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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVII

Ensino Superior Caminhos de transição e esperança

04-08-2021

As mudanças dos ciclos de estudos são marcos importantes na vida de qualquer estudante. Os finalistas do ensino secundário aguardam com ansiedade justificada os resultados dos concursos nacionais para finalmente saberem se as suas expetativas foram, ou não, confirmadas pelos números afixados em pauta. Estes poderão significar mudanças mais ou menos profundas nas rotas desenhadas para os cursos do ensino superior. Daqui decorre uma ansiedade tanto mais compreensível quanto os resultados obrigam a ajustes pontuais, ou mesmo a mudanças profundas nos projetos dos jovens e respetivas famílias.
Neste contexto é oportuno recordar a relação entre tempo, expectativa e mudança exemplarmente cristalizada por Luís de Camões. O poeta condensou de modo genial a relação complexa que cada um de nós trava com os tempos de vida e as expectativas sonhadas. Os desníveis entre desejos imaginados e agruras do real decorrem de resultados por vezes inesperados, daí que o nosso maior poeta tenha escrito:
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.”
Sabe-se que quaisquer rotas de mudança não são - nunca foram - de concretização fácil, ou imediata. A este respeito, recorde-se que a necessidade migratória tem subjacente a adaptação a processos de aculturação de complexidade variável, mesmo os que ocorrem no interior das fronteiras do território nacional.
Migrar para viver e estudar fora do nosso ambiente implica uma boa capacidade de adaptação a novas situações e sobretudo um grau de inteligência emocional com competências suficientes para gerar uma integração harmoniosa nos novos ambientes académicos. Neste contexto, a aquisição de conhecimentos e a sua posterior assimilação em competências e vivências exigem tempos de maturação diretamente proporcionais à idade dos estudantes.
Uma vez mais se recorre ao génio do nosso primeiro poeta para recordar o magistral pensamento contido na chave do soneto citado:
“O tempo cobre o chão de verde manto, / que já coberto foi de neve fria / e em mim converte em choro o doce canto.”
“E, afora este mudar-se cada dia, / Outra mudança faz de mor espanto:/ Que não se muda já como soía.”
Uma palavra de ânimo e confiança para todos os que não conseguiram concretizar os seus objetivos na certeza de que no próximo ano letivo irão vencer. Para todos os jovens que vão iniciar novas aprendizagens numa escola do ensino superior os desejos de um percurso enriquecedor com final feliz.

Carlos Correia
Professor Universitário
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