O Livro Que Me Escreveu (D. Quixote), de Mário Lúcio Sousa (n. 1964, Cabo Verde), é um livro encantado que fomenta uma epidemia mundial de livros e leitores, supostamente escritos por um autor, Arcanjo de Deus, que tendo escrito um livro durante trinta anos, desaparece misteriosamente nos correios, ganhando pelo contrário uma aura inusitada com a multiplicação de livros vindos de todo o lado, suscitando uma lenda e o resultado inesperado de pôr toda a gente a ler, numa história que é “um elogio maravilhoso à solidariedade e à leitura”, e uma imortal história de amor.
Como se Faz um Romance (Assírio& Alvim), de Miguel de Unamuno (1864 – 1936), escritor e pensador, reitor da Universidade de Salamanca, autor do célebre “sentimento trágico da vida”, escreveu e publicou esta obra no exílio em França, de que esta edição dá conta, com um retrato do tradutor francês e comentário de Unamuno, uma reflexão “autobiográfica” que mantém intactas as suas amplas qualidades literárias e uma amostra da mestria de grande escritor que continua a ser.
Alexandre O´Neill, uma biografia literária (Assírio & Alvim), de Maria Antónia Oliveira, em segunda edição revista e aumentada, é uma obra fundamental para compreender não só o poeta, morto aos sessenta e um anos de idade, em 1986, mas também de toda uma época na vida do país literário, e da formação do escritor que num verso disse sofrer “de ternura, bebe de mais e ri-se do que neste soneto sobre si mesmo disse”.
Seis Propostas Para o Próximo Milénio (D.Quixote), de Italo Calvino (1923 – 1985), reúne as brilhantes palestras que o escritor italiano proferiu em Harvard, e que deixou por concluir, incluindo os temas leveza, rapidez, exactidão, visibilidade e multiplicidade, e o esboço de começar e acabar, fazendo deste livro uma chave para a compreensão não só da sua obra literária, mas também da melhor literatura de todos os tempos.
O Pensamento de Camões (Guerra & Paz), de Jorge de Sena (1919 – 1978), reúne quatro luminosos ensaios de proveniência diversa, que ressuscitam uma imagem do bardo pouco consentânea com os lugares-comuns patrioteiros com que pretenderam encerrar a obra num sarcófago atirado ao mar, numa interpretação não canónica da obra maior, a lírica sobretudo, capaz de iluminar os versos e quem deles fez vivência e uso, “como só os grandes poetas falam, acerca das angústias, esperanças e desesperos muito parecidos com os de hoje”.
O Livro do Império (Clube do Autor), de João Morgado, conta a vida
tumultuosa de Camões, das vicissitudes, aventuras e infortúnios do poeta-soldado, dos cuidados que sofreu até à publicação da sua anti-epopeia, bem como da lírica, tendo como pano de fundo a vida no Século XVI, até à morte de D. Sebastião e o findar das glórias do efémero império, e do seu definhar às mãos da Inquisição, mas uma vida que marcou toda uma literatura e engrandeceu a língua portuguesa.
Camões e Outros Contemporâneos (Presença), de Hélder Macedo, em versão revista e aumentada, reúne um conjunto de ensaios que contextualizam a obra de Camões nos séculos antes e depois, desde as Cantigas de Amigo à prosa e poetas do presente, abrindo novas perspectivas de compreensão da literatura portuguesa, sondando os ecos da obra do vate em oitocentos anos a escrever na língua que Camões.
A Sociedade Muito Secreta dos Caminhantes Solitários (Quetzal), de Rémy Oudghiri é um livro inspirador sobre a nobre arte da errância, ou do caminhar sem destino aparente, apenas pelo puro prazer de andar ao encontro de um bem intangível, que propicia a descoberta interior, seguindo a máxima de Machado que o caminho faz-se andando, ou os exemplos de Rosseau, Baudelaire, Pascal, Montaigne e Breton que deixou como epitáfio na campa, “Je cherche l´or du temps”.
Contos, Sonhos e Imaginações (Relógio d´Água), de Agustina Bessa-Luís, (1922 – 2019), com prefácio de Mónica Baldaque, é um grande caderno de histórias saídas da pena incandescente desta feiticeira que encanta o leitor através da sua prosa. “As histórias mais verdadeiras não são aquelas que aconteceram”, dizia citando alguém. Como assinala a prefaciadora, este livro pretende ser “a pequena porta de entrada neste domínio mais profundo e mais estranho de Agustina, o das viagens sem retorno ao mundo das sombras, dos sonhos, onde todas as coisas são possíveis”.
A História do Mundo (Crítica), de Peter Frankopan, professor em Oxford e historiador, atreveu-se a contar a história do planeta seguindo uma máxima de Voltaire: “ Há três coisas que influenciam constantemente a mente humana: o clima, o governo e a religião”. E numa época em que tanto se temem as consequências do aquecimento global, vale a pena recuar ao Big Bang e avançar pelo tempo até aos dias de hoje para responder a uma pergunta simples: a natureza comanda ou não os destinos humanos?
Decisões Fatais (D. Quixote), de Ian Kershaw (n. 1943), com o subtítulo “Dez decisões que mudaram o mundo 1940-1941”, onde o reputado historiador analisa os anos cruciais da Segunda Grande Guerra, que definiram o resultado do conflito e as décadas subsequentes, através dos acontecimentos envolvendo os decisores da época, de Churchill a Roosevelt, sem esquecer os dirigentes do Eixo, de Londres a Tóquio, num livro que aponta os desvarios da História do século anterior.
Dia D (Clube do Autor), de José Manuel Saraiva, com prefácio Carlos Matos Gomes e posfácio João Barroso Soares, colige dados e fotos do ocorrido na Normandia, do dia 6 de Junho de 1944, na maior operação anfíbia dos tempos modernos.