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Atualidade Nenhum país está preparado para lidar com a desinformação, diz consultor da Unesco

26-12-2025

O consultor da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) na área da educação mediática, Alexandre Sayad, considera que nenhum país está totalmente preparado para lidar com a desinformação. “Todas as partes do mundo contam com países vulneráveis e nenhuma nação está 100% preparada para o fenómeno da desinformação”, afirmou Alexandre Le Voci Sayad.

Para o representante da UNESCO, trata-se de uma corrida constante por políticas que cubram educação pública, baixa escolarização, baixo nível de aprendizagem e que permitam combater a desinformação, vista como uma “preocupação fundamental”.

“A desinformação é um fenómeno que abarca desde o excesso de informação até à informação imprecisa, bem como notícias que são criadas propositadamente para prejudicar um grupo um indivíduo”, esclareceu o responsável da organização.

Alexandre Le Voci Sayad considerou que o aumento da desinformação em tempo eleitoral, em conjunto com o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA), elevam a desinformação a um nível mais complexo.

Assim, de forma a estabelecer uma estratégia de combate, o representante da UNESCO salientou a necessidade de aliar a literacia mediática e a literacia informacional.

"O objetivo é de colaboração entre as muitas epistemologias existentes neste campo trazendo uma visão focada em competências, e não apenas em abordagens ou origens académicas”, rematou o responsável.

No seu entender, "combater a desinformação é olhar para a regulação dos meios digitais, para os Direitos Humanos, para o acesso, qualidade e equidade da educação básica, para a liberdade de imprensa e também para as políticas de literacia mediática e informacional. Sem algum desses pontos, tudo fica incompleto”.

 

Portugal tem potencial para reforçar políticas de literacia mediática

 

Aquele responsável adianta que Portugal tem potencial para avançar na alfabetização mediática, mediante uma integração mais robusta de políticas públicas.

“Portugal revela um potencial significativo de avanço, sobretudo no que diz respeito à formalização e integração mais robusta de políticas públicas de Alfabetização Mediática e Informacional (AMI) no currículo escolar, na formação de professores e em estratégias nacionais coordenadas”, disse.

Tendo em conta a versão mais recente do Media Literacy Index, Portugal ocupa o 12.º lugar entre 41 países europeus, o que reflete “um desempenho consistente em indicadores estruturais associados à alfabetização mediática, com níveis educacionais relativamente elevados, liberdade de imprensa, confiança institucional e ambiente democrático”.

“No contexto europeu, Portugal situa-se claramente acima da média, ainda que abaixo do grupo de liderança tradicional, composto sobretudo pelos países nórdicos e bálticos, que contam com políticas históricas e sistémicas de educação mediática", admitiu o representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). 

Ainda assim, Alexandre Le Voci Sayad relembra que o índice sugere que Portugal enfrenta desafios comuns ao sul da Europa, como "a fragmentação de iniciativas e a ausência de uma estratégia transversal de longo prazo”.

O representante da UNESCO mencionou que a nível global a literacia mediática é “desigual e não simétrica”, uma vez que “são poucos os países que contam com políticas públicas estruturadas", embora a sociedade civil, nomeadamente através da academia, realize práticas e pesquisas sobre o assunto em quase todos os países.

Neste sentido, Alexandre Le Voci Sayad explica que a UNESCO pretende desenvolver as competências críticas de literacia mediática e informacional, a partir da capacidade de aceder, localizar e navegar na informação em diferentes meios e plataformas.

Para isso, é necessário "compreender como funcionam os ecossistemas mediáticos e as instituições informacionais", rematou o consultor.

"A isso soma-se a análise e avaliação crítica dos conteúdos, fontes e narrativas, permitindo distinguir factos de opiniões, identificar desinformação, propaganda e viés, inclusive algorítmicos, e compreender o papel social, político e cultural dos media na formação da opinião pública e na vida democrática”, referiu.

De forma transversal, Alexandre Le Voci Sayad destaca "a importância da consciência ética e legal no uso da informação e das tecnologias, incluindo a inteligência artificial, e da aprendizagem ao longo da vida, que fortalece a autonomia crítica, a adaptação a contextos informacionais em constante mudança e a participação informada e responsável”.

 

Lusa
Facebook oficial de Alexandre Sayad
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