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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVII

Propostas Livros & Leituras

12-08-2024

Canção de Rolando (E-Primatur), de autor desconhecido, uma da mais antigas canções de gesta medievais, datada do século XI, aqui traduzida integralmente por Amélia Vieira e Pedro Bernardo, com ilustrações de Niels Skovgaard, contando os feitos do sobrinho de Carlos Magno, numa época de afirmação do poder real.

Quatro Cartas e um Bilhete a Uma Dama (Guerra & Paz), de Luís de Camões, seguido de 26 poemas, reúne as cartas conhecidas do poeta, e uma adenda de impressões de Cervantes sobre Lisboa, a leitura de Camilo sobre as missivas, e uma selecção de poemas apresentados por Gil de Carvalho.

Bandidos (Antígona), de Eric Hobsbawm (1917 – 2012), historiador inglês,  nascido em Alexandria, de origem judaica, formado em Cambridge, sendo um dos mais destacados estudiosos da História Social e das Mentalidades, como está patente neste livro, onde discorre sobre o papel dos fora-da-lei, desde Robin dos Bosques, Pancho Villa ou o cangaceiro Lampião.

Antologia do Conto Erótico Brasileiro (Tinta-da-china), com organização de Elaine Roberto Moraes, reúne 53 textos, desde 1886 a 2023, sobre “ a matéria erótica” vista “como pura fantasia” de autores tão diversos como Machado de Assis, Graciliano Ramos, Dalton Trevisan ou Hilda Hilst, entre muitos outros.

Uma Grande Almoçarada (Quetzal), de Jim Harrison (1937 – 2016), poeta, ficcionista, crítico e ensaísta, reputado gastrónomo à antiga, que não deixou por mãos alheias a descrição da boa arte da mesa farta, relembra amigos de comezainas e refeições pantagruélicas nestas crónicas, de um herdeiro de Whitman, Dylan Thomas, Rimbaud e da tradição zen.

“Só agora me ocorreu que talvez não me seja permitido comer depois da mina morte”.

O Cancelamento do Ocidente (Guerra & Paz), de Paulo Nogueira, ensaio sobre o estado das “guerras culturais” que afligem a intelectualidade, se assim se pode chamar ao desvario que começou com o pós-modernismo, evoluiu para o politicamente correcto e desaguou na alucinação “woke”, pondo em causa a herança do Iluminismo e as grandes conquistas civilizacionais dos últimos séculos. 

A Nossa Natureza Selvagem (Pergaminho), de Peter Wohlleben. guarda-florestal que se dedica a divulgar os segredos do mundo natural, pergunta se “seremos nós a controlar as nossas vidas, ou será que, como todos os outros animais, somos guiados pelos nossos instintos?”, oferecendo respostas originais sobre os humanos e a natureza.

Os Mentirosos da Natureza e a Natureza dos Mentirosos (Temas e Debates), de Lixing Sun, zoólogo chinês, propõe “uma história natural do embuste, desde os genes egoístas até aos políticos mentirosos”, numa  digressão informada e divertida das mentiras, dissimulação e engano que natureza apresenta para sobreviver, do gene mais ínfimo ao humano mais encartado.

O Dia D de Churchill (Crítica), de Allen Packwood e Richard Dannatt, conta-nos em pormenor, incluindo fotografias, como o primeiro-ministro inglês viveu os preparativos e as incidências do dia do desembarque na Normandia, num panorama histórico sobre uma data crucial para a libertação da Europa do jugo nazi.

Colditz (D. Quixote), de Bem Macintyre, é a história da mais infame prisão nazi, num castelo gótico alemão, onde eram aprisionados os oficiais aliados, de todas as origens, numa investigação histórica que dá a conhecer o carácter indómito dos prisioneiros, num registo soberbo e épico das agruras das fugas e da resistência no coração da besta nazi.

Filhos da Fábula (D. Quixote), de Fernando Aramburu (n. 1959, San Sebastián), é uma digressão sarcástica e demolidora sobre dois rapazolas que querem entrar na ETA no mesmo momento em que é declarado o fim da organização armada, numa série de acontecimentos burlescos, numa crónica desapiedada e patética.

Pedra e Abismo (Livros do Brasil), de Burhan Sonmez (n. 1965, Turquia), escritor curdo, que esculpe uma saga de vários tempos e lugares, pela mão do mestre-canteiro que vive num cemitério de Istambul, entretecendo os fios de vidas e acontecimentos, heranças e culturas, num conto de paixões e reencontros, natureza e humanidade.

Moscovo X (Lua de Papel), de David McCloskey, leva-nos até aos meandros da espionagem nos nossos dias, com agentes americanos e uma russa, filha de um general oligarca, a quem os homens do presidente russo roubam umas toneladas de ouro, numa viagem que vai do México a S. Petersburgo e Moscovo, num enredo cheio de peripécias e segredos. 

Cama de Gato (Alfaguara), de Kurt Vonnegut (1922- 2007), história hilariante e caótica sobre os malefícios da ciência, com implicações filosóficas e religiosas no mundo tal como o conhecemos, num livro cáustico e que não deixa nada intacto das concepções de uma civilização a caminho da catástrofe .

Dedico-lhe o Meu Silêncio (Quetzal), de Mario Vargas Llosa (n. 1936), anuncia-se como o derradeiro romance do escritor peruano, num revisitação nostálgica do país, onde se conta a história de um publicista aficionado da música popular elevada aos píncaros que, de tanto a querer divulgar, acaba entregue à melancolia de uma valsa peruana.

Saque (D. Quixote), de Tania James, é uma história fabulosa sobre um fabricante francês de relógios e de autómatos do século XVIII, que enviado para a Índia, toma como aprendiz um jovem indiano muito dotado, de um sultão local aficionado nas maravilhas mecânicas que faziam furor nessa época, num registo de conto oriental sobre o encontro dos dois mundos, nas suas contradições, maravilhas e equívocos.

José Guardado Moreira

Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico

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