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BOCAS DO GALINHEIRO IN MEMORIAM: GLENDA JACKSON E ALAN ARKIN

10-07-2023

www.imbd.comMorreu Glenda Jackson, uma das mais aclamadas actrizes britânicas, também conhecida pelo seu activismo político, sendo mesmo eleita deputada em 1992, tendo-se mantido na Câmara dos Comuns até 2015, depois de uma tentativa falhada para mayor de Londres em 2000.
Nascida em Birkenhead, Inglaterra a 9 de Maio de 1936, em berço pobre, pai pedreiro e mãe empregada de limpeza, cedo deixou os estudos. Depois de um trabalho pouca atractivo numa cadeia de farmácias, ingressou na Royal Academy of Dramatic Art, em Londres. Após actuar em companhias amadoras, estreia-se como profissional em 1957, chegando posteriormente à Royal Shakespeare Company, sobressaindo na peça Marat/Sade, no papel de Charlotte Corday, quer em Londres quer na Broadway, com encenação de Peter Brook, o que lhe valeu a nomeação para o Tony de melhor actriz secundária, papel que repete no cinema em 1967, também com direcção de Brook. A carreira no cinema estava lançada e em 1969 com Women in Love, de Ken Russell, ganha o primeiro de dois Oscares para Melhor Actriz, no papel de uma das irmãs Brangwen, Gudrun, por quem Alan Bates e Oliver Reed se apaixonam. O filme ficou marcado pela cena dos dois homens, lutando nus, numa adaptação ousada do romance de D. H. Lawrence. Com Russell fará The Music Lovers, um estranho biopic do compositor russo Peter Ilych Tchaikovsky, à volta da sua homossexualidade e do catastrófico casamente com Antonina Milyukova, interpretada por Glenda, ao lado de Richard Chamberlain no papel do músico, bem como em The Boy Friend, uma comédia com a modelo Twigg, entre outros, em que desempenha um papel secundaríssimo,
O segundo Oscar aconteceu em 1973 com A Touch of Class, realizado por Melvin Frank, ao lado de Gorge Segal, uma comédia romântica dirigida por um bom artesão que com Danny Kaye fez comédias ao gosto popular, também graças à sua parceria com Norman Panama.
Para além dos filmes oscarizados ficaram célebres as suas interpretações em Mary, Queen of Scots (Charles Jarrott, 1971) e na séria televisiva Elizabeth R, do mesmo ano, como Elizabeth I. Em Sunday Bloody Sunday (John Schelesinger, 1971), uma história de políamor, com Peter Finch e Murray Head, The Romantic English Woman (Joseph Losey,1975), em que contracena com Michel Caine e Helmut Berger, ou no papel de Sarah Bernhard em  The Incredible Sarah (Richard Fleicher,1976), são alguns dos filmes em que o seu talento e classe se destacam, para além de interpretações de adaptações de obras teatrais como em The Maids, peça de Jean Genet, ao lado de Susannah York (Christopher Miles,1975) ou a adaptação de Ibsen em Hedda (1975), a cargo de Trevor Nunn.
Em 1992 abandona o grande écran e os palcos depois da sua vitória nas eleições para a Câmara dos Comuns, pelo Partido Trabalhista, onde se mantém até 2015, evidenciando-se na sua luta pelos direitos das mulheres e pela oposição à intervenção no Iraque patrocinada por Tony Blair, primeiro-ministro do Governo trabalhista que apoiava.
Em 2016, depois de mais duas décadas como deputada, regressa aos palcos interpretando Rei Lear no Old Vic, com reconhecimento unanime, êxito que repete em 2019 na Broadway, ano em que regressa à televisão com Elizabeth is Missing, em que é Maud, uma mulher à beira da demência, em que presente e passado se confundem, entrando num último filme, em 2021, Mothering Sunday, de Eva Husson.
Desapareceu no passado dia 15 de Junho, segundo o seu agente, depois de breve doença.

O Método Arkin

Traído pelo coração, Alan Arkin deixou-nos no dia 29 de Junho. Actor, músico, argumentista, vencedor de um Oscar da Academia de Melhor Actor Secundário em Little Miss Sunshine (Jonathan Dayton e Valerie Faris, 2006), fez a sua última aparição na série The Kominsky Method, ao lado de Michael Douglas, na qual foi nomeado para o Emmy de melhor actor secundário. Numa carreira de mais de 60 anos, além das incursões na música com o seu grupo de música folk The Terriers, no cinema marcou presença em filmes como Going in Style (Zach Braff, 2017), a sua última longa-metragem, ao lado de Morgan Freeman e Michael Caine, passando por Argo (Bem Affleck, 2012), Catch-22 (Mike Nichols, 1970), Get Smart (Peter Segal, 2008) ou Edward Scissorhands (Tim Burton, 1990).
É um lugar-comum, sei. Mas o cinema vai ficando mais pobre.

Luís Dinis da Rosa
Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico
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