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Burnout parental Ocidentais são mais afetados

19-04-2021

Os países ocidentais, sobretudo os mais ricos e onde há uma cultura mais individualista, são os mais afetados pelo burnout parental. A conclusão é de um estudo internacional sem precedentes, que envolve mais de uma centena de cientistas de 42 países, incluindo Portugal.

Liderado pelas investigadoras Isabelle Roskam e Moïra Mikolajczak, da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, em Portugal o estudo é coordenado por Anne Marie Fontaine, professora da Universidade do Porto (UP), e Maria Filomena Gaspar, professora da Universidade de Coimbra (UC) e investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES).

O grande foco desta investigação internacional pioneira foi perceber se a incidência do burnout parental depende do contexto cultural do país em que se desenvolve, refletindo a preocupação da comunidade científica com o burnout induzido pelo stress associado ao cuidado de crianças e adolescentes – burnout parental – uma condição que traz sérias consequências quer para os adultos cuidadores, quer para as crianças.

Os resultados do estudo, já publicado no jornal científico Affective Science, evidenciam que a cultura, mais do que fatores socioeconómicos, desempenha um papel crucial na incidência do burnout de pais e mães, ou seja, as conclusões não deixam margem para dúvidas: nos países ocidentais mais ricos e onde há uma cultura mais individualista, as famílias em média têm menos filhos e são mais afetadas pelo fenómeno.

Isto significa que os valores individualistas nos países do Ocidente podem submeter cuidadores a níveis mais elevados de stress. “Esta descoberta leva-nos a repensar a máxima do 'cada um por si', que se espalha pelo mundo”, afirma Isabelle Roskam. Já Anne Marie Fontaine nota que, “nos países individualistas, há o culto à performance e ao perfecionismo, e isso tem sido estendido também ao exercício do papel parental”.

“É fundamental que psicólogos clínicos e demais profissionais de saúde conheçam o burnout parental para que possam reconhecer os seus sintomas quando eventualmente se depararem com pais e mães nesta condição, que facilmente pode ser confundida com depressão”, finaliza Marisa Matias, membro da equipa e que trabalhou em conjunto com investigadoras do Brasil.       

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