O projeto Musiquence (Music + Sequence), apresentado pelos investigadores Luís Ferreira, Mónica Spínola, Sofia Cavaco e Sergi Bermúdez i Badia, foi o grande vencedor da segunda edição do H-INNOVA INNOVAtion Award, uma iniciativa do H-INNOVA - Health INNOVAtion HUB, que tem como parceiros a Região Autónoma da Madeira, a PremiValor Consulting e outras empresas de referência.

O projeto foi desenvolvido no âmbito da uma colaboração, entre o NeuroRehab Lab, pertencente à Universidade da Madeira, e um doutoramento realizado na Universidade Nova de Lisboa, e permite a personalização de atividades de estimulação cognitiva que se baseia na utilização de música e reminiscência e se destina para a população com demência.

Utiliza uma abordagem complementar não farmacológica, contribuindo para ganhos no funcionamento cognitivo, humor (mitigação da sintomatologia ansiosa e depressiva) e qualidade de vida. Atualmente, dispõe de 5 atividades para fins de estimulação cognitiva:  uma atividade quiz, uma atividade de pesquisa visual, uma atividade de categorização, uma atividade de vida diária e uma atividade de pintura criativa.

Através desta plataforma os profissionais de saúde/cuidadores podem personalizar as atividades de estimulação cognitiva e as necessidades e preferências das pessoas com demência, capitalizando os efeitos positivos da música e da reminiscência. Além disso, conforme a doença progride, é essencial utilizar tecnologia que corresponda à user experience do paciente para assegurar os efeitos terapêuticos da plataforma. Assim, o Musiquence é compatível com diversas tecnologias como o Leap Motion, a Microsoft Kinect, a realidade aumentada, o tablet e as mesas interativas.

O Musiquence foi desenvolvido no centro de investigação multidisciplinar NOVA-LINCS e contou com o apoio de profissionais de saúde, utentes, de instituições como a Associação Alzheimer Portugal delegação da Madeira, a Casa de Saúde Câmara Pestana, a Casa São João de Deus, o Lugar de Memória e o Centro Social e Paroquial de São Bento.

Segundo Luís Ferreira, “o prémio é uma manifestação contra o estigma em torno das doenças neurodegenerativas como a demência. É um lembrete de que as pessoas com demência merecem ser tratadas com dignidade e ser reconhecidas pela sua personalidade e autodeterminação, independentemente da sua condição física e psicológica”. O investigador espera que a conquista deste prémio possa abrir “novos caminhos na intervenção cognitiva na demência, complementando as respostas farmacológicas e não farmacológicas existentes”.