As Flores do Mal (Assírio & Alvim), de Charles Baudelaire, com tradução, textos e notas de Fernando Pinto do Amaral, em edição revista, de uma poesia que se abre à “magia das suas visões um abismo” e onde se escuta “o murmúrio dessa noite mais íntima a que gosto de chamar a alma – e a cuja energia temos de nos render”.
Obra Poética Completa (Tinta-da-china), de Edgar Allan Poe (1809-1849), com tradução, introdução e notas de Margarida Vale de Gato, reedição da poesia do “pai americano” de Baudelaire, que disse ser esta uma poesia como um “sonho, misterioso e perfeito como o cristal”.
Sobre a Escrita (Alfaguara) de Charles Bukowski (1920-1994), reúne as observações sobre a arte de escrever de um dos mais iconoclastas escritores americanos, retiradas de cartas onde atira “farpas aceradas e tiradas memoráveis” em tudo o que o seu espírito crítico vê um alvo a abater, de um modo genial e jocoso, gozando consigo e o mundo.
O Silêncio dos Livros (Gradiva), de George Steiner seguido de “Esse vício ainda Impune” de Michel Crépu, e prefácio de Onésimo Teotónio Almeida, publicado em revista, onde Steiner nos fala sobre a história do livro e da leitura, como instrumentos de esclarecimento contra a ignorância.
Como Ler um Livro (Alma dos Livros), de Mortimer J. Adler e Charles Van Doren, publicado pela primeira vez em 1940, tornou-se num verdadeiro clássico de como ler nos diversos níveis, temas e géneros, de modo a incentivar a leitura como conhecimento e prazer intelectual que nenhum outro meio pode substituir.
Vicente Sanches (Alma Azul), de Rodrigo Cruz, com o subtítulo “Um género sui generis”, ensaio sobre a obra do escritor albicastrense, através do estudo do seu “Teatro do Aforismos”, peças escritas que encerram um desafio, uma soberba dramaturgia de paradoxos e ironias, próprias de um brilhante autor-filósofo, que encena diálogos mentais.
Prometeu Agrilhoado (Tinta-da-china), de Ésquilo, com tradução, ensaio introdutório e notas de Maria Mafalda Viana, peça atribuída ao dramaturgo grego, encena uma tragédia que ainda não tem um final claro e preciso: terá Prometeu desafiado Zeus por orgulho e desafio, ou para servir aos humanos, o fogo que os há-de consumir?
As Coisas (Antígona), de Georges Perec (1936-1982), publicado em 1965, Prémio Renaudot desse ano, relato do desencanto de um jovem casal aprisionado numa vida sem destino, em busca de uma felicidade mirífica, numa sociedade mercantil e desprovida de verdadeiro horizonte, que tentam contrariar, mas caindo na armadilha do conformismo consumista.
Prestidigitação (Relógio d´Água) de Maria Stepánova (n. 1972, Moscovo), história encantatória de uma escritora exilada, que é convidada para um festival literário, mas que se deixa perder pelo caminho, assumindo uma nova identidade, longe da vida que vivera até então, longe dos conflitos, tudo por força do encontro que teve com um circo ambulante.
Nada Mais Ilusório (Porto Editora), de Marta Pérez-Carbonell, fulgurante estreia literária, em que Alicia, tradutora de profissão, em viagem nocturna de Londres para Edimburgo, conhece um escritor americano, e vão trocando histórias que são versões ambíguas de factos pessoais, num enredo de conversas que desembocam em traições, perdas e remissão.
A Escolha de Karla (D. Quixote), de Nick Harkaway (n.1972, Cornualha), é o regresso triunfal de George Smiley, criação de John Le Carré, pela mão do filho romancista, numa recriação dos anos 60 e do confronto do inglês com o seu arqui-inimigo russo, espiões húngaros, e de uma tentativa falhada de um certo acordo de cavalheiros, acabando em Lisboa com dois assassinatos, numa envolvente intriga, digna do melhor Le Carré.
Tóquio Express (Presença), de Seicho Matsumoto (1909-1992), um clássico do mestre japonês do romance policial, num enredo magistral que envolve falsos suicídios, corrupção, horários de comboios e muita perspicácia dos inspectores Torigai, o decano, e do jovem Mihara, para deslindarem o novelo montado pela mente fria dos assassinos: “A nossa dependência do senso comum gera ângulos mortos”.
Regresso à Patagónia (Quetzal), de Bruce Chatwin e Paul Theroux, reúne as reflexões dos dois escritores de viagens sobre “o fim do mundo”, no extremo sul do continente americano, retiradas dos viajantes que desde Magalhães aportaram em tais inóspitas paragens, onde impera o vento que incendeia a imaginação literária e o desejo do desconhecido.
O Mundo criou o Ocidente (Temas e Debates), de Josephine Quinn, historiadora inglesa, abrange quatro mil anos de História, libertando o Ocidente da sua estreita herança greco-romana, num vasto panorama de mútuas influências, transvases e interligações, onde a liberdade, a racionalidade, justiça e tolerância se entrelaçam, naquilo que se designa como a caminhada da “luz do Oriente”, culminando a Ocidente.
O Que é o Cinema? (Book Builders), de André Bazin (1918-1958), nome fundamental da teoria e da crítica cinematográfica, um dos fundadores dos “Cahiers du Cinema”, reúne uma selecção dos principais artigos publicados do autor, sendo uma inestimável lição de cinema, de alguém amou e divulgou a Sétima Arte, com saber e emoção.
Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico