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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVIII

Aurora Pinto, cantora e compositora 'A escrita e as palavras são o meu universo'

15-12-2025

Com 17 anos recém-cumpridos, Aurora Pinto é já um nome incontornável da nova geração de talentos nacionais. Em entrevista, confidencia os seus sonhos e ambições.

O ano de 2025 representou uma viragem, com o desafio de uma carreira a solo. Primeiro com o single «Cães e Gatos» e em novembro com «Até que a morte nos separe», lançado no dia do seu 17.º aniversário, a 6 de novembro.  Está a ser um ano em grande…

Sem dúvida. Foi este ano em que começou a minha carreira a solo. E também como compositora, estou a trabalhar em vários projetos. Por isso, o balanço é muito positivo.

No single «Até que a morte nos separe», ao contrário do que o título possa sugerir, a letra da música parece transmitir que as relações são eternas apenas enquanto duram. Percebi bem?

Sim, quando se criou o tema existiu essa intencionalidade. É uma temática que não vejo muito presente em canções e gostava muito de abordá-la. O título diz uma coisa e a letra leva para outro sentido, completamente diferente. O nosso intuito com esta canção era ridicularizar um bocado as relações que há hoje em dia e que acabam, quase todas, por ser muito curtas, mas muito intensas. E procurámos retratar, na canção, as relações em que praticamente desde o início o casal sabe que não vai ficar junto.

O que é que a inspira a compor: o amor, o desamor? Ou no caso de «Cães e Gatos» também aborda a crítica social quando diz «porque é que o mundo não é controlado pelos cães e pelos gatos» e «ninguém é quem aparenta ser»?

Vou buscar inspiração a muita coisa. Absorvo tudo o que me rodeia. Na verdade, vivemos num mundo em que olhamos para qualquer lado e tudo serve de inspiração. Tanto pode ser o sítio onde vivo, o sítio onde não vivo, as histórias que saem da minha cabeça, o que vejo no cinema, etc.  O meu tipo de composição favorita são histórias. O «Cães e Gatos» fugiu um pouco ao meu padrão, focando a dimensão da crítica social.

Disse em entrevista recente que «mais do que artista, sou compositora». É possível dissociar essas vertentes? Uma consegue viver sem a outra?

Compor é a minha parte favorita. No meu entendimento, existe uma barreira que separa a dimensão do artista e do compositor. Falo não só do meu caso, mas também de outros artistas. Quando componho estou numa forma de pensar diferente do que quando estou a cantar. Pode parecer confuso, mas é assim que eu vejo este processo. Mas, apesar disso, o artista e o compositor não podem viver um sem o outro e caminham sempre de mãos dadas.

É compositora das suas criações e também escreve para outros artistas, como é o caso de “Casar é para esquecer” e “Pobre ex-namorado”, interpretados pela banda alentejana Vizinhos. Li que no seu caso é a letra que guia a música. Como é que nasce e se constrói esse processo?

Não começo pelo poema em si, começo é por uma frase que vai conduzir ao resto. A letra é, no fundo, aquilo a que eu dou prioridade. Se for preciso, altero uma melodia para que a letra consiga encaixar.  E não o contrário. Nesta última música, tínhamos o mote que era «não sei até que ponto é que gosto da ideia de ficarmos juntos até que a morte nos separe». E foi a partir daqui que se construiu toda a canção.

No início do ano haverá novo single e sei que já tem uma tatuagem alusiva a esse momento. É segredo ou já se pode levantar a ponta do véu?

Sim, ainda é um bocado segredo. Mas confesso que estou muito ansiosa para que saia. Posso dizer que é a minha canção favorita e é a que quero mais que as pessoas oiçam. Mas posso adiantar que tem uma mensagem completamente fulcral para ouvir.

Com 11 anos dizia que Axl Rose, dos Guns N' Roses, era o seu cantor favorito. Hoje, mais velha, que tipo de músicas e artistas a inspiram?

Tenho várias inspirações. Do estrangeiro, pode ser a Billie Eilish, por exemplo, e outros artistas. Mas procuro inspirar-me em artistas portugueses. Temos uma cultura cheia de artistas muito talentosos. É o caso do Buba Espinho, Rui Veloso, Carolina Deslandes, etc. Todos estes têm uma grande influência na minha sonoridade.

Em Portugal existe muito a tradição dos duetos ou «featuring». Colaborou com Zarko, que também foi nosso entrevistado recente para este jornal, em «Serenata», num «videoclip» gravado numa praia. Estas parcerias são um sinal de que mais do que competição há um ambiente saudável entre colegas de profissão?

Acho que sim. Na verdade, adoro fazer duetos e escrever para outros artistas. O «featuring» é ótimo para promover um ambiente saudável entre artistas e quebra a ideia de que estamos todos em competição. No fundo, tornamo-nos uma irmandade. O mundo da música pode ser muito complicado e se estivermos todos juntos pode ser muito mais fácil.

Em Portugal, tem a ambição ou o sonho de escrever para algum artista?

Por mim, escrevia para toda a gente que pudesse. E não estou a dar graxa a ninguém. Adoro explorar mundos diferentes. Mas se tivesse de escolher um género musical que gostava de explorar a fundo seria, por exemplo, o fado. E, já agora, se tivesse de escolher um artista, dentro deste género, seria a Sara Correia.

Chegou à final do «The Voice Kids», tendo conquistado o 2.º lugar. Qual é a importância destes programas para lançar novos talentos?

A presença no «The Voice» ajudou-me bastante, dando-me grande visibilidade. Tive pessoas que quiseram trabalhar comigo porque me viram no programa e outros que passaram a seguir o meu trabalho porque me viram lá. O importante destes programas não é tanto ganhá-los, é mais pela visibilidade e pela experiência que se adquire com eles. Veja-se o caso da Rita Rocha, que esteve comigo no programa, também não ganhou, e está numa ótima fase. Portanto, fica o conselho: não tenham medo de participar!

Quais são os seus planos em termos de carreira académica?

Estou a acabar o ensino secundário, na área de Línguas e Humanidades. O meu plano para o futuro é ir para a área de Línguas e Literaturas. No fundo, a escrita e as palavras são o meu universo. Quero continuar os meus estudos numa faculdade que dê seguimento a este meu sonho da literatura.

 

A CARA DA NOTÍCIA

Lançamento no «The Voice Kids»

Nascida em Viseu, Aurora Pinto é uma das jovens promessas da música portuguesa. Com apenas 17 anos, a cantora, compositora e multi-instrumentista, começou a escrever desde cedo. Para ela, a narrativa é essencial: a letra deve guiar a canção. Já escreveu para artistas como ATOA, Júlia Machado,  Archie e os Vizinhos,  mas o seu percurso musical começou no «The Voice Kids», onde escolheu Marisa Liz como mentora. Depois, integrou os LUA. Introvertida por natureza, encontra na música a melhor forma de expressão. Apaixonada por histórias, é leitora ávida e apreciadora de cinema. Na sua carreira a solo, «Até que a morte nos separe» é o seu mais recente single, após o sucesso da estreia com «Cães e Gatos».

Nuno Dias da Silva
Universal Music Portugal (Direitos Reservados)
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