Afinal a primeira geringonça política portuguesa surgiu no Liceu de Castelo Branco, quando em 1975, os estudantes afetos ao MRPP e à Juventude Socialista decidiram candidatar-se em conjunto, numa lista, à comissão de gestão da escola, que pela primeira vez iria integrar representantes dos alunos. Uma geringonça, que como referiu João Goulão, hoje docente, na altura aluno, acabaria por dar frutos com a vitória nas eleições, face à lista adversária afeta aos estudantes da UEC e MES.
A história surge no livro “A Revolução de Abril no Liceu de Castelo Branco”, elaborado a partir do espólio do, agora, médico Moisés Fernandes. A obra foi apresentada por Eduardo Marçal Grilo (ministro da Educação do governo de António Guterres) numa cerimónia que reuniu mais de 200 participantes, muitos das quais inscritos no Encontro de Antigos Alunos que em 1974 estudavam no Liceu albicastrense e que decorreu nesse dia.
Coordenado por Moisés Fernandes, Carlos Fernandes e João Carrega, o livro teve ainda na sua equipa de promotores o juiz conselheiro José Lopes, o jornalista Afonso Camões e os professores João Ruivo e João Goulão. Integra também textos de Josefina Fernandes, José Alves Ramos, Isabel Ceia, Joaquim Duarte, João Carlos Graça, Maria Adelaide Salvado e Carlos Correia.
Eduardo Marçal Grilo refere que “o livro é particularmente interessante e está muito bem organizado (…). É um retrato de Castelo Branco, do Liceu, do dia 25 de Abril, da barafunda do PREC, do uso e abuso da liberdade, da irreverência dos estudantes e das lutas entre partidos. Assenta numa coleção absolutamente fantástica de Moisés Fernandes, de documentos interessantes e únicos”.
Também Leopoldo Rodrigues, presidente da Câmara, realçou a importância do livro, que a autarquia apoiou. Em boa hora editaram esta obra. É uma boa forma de comemorar o 25 de Abril. Temos outros projetos para divulgar estes documentos, numa exposição que gostaríamos que fosse feita ao ar livre”.