Miguel Gameiro assinalou com os Polo Norte, em 2020, os 25 anos de carreira. A par da música é também Chef de cozinha. Teve restaurantes e tem abraçado vários projetos na área da gastronomia. É um dos embaixadores da associação Quatro Corações, de que o Ensino Magazine é parceiro. É também um dos impulsionadores do Festival + Solidário que em agosto vai juntar em Castelo Branco bandas, artistas e chef’s nacionais.
O Miguel Gameiro é visto pelo público como um músico, mas também como um Chef e alguém que gosta de promover a gastronomia. Como é que se define?
Fez, na questão, quase o resumo. Sou músico há 25 anos. Fiz formação em cozinha, em 2010, na Escola de Hotelaria do Estoril e, posteriormente, em França. Já tive restaurantes. Essencialmente, divido-me entre a música e a gastronomia.
Está associado à associação Quatro Corações desde o seu início. Como é que surgiu esta relação e que aprendizagens resultaram desta comunhão de esforços?
O convite foi-me feito, no início da pandemia, pelo Hélder Martins. Pensou-se na ideia de fazermos um hino que representasse a associação e o trabalho feito na altura pelas diferentes entidades que asseguravam os cuidados dos cidadãos, como os bombeiros ou a polícia. Tenho também colaborado nalgumas antenas ligadas à Quatro Corações na confeção de refeições e na sua distribuição.
Fruto desta relação surge, em agosto, o Festival + Solidário, naquele que será um dos maiores festivais de verão da zona centro do país e o único com cariz solidário. O que é que se espera?
É um festival com cariz social, apesar de englobar as normais atividades que um festival tem, como música e iniciativas lúdicas. É, acima de tudo, um festival integrador para que as pessoas se sensibilizem para o trabalho da Quatro Corações, mas também de outras associações que promovem o bem-estar social dos outros, que por força das circunstâncias, se viram privados do seu modo de vida e da sua subsistência. Este festival serve, sobretudo, para isso.
O Festival decorre nos dias 5, 6 e 7 de agosto, na zona de lazer de Castelo Branco, com um cartaz muito diversificado. Abre no dia 5 com os Xutos & Pontapés e Fingertips, tem no dia 6 o João Pedro Pais e o David Carreira e no dia 7 eu próprio, com os Polo Norte, e os Quinta do Bill. Estarão ainda presentes outros artistas que estão a ser fechados. Teremos também um espaço de gastronomia onde marcarão presença alguns cozinheiros de renome, haverá atividades para as crianças e para as famílias. A própria região será promovida.
O Festival também é uma forma de chamar a atenção aos mais jovens e menos jovens sobre a importância de temas como “ajudar quem mais precisa”?
Sim, exatamente. Aquilo que procuramos fazer é que as pessoas que podem participar nestes eventos se sintam sensibilizados. O cariz social estará presente em todos os pontos do Festival.
Nesta relação com a Quatro Corações tem participado em inúmeras iniciativas, quer com a música, quer na cozinha. O que mais o tem marcado neste percurso?
Uma coisa é nós sabermos que há dificuldades económicas e sociais - e com pandemia houve um grande acréscimo. Outra é nós sermos confrontados com essa realidade. Olhos que não veem é coração que não sente. É muito triste e desolador ver pessoas que tinham uma vida normal, feliz, e que por forças das circunstâncias se viram privadas dela. Cada vez se fazem mais refeições, infelizmente. Cada vez são mais pessoas a solicitar apoio. Por isso é importante aumentarmos e abrir novos espaços para servir refeições e apoiar as pessoas.
No que respeita à sua carreira. Tivemos dois anos de pandemia. Como é que ultrapassou esse período, sabendo que não havia espetáculos, nem eventos públicos?
No início foi um pouco complicado. Trabalhamos nesta área há muitos anos e é isto que gostamos de fazer. Vermo-nos privados deste trabalho é muito difícil. Mais, ainda, quando vemos colegas que trabalham diretamente connosco e que se viram privados do seu trabalho, como técnicos que são essenciais para nós. Quando as pessoas assistem a um concerto apenas olham para o artista, mas há todo um trabalho por trás feito por essas pessoas. Agora há que arregaçar as mangas e seguir em frente.
Foi um momento para compor novos temas?
Não, não tive grande vontade para o fazer. Houve colegas que o fizeram. Cada um sente as coisas à sua maniera. Eu apenas fiz um tema, que falava da ligação entre as pessoas.
Vem aí o verão. Vai haver muita estrada, muitos concertos e também algumas sessões de cozinha?
Sim, felizmente. Houve muitos concertos que foram cancelados pela pandemia, mas houve muitos outros que transitaram para este ano. Entretanto marcaram-se também novos concertos. Iniciámos a tournée no norte do país, estive na Figueira da Foz, irei para Bruxelas, depois Sobrado, Valongo... Terminarei a 7 de dezembro no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, num concerto que encerrará as comemorações dos 25 anos dos Polo Norte.
Para quando um novo álbum?
Estou a compô-lo. No final do ano já terei um single, e o novo álbum sairá em 2023.
E na área da gastronomia, haverá novidades?
Tenho feito alguns projetos, essencialmente Show Cooking com a Rede das Termas do Centro do País, que me fez o convite para cozinhar com produtos endógenos. Foi um projeto que me levou a 18 estâncias termais. Irei estar na Figueira da Foz, onde à noite farei um concerto e de manhã estarei a cozinhar.