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Investigadores da UTAD estudam Novo vírus ataca ruminantes

18-11-2021

Detetado pela primeira vez, em 2011, no estado da Renânia do Norte-Vestfália da Alemanha, em amostras de sangue de bovinos, foi encontrada evidência da circulação em Portugal, do denominado vírus de Schmallenberg (SBV), que se transmite por mosquitos e afeta especialmente os animais ruminantes, com consequências fatais nos recém-nascidos.

A revelação foi feita no âmbito da investigação de doutoramento em Ciências Veterinárias de Fernando Esteves, apresentada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), com orientação dos investigadores Ana Cláudia Coelho e Luís Cardoso do CECAV, Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias, do investigador João Mesquita, do ICBAS, e vários investigadores do Instituto Politécnico de Viseu.

O vírus disseminou-se nos últimos anos por vários países europeus, contudo nenhum estudo tinha sido efetuado no território português, uma circunstância que criou uma lacuna de conhecimento que justificou uma investigação urgente por parte da UTAD.

Segundo Fernando Esteves, nos bovinos, se o vírus infetar uma fêmea gestante, para além da ocorrência de abortos, o feto poderá apresentar sinais teratogénicos graves que se podem resumir na Síndrome Artrogripose Hidranencefalia, que é um defeito congénito caracterizado pela completa ou quase completa ausência dos hemisférios cerebrais, bem como malformações ao nível da coluna vertebral. Ainda assim, até ao momento não existem nenhumas evidências de que SBV pode infectar os humanos

Para se conhecer a epidemiologia do vírus Schmallenberg em Portugal, refere o investigador, “um dos principais objetivos consistiu em realizar um estudo serológico para estimar a presença de imunoglobulina G contra esse vírus em ovinos, consistindo tal, numa amostragem aleatória estratificada nas cinco regiões de Portugal continental (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve)”.

Uma atenção especial foi dada à circulação do SBV na região da Serra da Estrela, uma área geográfica de elevada altitude e baixa temperatura, fatores hostis à circulação do inseto responsável pela transmissão da doença, sendo que o estudo permitiria aferir da eventual circulação do vírus nestas condições. A investigação serológica prospectiva envolveu 168 ovelhas distribuídas por 42 rebanhos registados oficialmente como detentores de animais da raça Serra da Estrela, demonstrando-se, segundo o investigador, que “o vírus Schmallenberg circula em elevadas altitudes e é endémico em rebanhos de ovinos no centro de Portugal, incluindo em rebanhos com movimentação restrita”.

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