O Livro das Cinco Mil Palavras (Assírio & Alvim), de Lao Tse, com posfácio de Joaquim M. Palma, numa versão inovadora para português, que devolve o esplendor a um clássico de sabedoria atemporal que condensa o não-saber de um dos mais enigmáticos sábios de todos os tempos. “O Tao do céu não escolhe favoritos”.
Dom Quixote de la Mancha (Bertrand), de Miguel de Cervantes, com tradução e prefácio de mestre Aquilino Ribeiro, deve figurar em qualquer biblioteca digna desse nome, não só por Cervantes, mas por esta incomparável versão portuguesa, que ora de apresenta em nova edição.
Carpinteiros, Levantai Alto a Cumeeira e Seymour – Uma Introdução (Relógio d´Água), de J.D. Salinger (1919-2010), em reedição, uma longa e esfuziante digressão escrita pelo irmão de Seymour, às voltas com o suicídio do inclassificável poeta inédito, uma dos filhos da trupe da família Glass, insuperável criação de Salinger.
Seis Malas (D.Quixote), de Maxim Biller (n. 1960, Praga), história de um enigma em torno do destino de uma família de judeus arménios russos, ainda antes do desaparecimento do patriarca, um homem de muitos afazeres pouco ortodoxos, aqui relatada pelo neto, que procura encontrar o responsável pela morte do avô, num notável relato em que a história pessoal se cruza com o seu tempo e lugar.
Crime nas Correntes d´Escritas (Caminho), de Germano Almeida (n. 1945, Cabo Verde), é uma divertidíssima paródia em jeito de homenagem ao encontro literário que ocorre anualmente na Póvoa de Varzim, onde o autor se assume na qualidade de investigador de um suposto crime de furto de um manuscrito de um conhecido escritor presente no certame.
Knulp (D.Quixote) de Hermann Hesse (1877-1962), na esteira do anterior “Hans, Sob o peso das rodas”, também publicado pela mesma editora, segue a vida do protagonista, um eterno viandante, sem eira nem beira, narrando alguns episódios da vida atribulada deste filósofo natural, culminando a errância com um diálogo com Deus ele mesmo.
Amok (Guerra & Paz), de Stefan Zweig (1881-1942), notável relato da tragédia de um médico desterrado nos trópicos orientais, vítima de um ataque de amoque, ou loucura súbita, que impele à morte, escutada numa travessia de navio, e que tem o seu desfecho em Nápoles, aqui contada pelo narrador, e que põe a descoberto um dilema de consciência.
O Crocodilo (Presença), de Fiódor Dostoiévski (1821- 1881), conto satírico sobre um petulante funcionário que é engolido por um crocodilo alemão em exposição, e como esse acontecimento afecta o narrador amigo, a mulher e conhecidos do engolido, com as consequentes observações hilariantes da preconceituosa sociedade russa da época.
A Corte das Mulheres (Quetzal), de André Canhoto Costa (n. 1978, Oeiras), é uma fabulosa revisitação do século XVI, quando um grupo formado em torno da Infanta Maria, foram o centro de uma corte de mulheres ilustradas, constituindo um Renascimento lusitano, depressa desfeito pela influência misógina do poder real aliado à igreja, desembocando em apagada e vil tristeza.
O Amor Não Correspondido de Hitler (Bertrand), de Jean-Noel Orengo (n.1975), é uma fabulosa contraficção, desmontando a figura de Albert Speer, arquitecto esteta, ministro do armamento e figura dilecta do ditador alemão que, tendo sobrevivido à guerra, condenado a vinte anos de prisão, tenta depois reinventar-se como personagem, nunca admitindo o seu papel no regime nazi e nos seus crimes inomináveis.
O Herói de Mil Faces (Alma dos Livros), de Joseph Campbell (1904-1987), obra fundamental para compreender “a importância dos mitos e a jornada do herói”, ou seja, como a mitologia se manifesta em todas as épocas e culturas, numa viagem de descoberta dos mistérios, que conduzem à revelação do mais profundo em cada ser humano, na busca das verdades escondidas da existência.
O Vício dos Livros II (Companhia das Letras), de Afonso Cruz é um hino aos livros e à leitura como uma das belas-artes, fonte de imensas alegrias e fruição infindável, que só a leitura pode proporcionar, através do silêncio interior, numa viagem em direcção ao espanto. “Que luz é essa que um livro aberto produz?”.
Das Plantas num Livro (Pergaminho), de Ivo Meco, com o subtítulo “Um ensaio deambulatório sobre Botânica, História e Literatura”, escolhe treze plantas e árvores, que estão na génese da feitura das páginas que constituem o livro como objecto capaz de transmitir prazer e conhecimento através da leitura de suportes tão diversos como o papiro, o bambu, palmeira, linho ou o papel, num livro que é um jardim de leitura.
O Outro lados dos Livros (Quetzal), de Manuel Alberto Valente (n.1945, Vila Nova de Gaia), com o subtítulo “Memórias de um editor”, recolhe crónicas sobre autores e seus livros, apontamentos pessoais de um dos mais influentes editores das últimas décadas, sempre com humor e revelações sobre escritores que publicou e com quem conviveu ao longo da vida.
Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico