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Bocas do Galinheiro Senhores da música

22-11-2021

A importância da música no cinema é inegável. Se nos primeiros tempos do cinema mudo, a música foi introduzida para “silenciar” os projectores e acalmar os ânimos dos espectadores, pouco dados a permanecerem em silencia durante as projecções, aos poucos tornou-se imprescindível. Claro que, com o aparecimento do sonoro e não sendo os diálogos contínuos, não se estava no teatro, foi fácil perceber que nada melhor que preencher a ausência de falas, e, desde logo, para acentuar determinados momentos, a música era o efeito ideal. Não estranha pois que, para além da introdução de temas conhecidos na banda sonora, a composição cinematográfica passasse a dominar a música dos filmes, já para não falar dos grandes musicais onde nasceram temas inesquecíveis.
Quando falamos de grandes compositores para cinema, vêm-nos de imediato à lembrança nomes como John Williams, quem não o conhece da saga “Star Wars”, para ficarmos por aqui, Jerry Goldsmith, de filmes como “Rio Lobo”, de Howard Hawks, e “Rambo” , de entre dezenas, ou Bernard Herrmann, associado aos filmes de Hitchcock, de que “Psycho” é notável exemplo. Mas hoje vamos falar de três grandes compositores que nos deixaram este ano.
Desde logo Michel Legrand falecido a 26 de Janeiro de 2019. Músico, foi um grande pianista de jazz, tendo trabalhado com nomes grandes do género como Miles Davis, John Coltrane e Dizzy Gillespie, entre outros. Foi porém como compositor e principalmente para cinema que se notabilizou.
São dele bandas sonoras icónicas de filmes de Jacques Demy como “Lola”,(1961) a primeira colaboração entre ambos, e se perpetuou nesse fabuloso “Les Parapluies de Cherbourg” (1964), nomeado para três Oscar da Academia e “Les Demoiselles de Rochefort” (1967), bem como de Norman Jewison, “The Thomas Crown Affair”, a versão de 1968, com Steve McQueen e Faye Dunaway, cujo tema “The Windmills of Your Wind”, ganhou o Oscar da melhor canção, outro foi para a banda sonora de “Verão de 42”, de Robert Mulligan (1971), ou de Orson Welles, em “F for Fake (1973). Curiosamente, “The Other Side of the Wind”, um filme inacabado de Orson Welles, por causa da morte do realizador, em 1985, terminado agora por Oja Kodar, vai ter banda sonora de Legrand, o seu último trabalho para o cinema.
Outro grande compositor desaparecido em 2019 foi André Previn, Previn aos 89 anos em Fevereiro. Apesar de estar afastado o cinema desde os anos de 1970, foi maestro da Orquestra Filarmónica de Los Angeles, com vários discos gravados, não só de música clássica, mas também de jazz.
O compositor arrebatou quatro Oscar pelos filmes “Gigi” (1958), de Vincente Minnelli, “Porgy & Bess” (1959),de Otto Preminger, “Irma La Douce” (1963), de Billy Wilder e “My Fair Lady” (1964) de Georgr Cukor, para além de várias nomeações, entre as quais canções originais em parceria com uma das suas ex-mulheres, Dory, para “Pepe” (1960) de George Sidney, com Cantinflas e “Two for the Seesaw (1962), de Robert Wise.
Altura para recordar ainda Maurice Jarre (pai do músico Jean-Michel Jarre), também ele ganhador de vários Oscar, o primeiro dos quais por “Lawrence da Arabia” (1962), de David Lean, com uma soberba interpretação de Peter O’Toole, distinguido depois com “Doutor Jivago”, (1965), também de Lean, que imortalizou o “Tema de Lara”, e consagrou Omar Sharif, aqui ao lado de Julie Christie, e o terceiro com “Passagem para a Índia” (1984), também com realização de David Lean. O pleno desta dupla em nomeações para as estatuetas douradas. Porém, onde falhava o Oscar arrecadava o Globo Ouro, como aconteceu com “Gorilas na Bruma” (1988), de Michael Apted, com Sigourney Weaver, que também arrecadou o Globo de Ouro, a encarnar Dian Fossey. Nestes prémios Maurice Jarre foi ainda reconhecido por “A Walk in The Clouds” (1995), de Alfonso Arau, com Keanu Reeves e Aitana Sánchez-Gijón e Anthony Queen, a juntar aos que recebera por “Doutor Jivago” e “Lawrence da Arábia”
Compôs ainda para realizadores como Alfred Hitchcock “Topázio” (1969), John Huston “O Juis Roy Bean” (1972) e “O Homem que Queria ser Rei” (1975), Luchino Visconti “Os Malditos” (1969) e Peter Weir “A Testemunha” (1985), “A Costa do Mosquito” (1986) e “O Clube dos Poetas Mortos” (1989). Ficaram também no ouvido as bandas sonoras dos filmes “Atracção Fatal” (1985), de Adrian Lyne, com Michael Douglas e Glenn Close e “Ghost” (1990), de Jerry Zucker, com Patrick Swayze e Demi Moore, para lembrarmos só estes, duma filmografia que ultrapassou largamente os cem títulos.
Até à próxima e bons filmes!

Luís Dinis da Rosa

Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico

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