Universidades e institutos politécnicos juntaram-se à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) para promover a empregabilidade de pessoas com deficiência no âmbito do projeto Valor T, que já empregou mais de 200 pessoas desde 2021.
Foram 21 as instituições de ensino superior que assinaram, a 4 de setembro, o protocolo com a Direção-Geral do Ensino Superior e a SCML com um objetivo comum: melhorar a empregabilidade de pessoas com deficiência, ao potenciar os recursos científicos, técnicos e humanos das instituições e criar pontes com o mercado de trabalho.
“Destas 21 instituições, todas têm já um caminho feito nesta área”, explicou à Lusa a diretora da Valor T, Vanda Nunes, que considerou fundamental a parceria com o ensino superior.
O objetivo é “agir a montante e não já depois de a pessoa terminar o seu percurso académico e estar, muitas vezes, meio perdida”, acrescentou.
Os protocolos assinados hoje, numa cerimónia que decorreu durante a tarde na sede da SCML, fazem parte do projeto Valor T, uma agência de emprego lançada em 2021 para pessoas com deficiência.
Atualmente, a agência conta com cerca de 2.000 pessoas registadas, que são acompanhadas em todas as fases do processo, e mais de 300 pessoas integradas no mercado de trabalho, segundo a responsável, que espera ver esse número crescer com a colaboração das universidades e politécnicos.
“Ao trabalharmos com as instituições, estamos a fazer um trabalho a montante, construindo um caminho novo. O nosso maior desejo é deixarmos de ser precisos, porque se o caminho for feito como queremos fazer, o recrutamento de pessoas com deficiência será feito como qualquer outro”, sublinhou Vanda Nunes.
Durante a cerimónia, o ministro da Educação, Ciência e Inovação partilhou esse mesmo desejo, reconhecendo que a necessidade de iniciativas como a Valor T revela que ainda há um caminho longo a percorrer.
“Sabemos que, apesar das melhorias que se registaram ao longo das últimas décadas, continua a haver muitas falhas”, disse Fernando Alexandre no final do encontro, antecipando que “se for bem-sucedido, vai deixar de existir” e, nessa altura, a sociedade será “muito melhor”.
Em declarações à agência Lusa, também o diretor-geral do Ensino Superior sublinhou o papel das instituições, não só ao longo de todo o percurso académico, mas mesmo depois de os jovens se diplomarem.
“É fundamental que, conseguindo ultrapassar todas estas etapas com tantas dificuldades, cheguem ao mercado de trabalho e tenham oportunidades. As instituições de ensino superior não podem deixar de olhar para esses jovens no dia em que lhes chega à mão o certificado”, disse Joaquim Mourato.
A ponte entre o ensino superior e o mercado de trabalho pode começar a ser construída ainda antes disso, por exemplo, através dos estágios curriculares.
“Este projeto vem dizer às instituições que estamos aqui também para que, em conjunto, consigamos dar oportunidades aos diplomados”, sublinhou o diretor-geral, que considera que, dessa forma, será possível fazer mais.
A execução dos protocolos vai assentar num plano anual de ação que será definido em articulação com cada instituição de ensino superior, e que incluirá metas e será acompanhado e monitorizado por representantes designados pelas instituições, pela Direção-Geral de Ensino Superior e pela Santa Casa.