertrand), de Bruno Bettelheim (1903-1990), em reedição, com o subtítulo “O significado e a importância dos contos de fadas”, é um clássico, onde a literatura, a mitologia, a psicologia e a psicanálise se unem para dar a conhecer os arcanos desse manancial que são os contos maravilhosos, que encerram as mais profundas verdades sobre o que é ser e crescer como humano.

José Guardado Moreira

Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico

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