Mário Raposo tomou posse, no passado dia 8 de junho, como reitor da Universidade da Beira Interior (UBI). Num discurso de união da academia e voltado para o futuro, o professor catedrático do departamento de Gestão e Economia aproveitou a ocasião para “reivindicar um maior investimento nos orçamentos das universidades”. Evidenciando o caso da UBI, Mário Raposo considera que “o orçamento atribuído deverá refletir a realidade daquilo que a universidade é hoje e o direito de os nossos estudantes receberem um valor de financiamento per capita idêntico ao de outras universidades portuguesas”. Daí que, na opinião do reitor empossado, é necessária “a criação de uma fórmula de financiamento justa e equitativa”.
Mário Raposo garantiu, também, a manutenção da aposta na internacionalização, lembrando que “a UBI foi, é e será cada vez mais uma universidade do mundo e para o mundo”. Neste âmbito, defendeu que a instituição “deverá continuar a alargar os seus horizontes a novas áreas geográficas, permitindo uma renovação contínua das parcerias internacionais e contribuindo para a atração de novos segmentos de mercado para as nossas formações e para a divulgação da nossa região e do nosso país”.
Os alunos estiveram também no centro do discurso do novo reitor da UBI, que sublinhou a importância de, no futuro, “garantir que não irão acontecer situações de exclusão ou de abandono dos estudos por causas económicas ou outras”. Para tal, é “muito importante a definição de políticas inclusivas e de igualdade, a promoção de políticas de ajuda e bolsas de apoio, e também esquemas de fracionamento de pagamento de taxas e propinas diluídas no tempo. Esperamos, deste modo, garantir a equidade no acesso ao ensino e à continuidade dos estudos, culminando no desejável sucesso escolar”.
Outro dos aspetos focados no discurso de tomada de posse relacionou-se com todas as pessoas que fazem parte da instituição. Sobre este aspeto, o quinto reitor da história da UBI lembrou que “só é possível entender uma universidade que tem por objetivo estimular a criatividade, a inovação e a transmissão de conhecimento se formos capazes de captar e reter pessoas com talento e atitude, que possibilitem o avanço contínuo e permanente. Trabalhar para valorizar as pessoas, dar-lhes oportunidade de progressão profissional e estabilidade laboral é, sem dúvida, uma das principais tarefas a realizar no meu mandato”, assegurou. Dentro da mesma lógica, o reitor deixou a promessa de trabalhar para implementar “um quadro de investigadores de carreira, retendo o talento e fixando recursos humanos altamente qualificados”.
Consciente da “grande responsabilidade” que os próximos quatro anos de mandato acarretam, Mário Raposo acredita que “nenhum apoio ou contributo será demais para levar a bom termo a tarefa” assumida. “Devemos esperar que o processo e o resultado deste mandato reflitam a tentativa de articular, de modo flexível e fluido, a complexidade e diversidade da nossa instituição, com o compromisso de construirmos um futuro melhor”, referiu.
O reitor cessante, António Fidalgo, desejou “as maiores felicidades e sucessos” ao reitor eleito, lembrando que Mário Raposo “conhece a universidade como as palmas das suas mãos e é um UBIano de mão cheia”. “A universidade inicia um novo tempo e todos esperamos que sejam tempos de prosperidade e de mais estudo, melhor ensino, mais e melhor investigação e mais capacidade de inovação”, referiu.
Num discurso marcado pelos agradecimentos a todos aqueles que fizeram parte dos seus dois últimos mandatos, António Fidalgo lembrou ainda o percurso na instituição onde contribuiu para o lançamento de novos cursos, novos departamentos, um centro de investigação e uma nova faculdade. “Professor por vocação e paixão, tive a sorte de desde 1991 ajudar a erguer uma nova universidade, que tem crescido em tamanho, ciência e qualidade”. As últimas palavras enquanto reitor da UBI foram, uma vez mais, de agradecimento: “todo o apoio, o estímulo e a amizade que tive durante os oito anos de reitor não foram comprados ou negociados, foram uma graça. E daí estar eu agradecido, muito agradecido.”
Presente na cerimónia, o presidente do Conselho Geral deixou uma palavra aos reitores da UBI e em especial ao reitor cessante, António Fidalgo, por lhe ter ensinado “verdadeiramente o que é ser UBIano”. Hugo Carvalho aproveitou o momento para sublinhar a UBI deve ser um “motor privilegiado de alerta para o abandono escolar, para a pobreza, para a fome; que temos de concertar estratégias de valorização da educação, o combate ao desemprego no nosso país e tudo o que possa reforçar as políticas públicas neste setor”. Ao reitor empossado, deixou os “sentidos parabéns”, com os “desejos de maiores sucessos”. Mário Raposo “contará comigo e também com o Conselho Geral para esta reflexão, porque todos somos poucos para a dedicação que a UBI nos merece”, sublinhou.
O presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI) falou pela primeira vez na cerimónia de tomada de posse de um reitor da instituição, o que nunca tinha acontecido na história da UBI. Ricardo Nora começou o seu discurso precisamente por este aspeto: “hoje é o dia em que rompemos com todos os protocolos e etiquetas. Passados 35 anos de Universidade da Beira Interior, damos hoje espaço para que o legítimo representante dos estudantes possa finalmente intervir numa cerimónia de tomada de posse da figura máxima desta instituição”. Para o presidente da AAUBI, “este é um sinal claro, a meu ver, do caminho que se tem e se quer continuar a traçar; um caminho em que os estudantes são um elemento fundamental na construção de uma universidade completa e que responda às expectativas que a sociedade deposita nela”. Num momento que foi, também, de despedida ao reitor cessante, Ricardo Nora deixou um “sincero obrigado” a António Fidalgo, bem como, à restante equipa reitoral. Quanto ao novo reitor, o representante dos estudantes vincou os “38 anos dedicados à universidade e mais quatro que se avizinham de prosperidade”.