Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) divulgados a 5 de dezembro vieram demonstrar um agravamento das dificuldades que os jovens de 15 anos sentem para realizar tarefas básicas a Matemática e Leitura. O estudo reporta-se a 2022, segundo o qual os estudantes avaliados tiveram menos 20 pontos na prova de matemática que os seus colegas que a realizaram em 2018.
Portugal acompanhou a tendência registada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) nos diferentes países. Esta foi também a primeira avaliação após a pandemia que virou de pernas para o ar todo o ecossistema educativo, que obrigou a escola a adaptar-se para algo desconhecido, num período, e há que dizê-lo, em que Portugal no seu todo conseguiu dar uma resposta que classifico como muito positiva, procurando não deixar ninguém para trás.
É evidente que esta quebra verificada agora não pode ser atribuída na totalidade à pandemia, mas não devemos ignorar tudo aquilo que ocorreu num período que mais pareceu saído de um filme de ficção científica, onde certamente por mais esforço e competência de professores, alunos e das suas famílias, nada foi normal. Não devemos olhar para os resultados de uma forma simplista. Importa perceber o que está a falhar - algo que não é comum apenas a Portugal, pois as dificuldades apontadas são encontradas em muitos outros países e a quebra já vinha a ser registada anteriormente - num cenário em que a envolvente da escola tem mudado de forma vertiginosa.
De igual modo, não podemos criar a ideia na opinião pública de que o ensino e a escola estão uma desgraça, que no antigamente é que era bom, quando no antigamente os resultados chegaram a ser muitíssimo piores. O discurso populista de que tudo está mal não beneficia ninguém. Importa, isso sim, perceber o que ocorreu e porque é que ocorreu, para que se possam adotar medidas que invertam a tendência. Mas é necessário olhar para os resultados positivos desta avaliação, divulgá-los e valorizá-los. Há na sociedade portuguesa e em muita da comunicação social a prática insistente de realçar os aspetos menos positivos e com isso crucificar, de forma generalizada e injusta, todo o ecossistema educativo. Uma perspetiva que só contribui para piorar a autoestima de quem está a ensinar e a aprender, mas também de quem se encontra do lado de fora.
Portugal não é o melhor, mas também não é o pior país da OCDE. Encontra-se no meio da tabela. Nesta avaliação participaram cerca de 690 mil alunos de 15 anos de 81 países e economias, entre os quais quase sete mil jovens de 224 escolas portuguesas. Os dados avaliados abrangem diferentes aspetos. Numa dimensão que vai para lá da aprendizagem e do ensino, mas que influencia comportamentos e resultados, 96 por cento dos alunos portugueses dizem sentir-se seguros na escola (sala de aula), quando a média da OCDE é de 93%. De igual modo seis por cento dos jovens portugueses avaliados dizem ter sido vítimas de ‘bullying’. Por outras palavras, os jovens sentem-se seguros na escola.
Sem demagogias, alarmismos ou otimismos exagerados, cabe ao país analisar os resultados obtidos e adotar medidas que possam contribuir para a melhoria dos indicadores que não são tão positivos como seria desejável. A educação é o melhor instrumento que o país tem ao seu dispor para garantir o seu futuro num mundo cada vez mais competitivo e exigente.
Sejamos honestos e deixemos as questões político-partidárias de parte.