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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVIII

Primeira Coluna Do digital às férias com doce sabor

17-07-2025

Pela primeira vez os alunos do 9.º realizaram as suas provas de final de ciclo de uma forma totalmente digital. Os resultados, publicados dois dias depois do previsto, apresentam médias muito semelhantes às registadas do ano passado, com a matemática a surgir com 52 valores, numa escala de 0 a 100 (em 2024 esse valor foi de 51) e português com 58 (quando no ano transato foi de 59). Numa outra perspetiva, verifica-se que na disciplina de matemática só 49,2% dos alunos obtiveram positiva. No português só 69% obtiveram nota superior a 50 valores.

Esta análise, ainda que superficial, revela semelhanças face ao ano passado, que, no entanto, não podem ser vistas de uma forma tão linear. Isto é, as provas de final de ciclo, embora com os mesmos currículos associados, realizaram-se de um modo diferente. Foram estas as regras do jogo e certamente que, no próximo ano, a manterem-se as provas digitais, os dados poderão ser mais justamente “analisados” face ao passado.

Sabemos que a mudança provoca incómodo e desconfiança. Mas as escolas souberam, através dos seus professores e funcionários, dar uma resposta efetiva a todo este processo. Não foi fácil. O Estado distribuiu, ao longo dos últimos anos, milhares e milhares de computadores portáteis aos estudantes e aos docentes, preparando o terreno para algo que já tinha sido anunciado há alguns anos: as provas em formato digital.

Falo de uma aposta nunca antes feita com esta dimensão, que exigia mais respeito por parte de todos: estudantes, famílias, professores. Permitir que todos tenham acesso a um computador, de forma gratuita, exige responsabilidade e compromisso na sua utilização. Não se pode chegar ao momento de eles serem necessários e os mesmos não estarem disponíveis, ou porque são os pais que os estão a utilizar, ou porque são muito pesados para levar para a escola, ou simplesmente porque não se sabem deles, ou porque se avariaram, e mesmo estando na garantia, não há quem resolva o problema.

Felizmente a grande maioria cumpriu. Nos casos em que isso não aconteceu a escola fê-lo. De resto, a escola soube reinventar-se e concretizar uma proposta que já vinha de anteriores governos, tornando as provas digitais uma realidade, mesmo sem que tivesse havido formação adequada para a sua implementação.

Acredito que o mais difícil foi feito e espera-se que a segunda fase decorra sem problemas de maior, apesar do processo já ter começado com dois dias de atraso. O inquérito, promovido pelo Ministério da Educação, determinará o porquê dos resultados não terem sido divulgados na data certa. Neste período, professores, pais e estudantes, sobretudo estes, viveram na incerteza do amanhã. Não quero crer que o sistema e a plataforma informática não tivessem sido testados em todas as suas variáveis.

O problema não terá sido de fácil resolução. Percebeu-se pelo tempo percorrido. O que não se percebeu foi a ausência de comunicação de quem tinha a obrigação comunicar: o ministério. Bastavam duas ou três linhas num comunicado para tranquilizar os estudantes, as famílias e as escolas que passaram a ser contactadas repetidamente pelos alunos e encarregados de educação. Tinha-se evitado muito ruído.

No final, quem não teve aprovação ficou automaticamente inscrito nas provas de segunda fase. Uma medida correta e facilitadora adotada pelo Ministério que, ainda assim, certamente alargou o número de inscritos, pois não era líquido que todos se fossem inscrever. O que se deseja é que todos tenham sucesso: os alunos, a escola e a tutela. Se assim for as férias terão um sabor mais doce e não se falará mais no assunto...

João Carrega
Diretor carrega@rvj.pt
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