O Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com a Sociedade Broteriana (SB) e o Jardim Botânico (JBUC), tem patente até 31 de julho a exposição denominada ‘As plantas na obra poética de Luís Vaz de Camões’.
De acordo com Jorge Paiva, professor aposentado do DCV/FCTUC, «na época camoniana, as plantas mais conhecidas e citadas na literatura não eram as plantas comestíveis ou ornamentais, mas sim as plantas medicinais». “Os Lusíadas” foram escritos, quase na totalidade, no Oriente e centram-se nos Descobrimentos, logo, as plantas asiáticas, particularmente as medicinais e as especiarias, surgem em maior destaque. A Lírica, maioritariamente escrita em Portugal e centrada no amor e na paixão, refere plantas europeias, particularmente as suas flores.
Como Camões viveu a sua grande paixão durante os 13 anos que esteve em Coimbra (1531- 1544), de onde partiu aos 20 anos, a maioria das plantas referidas na Lírica são plantas dos campos do Mondego, que refere também, saudosamente, n’ Os Lusíadas, no episódio de “Inês de Castro” (Canto III, 118-135) e no episódio da “Ilha dos Amores” (Canto IX, 18 – X, 95).
“Não é fácil determinar com exatidão todas as plantas citadas por Camões na sua obra (Épica e Lírica), pois a maioria das vezes refere-as de forma poética e utilizando, como o próprio afirma, derivações com extraordinários malabarismos linguísticos”, acrescenta Jorge Paiva.