O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, quer que 2021 seja o ano definitivo de ação contra as alterações climáticas, que já “custam demasiado às populações do planeta”.
O ex-primeiro ministro português defendeu, no passado dia 19 de abril, que os países “devem agir agora para proteger as suas populações dos efeitos desastrosos das alterações climáticas” numa mensagem divulgada antes de uma cimeira climática com líderes mundiais promovida pelos Estados Unidos.
António Guterres, que falava na apresentação do relatório anual da Organização Meteorológica Mundial (OMM), apontou que este ano será crucial, com a agência meteorológica da ONU a referir que 2020 foi um dos três anos mais quentes de que há registo e que não diminuiu a concentração de gases de efeito de estufa na atmosfera apesar do abrandamento da economia por causa dos confinamentos e da pandemia da covid-19.
O relatório da OMM mostra que 2020 foi “um ano de condições meteorológicas extremas e de perturbações climáticas alimentadas pelas alterações climáticas provocadas pela atividade humana”, considerou.
Na cimeira convocada pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, quarenta dirigentes mundiais foram convidados para participar virtualmente e tentar aumentar os esforços das principais economias para atenderem ao que a ONU classifica como uma emergência climática mundial.
António Guterres, que aponta para a conferência das partes marcada para o fim do ano em que os países deverão rever os compromissos assumidos no Acordo de Paris para conter o aquecimento global celebrado em 2015, defende que “os países devem comprometer-se a ser carbonicamente neutros até 2050”, avisando que “o tempo escasseia para atingir os objetivos” do compromisso de 2015.
O Acordo de Paris prevê um travão ao aquecimento global até ao fim do século para manter o aumento da temperatura global abaixo dos dois graus em relação à era pré-industrial, preferencialmente 1,5 graus, mas a OMM afirma que há 20 por cento de probabilidade de a temperatura média mundial aumentar 1,5 graus já em 2024.
O diretor da OMM, Petteri Taalas, afirmou que “todos os indicadores climáticos evidenciam o caráter duradouro e implacável das alterações climáticas, o aumento do número e intensidade dos fenómenos extremos e os grandes prejuízos que afetam indivíduos, sociedades e economias”.