Representantes dos estudantes do ensino superior voltaram a entregar, no dia 5 de setembro, uma carta aberta ao Governo, insistindo para serem ouvidos pela tutela, e consideraram que as respostas aos problemas “são poucas ou nenhumas”.
A carta aberta, assinada por associações estudantis de 10 instituições de ensino superior, já tinha sido entregue no Ministério da Educação, Ciência e Inovação no final de abril, mas, sem respostas, os estudantes voltaram hoje a insistir.
“Até em virtude de estarmos no início do ano letivo e de vermos já um conjunto de coisas a verificar-se e as soluções a não serem correspondentes aos interesses dos estudantes, decidimos entregar a carta”, explicou à Lusa o presidente da associação de estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, uma das subscritoras.
À porta do Palacete de São Bento, residência oficial do primeiro-ministro e onde está a decorrer hoje a reunião do Conselho de Ministros, os estudantes esperavam ser recebidos por algum representante do Governo, mas foram embora menos de uma hora depois, com as expectativas frustradas.
Segundo Guilherme Vaz, o objetivo era deixar um sinal de alerta ao executivo, a pouco mais de um mês de ser entregue à Assembleia da República a proposta do Orçamento do Estado para 2025 e perante o possível descongelamento das propinas, noticiado no domingo pela RTP, mas sem confirmação por parte da tutela.
“É algo que nos preocupa brutalmente”, sublinhou o dirigente associativo, alertando que os estudantes não vão aceitar retrocessos e responderão “na rua”.
Por outro lado, acrescenta, os problemas explanados no texto original mantêm-se, desde a falta de alojamento estudantil e de psicólogos, ao subfinanciamento das instituições e a pouca representatividade dos estudantes nos órgãos de gestão.
“As medidas que o Governo tem tomado não vão ao encontro das preocupações que são levantadas na carta, que são as preocupações dos estudantes de todo o país. As soluções apresentadas são poucas ou nenhumas e as que existem não dão resposta estrutural”, explicou.
Na carta, entregue em abril, os estudantes deixavam críticas ao programa do Governo, que dizem abrir um caminho de "aprofundamento da privatização e da mercantilização do ensino superior".
Insistindo no fim das propinas, taxas e emolumentos, "indiscutíveis barreiras económicas no acesso e frequência do ensino superior e um ataque ao seu caráter público", defendem também o aumento do valor das bolsas e a simplificação do processo de candidatura, para que "não afaste os estudantes das bolsas no meio de tanta burocracia".
Sobre um dos principais problemas atuais - a falta de alojamento - os estudantes recusam "depender do privado e do seu caráter especulativo" e exigem que seja o Estado a assegurar alojamento público.