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Atualidade Nanossatélite português é enviado para o espaço no voo inaugural do foguetão Ariane 6

09-07-2024

O nanossatélite português ISTSat-1, construído por estudantes e professores do Instituto Superior Técnico (IST), é lançado, dia 9 de julho, em Kourou, na Guiana Francesa, entre as 19:00 e as 23:00 (hora de Lisboa), para o espaço no voo inaugural do novo foguetão europeu Ariane 6.

Na sua página de internet, o Instituto Superior Técnico recorda que a construção do nanossatélite teve o "contributo de cerca de 50 pessoas. Deu origem a mais de 20 dissertações de mestrado e requereu a superação de várias e exigentes etapas de desenvolvimento, depois de ter sido um dos projetos escolhidos pela Agência Espacial Europeia (ESA)".

Na mesma página, Rogério Colaço, presidente do IST, considera que "o lançamento deste ISTSat-1 será um momento histórico, lembrado no futuro como um momento fundacional de tudo o que aprendemos na construção de um satélite em Portugal”. 

Rui Rocha, professor do Técnico e coordenador do projeto, explica na mesma página, que “este projeto apresenta um sistema de engenharia que envolve várias componentes, desde engenharia eletrotécnica, engenharia mecânica, comunicações, protocolos e software. É um projeto multidisciplinar ótimo para ajudar a formar bons profissionais de engenharia e, portanto, algo que deve ser acarinhado na escola (...) Se tivesse dinheiro, comprava um satélite feito. Mas não é isso que nós queremos – queremos, sim, aprender fazendo, queremos dominar a tecnologia e, desse ponto de vista, este projeto, com a opção que nós tomamos de fazer tudo, foi extraordinariamente importante”.

O projeto é coordenado por Rui Rocha, professor do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores (DEEC) do Técnico, investigador no Instituto de Telecomunicações (IT) e diretor e um dos fundadores do IST NanosatLab. Teve o suporte financeiro do Técnico, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores: Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID), do Instituto de Telecomunicações (IT) e do Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC). Contou também com a participação de elementos do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR Lisboa), bem como com o apoio de várias empresas ligadas ao sector.

 

Hora da verdade

 

O teleporto de Santa Maria, nos Açores, operado pela Thales Edisoft Portugal, vai ser a primeira estação a fornecer dados do foguetão, cujo voo inaugural "marca o regresso da capacidade operacional europeia de acesso ao espaço".

A bordo do foguetão seguirá o ISTSat-1, o primeiro nanossatélite concebido por uma instituição universitária portuguesa e o terceiro satélite português a ser enviado para o espaço, depois do nanossatélite Aeros MH-1, em março, e do microssatélite PoSat-1, em 1993, que envolveram a participação de empresas.

O ISTSat-1 vai servir para testar um novo descodificador de mensagens enviadas por aviões que permitirá a sua deteção em zonas remotas e aferir a viabilidade do uso de nanossatélites na receção de sinais sobre o estado de aeronaves, como velocidade e altitude, para efeitos de segurança aérea.

O nanossatélite, um "cubo" que custou cerca de 270 mil euros, vai estar posicionado a 580 quilómetros da Terra, acima da Estação Espacial Internacional, a "casa" e laboratório dos astronautas, e enviar os primeiros dados até cerca de um mês depois do início das operações.

Ficará em órbita entre cinco e 15 anos antes de reentrar na atmosfera.

Junto com o ISTSat-1 irão outros satélites e equipamentos científicos de instituições, empresas e agências espaciais estrangeiras.

O Ariane 6, cujo voo inaugural ocorre com um atraso de quatro anos e teve um custo de 4,5 mil milhões de euros, irá suceder ao Ariane 5, que fez o seu último voo em julho de 2023.

A Agência Espacial Europeia (ESA), da qual Portugal é Estado-Membro desde 2000, prevê um segundo lançamento, desta vez comercial, da nova gama de foguetões europeus até ao final do ano. Para os dois anos seguintes estão programados 14 voos.

É com este tipo de foguetão que a ESA pretende enviar em 2026 a sonda espacial Plato, que irá "fotografar" milhares de estrelas e procurar planetas semelhantes à Terra. A missão tem participação científica portuguesa, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

A assinalar a data do lançamento do ISTSat-1, o polo de Oeiras do IST promove o debate "Como preparar a próxima geração para uma nova era no espaço?" e assina um protocolo com o município local e com o CEiiA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento para a criação do Oeiras Valley Space Hub, um centro direcionado para atividades espaciais.

O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, e a secretária de Estado da Ciência, Ana Paiva, participam na cerimónia que assinala o lançamento do Ariane 6 no polo de Oeiras do Instituto Superior Técnico.

EM com Lusa
Gonçalo Gouveia / Técnico
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