A primeira edição da Fórmula Student em Portugal decorreu entre 31 de julho e 5 de agosto, no Kartódromo de Castelo Branco. A também chamada Fórmula 1 Universitária reuniu mais de meio milhar de estudantes universitários de oito países e 24 equipas de diferentes instituições de ensino superior, que ali competiram com carros totalmente desenvolvidos por si.
Este conceito, que surgiu em 1978 nos Estados Unidos da América, envolve apenas alunos de diferentes cursos de engenharia e tem como objetivo construir os melhores carros e estimular soluções tecnológicas inovadoras, dentro de um apertado orçamento e das regras complexas, regra geral, das provas sob a égide da Federação Internacional de Automobilismo (FIA).
Circuitos como Silverstone (Inglaterra), Hockeinheim (Alemanha) ou Fiat (Itália) já acolheram a competição nesses países. O Kartódromo de Castelo Branco foi a solução encontrada pela Fórmula Student Portugal para realizar a primeira edição de um evento que acolheu equipas de Espanha, França, Israel, Itália, Reino Unido, Roménia e Portugal (neste caso, de Aveiro, Coimbra, Guimarães, Leiria, Lisboa, Porto e Santarém).
O apoio da Câmara de Castelo Branco e de empresas tecnológicas tornaram o kartódromo de Castelo Branco como a capital da Fórmula Student Portugal. Ricardo Ferreira, responsável pelo evento e por um staff de mais de uma centena de pessoas, entre voluntários e especialistas internacionais ligados à Fórmula 1 e à Fórmula E, considera que esta competição “é uma ferramenta fantástica para criar engenheiros com valências muito diferentes daquilo que as universidades oferecem, com pessoas dinâmicas e habituadas a trabalhar em equipa. É um filtro fantástico para as empresas captarem talento”.
A ligação ao tecido empresarial é um eixo estratégico da Fórmula Student Portugal. A competição tem versões britânicas, americanas, alemãs e italianas e Ricardo Ferreira considera esta realização uma oportunidade para as empresas. “Há engenharia em Portugal muito interessante e os diplomados podem cá ficar. Na equipa a que eu pertenci (Instituto Superior Técnico) mais de metade dos meus colegas foram trabalhar para o estrangeiro. A nossa visão é mostrar-lhes que em Portugal também há opções. Temos cá empresas importantes de engenharia, algumas em Castelo Branco, como a Mecalbi, Dinefer ou a StoneShield, que também têm nesta competição a oportunidade de contactarem com alunos e engenheiros aqui presentes”.
A particularidade das equipas em competição é que são multidisciplinares. “Cada equipa tem diferentes engenharias presentes, que podem ir desde a Naval, Gestão Industrial, Informática, Eletrotécnica e Computadores, até à Mecânica, entre outras. São projetos extremamente complexos com várias áreas de intervenção diferentes e desenvolvidos por estudantes que não ‘falam a mesma língua (científica)’. Os de eletrónica têm que falar com os de suspensão, estes com os da aerodinâmica. Depois ainda temos os que tratam da potência do carro, etc ... todos trabalham, em conjunto, para um bem comum”.
RESULTADOS A equipa da FST Lisboa, da Universidade de Lisboa, venceu a classe EV (veículos elétricos), deixando nas posições seguintes a UPCecoRacing (Espanha), Team Balth Racing Eletric (Universidade de Bath – Reino Unido), Fórmula Student FEUP (Universidade do Porto), Formula Student Vitoria (Universidade do País Basco – Espanha); Formula Technion (Instituto Tecnológico de Israel), Metz Racing Team (ENI Metz – França), ISEL Formula Student (Instituto Superior de Engenharia de Lisboa) e UBRacing (Universidade de Birmingham (Reino Unido). A FST também venceu na classe dedicada aos carros autónomos, tendo melhores marcas que as equipas da UPCecoRacing e da Formula Technion.
Na classe dedicada aos veículos de combustão, a equipa da Roménia, BlueStreamline, foi a mais pontuada, seguida das equipas MAD Formula Team (Universidade Carlos III, de Madrid), UJI Motorsport Team (Universidade Jaume I, Espanha), Nova Racing Team (Universidade Politécnica da Catalunha), Engenius UA (Universidade de Aveiro) e Unex Motorsport (Universidade da Extremadura – Espanha).
Finalmente na classe II, a FSIPLeiria (Politécnico de Leiria) foi a equipa vencedora, deixando na segunda posição a FSUMinho (Universidade do Minho) e na terceira a formação PHISEC Racing (Instituto Superior de Engenharia de Coimbra). As posições seguintes foram ocupadas pela Scuderia Vanvitelli (Universidade de Campania – Itália), FSFCT (Universidade Nova de Lisboa), FSIPS (Politécnico de Setúbal) e eMART (Universidade de Málaga – Espanha).