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Universidade Universidade de Évora instala sistema de alerta de sismos em Portugal

22-04-2021

A Universidade de Évora (UÉ) disse hoje ao Ensino Magazine que está a capacitar a rede nacional de monitorização sísmica, permitindo assim o desenvolvimento de um Sistema de Alerta Precoce de Sismos (Earthquake Early Warning System - EEWS), incluindo os gerados na região Atlântica adjacente ao território português. Este Sistema de alerta é fundamental não só para Portugal, mas também para a Europa.

O sistema será instalado em em quatro locais na região algarvia o sistema (EEWS) e baseia-se no intervalo de tempo entre as ondas sísmicas primárias (designadas por P, mais rápidas) e as ondas secundárias (designadas por S, mais lentas).

Citado na nota enviada à nossa redação, Mourad Bezzeghoud, professor do Departamento de Física e investigador no Instituto de Ciências da Terra da Universidade de Évora, explica que "quanto mais próximo estamos do epicentro, menor é o intervalo de tempo (entre P e S) e quanto mais próximo estamos do mesmo, mais graves são os estragos. isto porque quanto mais perto estamos do epicentro, menos tempo temos para alertar e reagir, e quanto mais longe estamos do mesmo, mais tempo temos para reagir e tomar medidas de proteção” .

Na mesma nota, o investigador sublinha que no caso português o tempo é contado em segundos ou minuto(s), “mas existem outras situações no mundo onde o tempo pode atingir dezenas de minutos ou até horas”.

Mourad Bezzeghoudadianta que o objetivo deste sistema implementado no nosso país, passa por "detetar os sismos e determinar algumas das suas características, incluindo localização e magnitude, antes que os efeitos dos fortes sismos atinjam áreas críticas” e desta forma, em tempo útil “permitam ser decididas e implementadas medidas de proteção”.

O investigador recorda que numa situação semelhante à do sismo de 1969, que atingiu toda a região de Portugal, norte de Marrocos e parte de Espanha, sendo o último grande sismo a ocorrer em Portugal Continental, o sistema agora implementado “teria capacidade para registar as primeiras ondas que chegam a vários pontos junto à linha de costa, transmiti-las para um centro de cálculo onde os previsíveis efeitos desse sismo são estimados e se decide quais as medidas de proteção automática a implementar em instalações críticas, minimizando a destruição associada a este evento”.

Deste modo, acrescenta, o alerta precoce de sismos permite acionar mecanismos de segurança automáticos em instalações críticas, como gasodutos, comboios de alta velocidade, pontes, túneis, minimizando as perdas associadas ao sismo.

"A ideia destes sistemas é ativar uma série de automatismos para avisar as forças de segurança e emergência" adianta.

Mourad Bezzeghou recorda ainda que as placas tectónicas Euroasiática e Africana (Núbia) convergem e a mesma continua ativa sismicamente e vulcanicamente pelo que “a monitorização sísmica da região é fundamental não só para Portugal, mas também para Europa.

As Quatro estações sísmicas são equipadas com sismómetros de banda larga (Guralp Posthole BB Radian, 60s) a instalar em furos a 30 m de profundidade, por forma a minimizar o ruído cultural. Para além dos sismómetros instalados em profundidade, cada estação será ainda equipada com um acelerômetro (Guralp Fortis) instalado na superfície.

É através do projeto EMSO-PT - European Multidisciplinary Seafloor and water column Observatory, financiado pelo estado português e pela Comissão Europeia (programa Portugal 2020), que os investigadores pretendem criar e desenvolver infraestruturas de investigação científica e tecnológica no âmbito das Ciências do Mar e do Ambiente Marinho e com isso “alargar o número de estações sísmicas em terra, melhorando a rede de monitorização sísmica nacional”.

Esta medida permite a criação de um sistema de alerta precoce para sismos, em particular, para casos de tsunami. As novas estações sísmicas ficam ligadas à unidade de investigação (ICT-UÉ) e à rede sísmica nacional coordenada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). “A localização e a magnitude são os principais dados através dos quais é possível desencadear algumas medidas de segurança automática em situações críticas, minimizando a destruição associada a eventos desta natureza” destaca Mourad Bezzeghoud.

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