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Estudo do Politécnico da Guarda revela Maiores de 65 são obesos

22-03-2021

A maioria da população guardense com mais de 65 anos é obesa ou está em risco de desenvolver essa condição, indicou um estudo realizado por cinco investigadores do Instituto Politécnico da Guarda – IPG.
A informação foi veiculada ao Ensino Magazine pelo próprio IPG. De acordo com os dados da investigação sobre a qualidade de vida e a atividade física da população idosa do concelho, 21% dos idosos da Guarda sofre de obesidade e 46% de pré-obesidade: o que corresponde a 67% da população sénior. O frio rigoroso e o medo das lesões foram identificados como os principais entraves à prática de atividade física.
“Depois de sabermos que oito em cada dez idosos em Portugal estavam com sobrepeso, segundo o Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, quisemos conhecer profundamente a realidade do concelho da Guarda”, afirma Carolina Vila-Chã, coordenadora do estudo e docente do curso de Desporto, Condição Física e Saúde no IPG. “Para tal, procurámos entender através de inquéritos os fatores que levam os idosos a não fazerem exercício para conseguirmos implementar estratégias de intervenção local eficientes”.
Esta investigação foi realizada pelos investigadores do IPG –Carolina Vila-Chã, Cláudia Vaz, Nuno Serra e Ermelinda Marques – no âmbito do projeto Gmove+, liderado pelo Politécnico da Guarda, em parceria com a Unidade Local de Saúde da Guarda, com a Câmara Municipal, com os Institutos Politécnicos de Castelo Branco e de Viana do Castelo.
O estudo foi publicado em 2019 e reeditado em janeiro de 2021. Foram avaliados 213 indivíduos residentes na Guarda – 56% do sexo feminino e 44% do sexo masculino – com idade igual ou superior a 65 anos em três grandes áreas: qualidade de vida e estado de saúde; aptidão física e funcionalidade; e níveis, barreiras e promotores da prática regular da atividade física.
O questionário sobre os motivos que impedem ou constituem obstáculos à prática de atividade física mostrou que o “clima desfavorável”, referido por 57,8% dos idosos, é a principal causa, seguido do “tenho medo de uma lesão ou incapacidade” indicado por 44% dos inquiridos. Houve, no entanto, mais mulheres a referirem este medo (55%) do que homens (33%).
“A pobreza energética das habitações e instalações desportivas é um grande problema: os edifícios são muito frios no inverno. As temperaturas exteriores são pouco convidativas e as casas carecem de condições que facilitem a prática de exercício”, afirma Carolina Vila-Chã. “Outro grande obstáculo, principalmente para as mulheres, é o medo de se lesionarem ou agravarem alguma das suas patologias, claramente por desconhecerem a plenitude das vantagens da atividade física para a sua saúde”.
Esta investigação foi realizada no âmbito do Gmove+, um programa de intervenção para promover a atividade física entre os idosos da Guarda, lançado pelo IPG em 2018. “O grande objetivo deste projeto de investigação foi promover o envelhecimento ativo e combater o sedentarismo através da prática da atividade física. Esta é uma das formas mais eficientes de garantir a qualidade de vida da população com mais de 65 anos”, afirma Joaquim Brigas, presidente do IPG.
“As recomendações para a população permanecer em casa devido à pandemia da Covid-19 fizeram aumentar o sedentarismo, ao limitarem as movimentações diárias dos cidadãos, especialmente dos mais idosos por pertencerem aos grupos de risco”, afirma Carolina Vila-Chã. “Para evitar essa tendência, estamos a procurar desenvolver, em articulação com elementos da Câmara Municipal da Guarda e da Unidade Local de Saúde, atividades direcionadas para o período pós-pandemia”.
Está prevista a promoção e realização de sessões de exercício físico, bem como programas específicos para os diabéticos e para a população da terceira idade com limitações físicas e psicológicas mais graves. “Este recomeço deve ser feito de forma gradual, com a introdução de pequenas atividades e de forma mais personalizada possível, precisamente para evitar lesões e motivar os participantes”, conclui a docente do curso de Desporto, Condição Física e Saúde.
O estudo do IPG revelou ainda que 60% dos inquiridos sofrem de doenças cardiovasculares e 34% de doenças osteoarticulares. “A falta de atividade física está habitualmente associada a doenças do coração, a diabetes ou à perda de mobilidade dos idosos”, afirma Joaquim Brigas. “A prática de atividade física deve ser considerada uma prioridade de saúde pública e, por isso, o IPG, através de profissionais ligados ao desporto e à saúde, irá continuar a criar medidas para quebrar o comportamento sedentário e aumentar a qualidade de vida dos idosos”.

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