Poesia Quase Toda (Cavalo de Ferro), de Zbigniew Herbert (1924-1998), poeta e ensaísta polaco, com enorme destaque nas letras do seu país, possuidor de uma vasta cultura clássica greco-romana, e de uma ironia que roça o sarcasmo quando trata da vida do seu século e nação, espelhada no seu alter-ego o Senhor Cogito, aqui apresentado por J.M.Coetzee, numa antologia dos seus versos.
A Cegueira do Rio (Caminho), de Mia Couto (n. 1955, Beira), leva-nos ao norte de Moçambique, no ano de 1914, quando começou a guerra no Rovuma, servindo o episódio como de pano de fundo para a narrativa semeada de provérbios locais, que nos conduzem para um universo em que o poder da escrita se esvaiu, para dar lugar ao fulgurante universo africano, num livro que flui como um grande rio de histórias maravilhosas.
Autobiografia não escrita de Martha Freud (Porto Editora), de Teolinda Gersão, romance quase epistolar, baseado em correspondência privada, pela mão da mulher de Freud, lança-nos no mundo pessoal e desconhecido da família, descrevendo a vida de Martha com o marido, através de uma vida atribulada que aqui nos é apresentada pela autora, onde “as figuras de ambos se revelem muito diferentes do que esperaria. O que não considero uma perda, mas uma revelação surpreendente”.
Proibida na Normandia (Porto Editora), de Rosario Raro , romanceia a história desconhecida de como Martha Gellhorn, a famosa correspondente de guerra, conseguiu ser a única jornalista a desembarcar no Dia D, nas praias da Normandia, e de como sobreviveu para contar a sua aventura, desafiando tudo e todos para relatar os acontecimentos desse episódio tão marcante da sua longa e brilhante carreira.
Breve História da Bebedeira (Casa das Letras), de Mark Forsyth, é uma divertida e instrutiva viagem ao longo de dez mil anos sobre as mentalidades, desvarios e histórias envolvendo o estranho facto de os humanos gostarem de beber álcoois de variada natureza, embriagando-se até cair, e de como isso influiu no funcionamento das sociedades, desde a Idade da Pedra aos dias de hoje.
Roma Antiga (Bertrand), de Dimitri Tilloi-D´Ambrosi, com subtítulo de “Mitos e verdades”, nos bastidores do império de mil anos, que construiu uma civilização abrangendo muitos povos e culturas, analisa e desmistifica as falsas noções contemporâneas sobre a vida dos romanos, o seu modo de vida e crenças, e de como era viver no quotidiano desse tempo, apresentando um retrato mais próximo do que será a verdade histórica.
Remédios Contra o Amor (Quetzal), de Ovídio, com tradução, introdução e notas de Carlos Ascenso André, remate da obra do “poeta dos deuses, do amor e do exílio”, onde se explica o que fazer para contrariar os males do amor: “A originalidade de Ovídio reside, em grande parte, na subversão do tradicional protocolo amoroso vigente em Roma”.
Metamorfoses (Penguin Clássicos), de Ovídio, com tradução e introdução de Paulo Farmhouse Alberto, obra em reediçã, é uma das obras-primas da Antiguidade Clássica, remetendo para uma memória mítica e um retrato das transformações e mudança no universo e da humanidade.
História do Surrealismo (Assírio & Alvim), de Maurice Nadeau, descreve como foi a conturbada história do movimento que, nos escombros da Primeira Guerra mundial, prometeu uma nova visão da vida, entre os anos de 1924, data do primeiro manifesto, até ao dealbar da Segunda Guerra, numa panorâmica que acompanha os seus principais aspectos e contradições, conseguimentos e efeitos.
Eça de Queiroz no Egipto e a Abertura do Canal do Suez (Tinta-da-china), de Teresa Pinto Coelho, com o subtítulo “Viagem, Orientalismo e Império” é um informado estudo sobre a viagem que o jovem escritor, então com 23 anos, empreendeu ao Egipto e Levante, resultando em livro e artigos de jornal, constituindo uma valiosa achega para o conhecimento de uma obra que lhe abriu “novos horizontes estéticos, culturais e políticos”.
História Total da Segunda Guerra Mundial (Crítica), de Olivier Wieviorka, é mais completa análise até à data do conflito mundial, analisando não só a frente europeia mas africana e asiática, sob os aspectos estratégico, ideológico, económico e geopolítico, mas também a história social de um tempo que arrebatou a vida a setenta milhões de humanos e terminou com a bomba atómica.
Hotel Vermelho (Vogais), de Alan Philips, com o subtítulo “A história inédita da guerra de desinformação de Estaline”, é um impressionante relato de como o regime usou os correspondentes estrangeiros para manipular a opinião pública sobre a opressão e a guerra, e de como algumas intérpretes russas ajudaram na busca da verdade, tendo o célebre hotel como cenário desses anos trágicos.
O homem que decifrou o código (Casa das Letras), de Jason Bell, é a extraordinária e até agora secreta história de vida do filósofo canadiano Winthrop Bell, que estudou com Husserl na Alemanha, onde ficou internado durante a guerra, voltando ao país como agente secreto do MI6, advertindo já em 1919 para o perigo de nova guerra, e para o plano de extermínio mundial congeminado pelo militares alemães derrotados, e que teve em Hitler o seu intérprete.
Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico