As escolas portuguesas vão necessitar de recrutar mais de 39 mil professores até ao ano letivo 2034/35. Os números foram apresentados este mês, no Teatro Thalia em Lisboa e fazem parte do estudo "Diagnóstico de Necessidades Docentes de 2025 a 2034”, realizado Nova SBE, e que tem em conta os docentes que nesse período serão aposentados. O problema é que as instituições de ensino superior, segundo a oferta atual, só conseguem formar 20 mil professores nesse espaço temporal.
Há casos, comprovados, de quartos de 10 metros quadrados, para dois estudantes, em pisos com corredores em que habitam cerca de 60 alunos de ambos os sexos, com apenas uma casa de banho de resposta. Certamente que também haverá o inverso. Mas é nos que agora referi que as instituições de ensino superior portuguesas se devem focar, de modo a garantir as melhores condições de habitação aos seus alunos que vão para Erasmus.
Se a abertura de mais vagas é uma oportunidade para que muitos jovens optem pelos cursos de formação de professores, há que tornar a profissão docente mais aliciante. E, como referia o meu professor de economia, é “aqui que a fémea do suíno torce o apêndice caudal”. O curto vencimento de arranque nas funções, o excesso de burocracia, o andar com a casa às costas, são fatores que podem desincentivar uma geração que não está muito habituada a sacrifícios. No entanto, a garantia de emprego no Estado poderá falar mais alto.
Se não perceberem que o futuro tem que se fazer em conjunto e de mãos dadas, com projetos concretos que alavanquem as instituições e as cidades, o risco de colapso das IES dos territórios de baixa densidade, a médio-prazo, é muito elevado. Dois ou três anos com esta quebra do número de caloiros… é uma questão de se fazerem as contas. Quem perde é o país, mas primeiro são as regiões.
Mais do que o descongelamento das propinas no ensino superior, a partir do ano letivo 2026/27, deve preocupar-nos o conceito e a ideologia que está por trás da medida anunciada pelo Ministro da Educação, Fernando Alexandre. Refere o governante, em entrevista concedida à SIC Notícias que “há uma grande desigualdade de acesso ao ensino superior. Reduzirmos as propinas é colocar toda a sociedade a pagar o ensino daqueles que tiveram o privilégio de frequentar ensino superior e isso é regressivo”.
Percebe-se agora que a alteração às regras de candidatura via CNAES provocaram um terramoto que se prevê seja seguido de um tsunami, sobretudo nas IES do interior do país e na dinâmica das próprias regiões.
O Estado divorciou-se da maioria do território nacional. Deixou quem lá vivia e vive sem chão, sem perspetiva de um futuro justo. É de justiça e igualdade que se trata. As autarquias fazem o que podem. Reinventam-se, criam programas de saúde ao domicílio, de apoio psicológico, procuram novas empresas, mas têm que andar ao “beija mão” seja qual for o Governo.
Não terá sido apenas uma a razão para a diminuição no número de estudantes que apresentaram a sua candidatura na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES). Face ao ano passado são menos 9046 os alunos que procuram um lugar numa universidade ou politécnico. Em 2020 eram cerca de 60 mil e nos seguintes foi um número muito próximo, pelo que os 49 mil 595 candidatos (são 55 mil as vagas disponíveis para o regime geral) que, entre 21 de julho e 4 de agosto, concorreram a uma licenciatura ou mestrado integrado, merece uma reflexão de todos.
“Uma graçola bem feita no Tik Tok transforma um imbecil num herói”. As palavras são do escritor Valter Hugo Mãe e foram proferidas ao Ensino Magazine, numa entrevista notável, que coloca o dedo na ferida de uma sociedade em que a chegada à idade adulta não coincide com a maturidade exigida a quem já tem o poder de votar e de decidir a sua vida.
Pela primeira vez os alunos do 9.º realizaram as suas provas de final de ciclo de uma forma totalmente digital. Os resultados, publicados dois dias depois do previsto, apresentam médias muito semelhantes às registadas do ano passado, com a matemática a surgir com 52 valores, numa escala de 0 a 100 (em 2024 esse valor foi de 51) e português com 58 (quando no ano transato foi de 59). Numa outra perspetiva, verifica-se que na disciplina de matemática só 49,2% dos alunos obtiveram positiva. No português só 69% obtiveram nota superior a 50 valores.
Aquilo que se espera é que a comunidade escolar dê o seu contributo. Se não o fizer está a enfiar a cabeça na areia e isso normalmente dá maus resultados e queixumes tóxicos de quem apenas só sabe dizer mal e nada faz. Haja coragem.
“Falamos muito de estratégias para abordar a vida online, mas esquecemo-nos da vida offline”. As palavras são de Ivone Patrão, psicóloga especializada em comportamentos de dependências online e devem merecer a atenção de todos. O tema não deve ser analisado de uma forma superficial e exige responsabilidade das famílias e da sociedade.
A inclusão de indicadores de bem-estar, não apenas dos estudantes, mas de toda a comunidade académica, deve começar a fazer parte da avaliação e acreditação das instituições de ensino superior. Acredito que essa medida irá contribuir para a adoção medidas ainda mais efetivas no combate a este problema que leva a que muitos alunos abandonem ou comprometam os seus estudos, e que muitos professores e funcionários tenham baixas prolongadas ou, não as tendo, desempenham de forma deficiente a sua vida profissional condenando também a sua vida pessoal e social. Uma universidade infeliz será sempre uma academia condenada e sem futuro.
Haja visão e coragem para enfrentar a obsessão totalitarista de governantes que querem, e estão, a brincar com o mundo e a quem muitos já chamam de indesejáveis...
Harvard, nos Estados Unidos da América, assume-se como uma das melhores universidades do mundo. Por ali passaram 162 prémios Nobel. Este ano tem matriculados 6700 estudantes estrangeiros, o que corresponde a 27 por cento do número total de alunos. Esta diversidade e a busca de ter os melhores tornam a Universidade de Harvard como uma das mais desejadas pelos estudantes de todo o mundo, mas acima de tudo fazem dela um espaço de superlativo de conhecimento em que diferentes olhares e culturas fazem avançar o mundo.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) acaba de divulgar o seu relatório “Como é a vida das crianças na era digital?”. Os dados revelam que, em 2021, 93 por cento das crianças até aos 10 anos de idade já tinham tido algum contacto com a internet, e cerca de 70% já tinha telemóvel/smartphone.
De uma forma muito simples, o Papa Leão XIV passou a sua mensagem, numa comunicação clara e objetiva. Sem rodeios. Rigorosa. Surpreendente pela sua simplicidade e, ao mesmo tempo, forte pelo seu conteúdo: paz e diálogo. Que o mundo e, em particular, as casas do saber saibam interpretar as suas palavras e que a intolerância, a arrogância e a falta de sentido democrático sejam afastadas de uma vez por todas. Nós estaremos atentos e não pactuaremos com isso. Só assim seremos rigorosos e livres para informar com verdade.
Vasco Lourenço, um dos capitães da “revolução dos cravos”, referia, com propriedade, que o Papa Francisco defendeu os valores de Abril: democracia, igualdade, justiça, inclusão, educação para todos, dar voz aos mais pobres, solidariedade.