Os mitos em torno da origem da linguagem humana, falada e escrita, são o chão onde nascem as histórias que acalentam a imaginação pelas veredas do maravilhoso. A linguagem dos pássaros é uma dessas sementes que, alimentadas pelas águas da curiosidade, tem suscitado uma colheita mais abundante. Em certas culturas, afiança-se mesmo que a dita linguagem tem proveniência angélica, tendo facultado a magia das palavras aos humanos, para que eles de desentendessem melhor até ao dia em que o mistério lhes fosse inteiramente revelado.
 Milagrário Pessoal (Quetzal), de José Eduardo Agualusa (Huambo, 1960), agora reeditado, leva-nos pela mão de um velho anarquista angolano e de uma jovem linguista lusitana pelas páginas de uma descoberta inquietante: o súbito aparecimento de neologismos que surgem como pipocas de fonte desconhecida, com o propósito insidioso de subverter o idioma. O desafio é o de descobrir a fonte de tal anomalia, que terá tido origem num misterioso documento do século XVII, onde se afirma que as palavras terão sido roubadas à “língua dos pássaros”. O enredo é caprichoso como convém a um mistério, tanto mais que um dos jogadores joga com o naipe viciado. Adicionando viagens a Angola e ao Brasil, com personagens bem caprichadas, eis um livro que faz as delícias de qualquer amante da língua portuguesa nas suas diversas matizes.
Milagrário Pessoal (Quetzal), de José Eduardo Agualusa (Huambo, 1960), agora reeditado, leva-nos pela mão de um velho anarquista angolano e de uma jovem linguista lusitana pelas páginas de uma descoberta inquietante: o súbito aparecimento de neologismos que surgem como pipocas de fonte desconhecida, com o propósito insidioso de subverter o idioma. O desafio é o de descobrir a fonte de tal anomalia, que terá tido origem num misterioso documento do século XVII, onde se afirma que as palavras terão sido roubadas à “língua dos pássaros”. O enredo é caprichoso como convém a um mistério, tanto mais que um dos jogadores joga com o naipe viciado. Adicionando viagens a Angola e ao Brasil, com personagens bem caprichadas, eis um livro que faz as delícias de qualquer amante da língua portuguesa nas suas diversas matizes.
 Memórias de um Craque (Tinta-da-china), em reedição, de Fernando Assis Pacheco (1937 – 1995), jornalista e poeta, é o repositório das crónicas publicadas no jornal desportivo “Record”, em 1972. Como assinala Abel Barros Baptista, que organizou o livro: ”Como testemunho autobiográfico, é precioso a vários títulos, e não será o menor deles aquele respeitante à própria constituição literária (do autor), que em certos aspectos permaneceu fiel ao pequeno “craque”, aqui retratado em clave auto-irónica”. Ou como bem assinalou Manuel António Pina, no “Posfácio”, o autor fala consigo mesmo “escutando furtivamente a sua própria voz” de uma infância feliz em Coimbra, nos anos quarenta, quando o brilho das façanhas desportivas, de bola na calçada aos matraquilhos de toque rápido, se metiam na pele do narrador para nunca mais deixarem de ser o que eram: lembranças de um tempo de ouro e prata, que a memória narrativa eleva à estante dos melhores troféus. Nestas crónicas, é a voz do autor que ressoa, com o seu ar de ironia burlona, numa prosa festiva de grande alcance pirotécnico.
Memórias de um Craque (Tinta-da-china), em reedição, de Fernando Assis Pacheco (1937 – 1995), jornalista e poeta, é o repositório das crónicas publicadas no jornal desportivo “Record”, em 1972. Como assinala Abel Barros Baptista, que organizou o livro: ”Como testemunho autobiográfico, é precioso a vários títulos, e não será o menor deles aquele respeitante à própria constituição literária (do autor), que em certos aspectos permaneceu fiel ao pequeno “craque”, aqui retratado em clave auto-irónica”. Ou como bem assinalou Manuel António Pina, no “Posfácio”, o autor fala consigo mesmo “escutando furtivamente a sua própria voz” de uma infância feliz em Coimbra, nos anos quarenta, quando o brilho das façanhas desportivas, de bola na calçada aos matraquilhos de toque rápido, se metiam na pele do narrador para nunca mais deixarem de ser o que eram: lembranças de um tempo de ouro e prata, que a memória narrativa eleva à estante dos melhores troféus. Nestas crónicas, é a voz do autor que ressoa, com o seu ar de ironia burlona, numa prosa festiva de grande alcance pirotécnico.
 O tenente Maro Conde, polícia cubano com queda para escritor, também protagonista deste segundo volume de Quarteto de Havana (Porto Editora), de Leonardo Padura (n. 1955, Havana), encontra-se numa encruzilhada. Composto por “Morte em Havana” e “Paisagem de Outono”, seguimos os dilemas de Conde, numa cidade à beira da catástrofe atmosférica e dos jogos de poder que agitam as chefias da polícia criminal. Os amigos são um arrimo para as incongruências e dissabores de uma vida cheia de alçapões. No primeiro caso, visitamos o meio artístico e os meandros da vida marginal da capital. No segundo caso, também a arte está no centro da história, mas com um cunho diverso. Além disso, ele vê o seu chefe ser afastado, e questiona-se ao ponto de decidir demitir-se da função. Os quatro livros deste quarteto são, acima de tudo, um hino ou elegia, a uma cidade melancólica, plena de encantos fanados, mas que conserva uma alma caribenha à prova de furacões e outras intempéries mais humanas. Mas
O tenente Maro Conde, polícia cubano com queda para escritor, também protagonista deste segundo volume de Quarteto de Havana (Porto Editora), de Leonardo Padura (n. 1955, Havana), encontra-se numa encruzilhada. Composto por “Morte em Havana” e “Paisagem de Outono”, seguimos os dilemas de Conde, numa cidade à beira da catástrofe atmosférica e dos jogos de poder que agitam as chefias da polícia criminal. Os amigos são um arrimo para as incongruências e dissabores de uma vida cheia de alçapões. No primeiro caso, visitamos o meio artístico e os meandros da vida marginal da capital. No segundo caso, também a arte está no centro da história, mas com um cunho diverso. Além disso, ele vê o seu chefe ser afastado, e questiona-se ao ponto de decidir demitir-se da função. Os quatro livros deste quarteto são, acima de tudo, um hino ou elegia, a uma cidade melancólica, plena de encantos fanados, mas que conserva uma alma caribenha à prova de furacões e outras intempéries mais humanas. Mas  aventuras de Conde não terminam por aqui. Pode ser lido em A transparência do tempo”( na mesma editora).
aventuras de Conde não terminam por aqui. Pode ser lido em A transparência do tempo”( na mesma editora).
 Ente Dois Palácios (E-Primatur) do egípcio Naguib Mahfouz (1911 – 2006), Prémio Nobel da Literatura de 1988, é o primeiro volume da Trilogia do Cairo, esse vasto caos humano e urbanístico, entre os anos de 1917 e 1949, retratando a evolução da sociedade local desde os tempos do domínio britânico aos anos do pós-guerra e do nascimento de um novo país. A lupa do escritor vai reflectir no pequeno mundo de uma família o grande palco dos acontecimentos nacionais, numa aproximação dos comportamentos humanos a uma panorâmica de ângulo aberto, incluindo as vidas pessoais nas suas circunstâncias, num cidade de pequenas ruelas e impressionantes palácios, mesquitas e praças onde a vida se manifesta em toda a sua diversidade. Para um bom complemento de contexto, leia-se
Ente Dois Palácios (E-Primatur) do egípcio Naguib Mahfouz (1911 – 2006), Prémio Nobel da Literatura de 1988, é o primeiro volume da Trilogia do Cairo, esse vasto caos humano e urbanístico, entre os anos de 1917 e 1949, retratando a evolução da sociedade local desde os tempos do domínio britânico aos anos do pós-guerra e do nascimento de um novo país. A lupa do escritor vai reflectir no pequeno mundo de uma família o grande palco dos acontecimentos nacionais, numa aproximação dos comportamentos humanos a uma panorâmica de ângulo aberto, incluindo as vidas pessoais nas suas circunstâncias, num cidade de pequenas ruelas e impressionantes palácios, mesquitas e praças onde a vida se manifesta em toda a sua diversidade. Para um bom complemento de contexto, leia-se
 História dos Povos Árabes (BookBuilders), de Albert Hourani (1915 – 1993), que é uma obra de referência fundamental quando se fala dos povos de língua árabe e os seus treze séculos de história em todos os azimutes do tema, uma janela para o mundo islâmico, em todas as suas vertentes.
História dos Povos Árabes (BookBuilders), de Albert Hourani (1915 – 1993), que é uma obra de referência fundamental quando se fala dos povos de língua árabe e os seus treze séculos de história em todos os azimutes do tema, uma janela para o mundo islâmico, em todas as suas vertentes.