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Bocas do galinheiro Comemorando Beethoven

14-12-2020

Já por mais de uma vez abordámos a música no cinema, ou melhor, a importância da música nos filmes, sendo que, algumas fitas são recordadas pela qualidade da sua banda sonora ou por canções que desde logo associamos a um determinado filme, quer porque lhe deram o título quer porque o marcaram. Mas neste ano de 2020, quando se comemoram 250 anos no nascimento de Ludwig Van Beethoven, vamos prestar a nossa homenagem a este génio da música, através de filmes marcados pela sua música.
Nascido em Bonn, Alemanha, a 17 de Dezembro de 1770, filho de Johann van Beethoven, também ele músico, e de Maria Magdalena Keverich, e neto de um prestigiado pianista e maestro, não estranha pois que o jovem Ludwig começasse a estudar música. Cedo se inicia na composição cujas obras chamam a atenção de mecenas, entre os quais o conde de Waldestein, e para que compões uma sonata que intitula exactamente “Waldestein”. Mas será a sua ida para Viena que determinará a sua obra e carreira que inspirou vários realizadores ao longo dos tempos.
Ainda na época do cinema mudo, há uma curta-metragem francesa, “Beethoven” (1909), de Victorin-Hippolyte Jasse, com Harry Bauer no papel do compositor. Mas será em 1936 que aparece o primeiro filme cujo tema é a vida do génio, mais concretamente a sua misteriosa vida amorosa, “O Grande Amor de Beethoven” (Un grand amour de Beethoven), de Abel Gance. As interrogações à volta dos amores de Beethoven, a especulação à volta da amada imortal, como mais tarde acontece com a peça para piano Für Elise, que terá sido dedicada à cantora de ópera Elisabeth Röckel, a quem teria feito um pedido de casamento, sendo que no espólio do compositor constarem várias cartas de amor a uma dama desconhecida que poderá ser Antonie Brentano, casada com um membro da então célebre família Brentano. Neste filme as candidatas a esse grande amor são Thérèse de Brunswick, com a qual estaria comprometido, e Juliette Guicciardi, a que verdadeiramente amava e que acabou por se casar com um conde. Este tema é depois tratado de forma mais explícita em “Paixão Imortal” (Immortal Beloved,1994), de Bernard Rose, à volta da tentativa do seu secretário e confidente Anton Schindler (Jeroen Krabbé) de descobrir quem era a tal amada imortal. Pelo meio vários flashbacks, revelando o relacionamento pouco amistoso com o irmão, as várias fases da sua composição e a apresentação triunfal da Nona Sinfonia que Beethoven (Gary Oldman) não ouve, quer a música quer a ovação da assistência, em 7 de maio de 1824. Todavia, na sua vida, Beethoven ter-se-á cruzado com muitas mulheres, pelo que a especulação à volta da sua vida amorosa não passa disso mesmo.
Apesar de toda a sua genialidade o que o levou a uma depressão, acabou os seus dias pobre, isolado e, como se sabe surdo. Aliás o tema da surdez é mote para “Corrigindo Beethoven” (Copying Beethoven, 2006), de Agnieszka Holland.
A surdez de Beethoven começa a manifestar-se muito cedo. Por volta de 1800, o compositor começa a sofrer problemas auditivos, em consequência de uma doença degenerativa, sendo que nos últimos anos de vida, apesar de completamente surdo, continuou a compor uma vez que memorizara o som das notas, sem precisar escutá-las. Pegando nesse pormenor a realizadora, coloca a estudante de música, Anna Holtz (Dianne Kruger) a copiar as partituras da Nona Sinfonia de um irrascível Beethoven (Ed Harris). Porém, a capacidade da jovem em entender a sua música, que ele não ouvia, acaba por conquistar o velho compositor e a criar uma empatia que parecia impossível, ficcionando em demasia esta relação e o papel de Anna na versão final da sinfonia.
Mais fidedigo e assumidamente biogáfico é “Eroica” (1949), do realizador austríaco Walter Kolm-Veltée, um retrato realista da vida e obra do compositor, ao nível dos muitos documentários que al .longo dos tempos foram feitos sobrea a vida e obra deste genial compositor e a importância da sua música. Desde logo “Ludwig Van Beethoven” (1970), de Hans Conrad Fisher, “Ode To Joy”, 1999, de Maximianno Cobra, ou o mais recente “Beethovenmania” (2020), de Andy Sommer.
Porém, para além destes filmes que de uma forma mais ou menos ficcional retratam a vida e obra do compositor, há umas largas centenas de outros que incluem na sua banda sonora a sua música. E, neste quadro, não poderia deixar de começar por “A Laranja Mecânica” (1971), de Stanley Kubrick. Nesta sociedade distópica, o sádico líder de um gang ao ouvir a Nona Sinfonia é assolado por imagens de sexo e violência, Beethoven que depois será utilizada no seu “tratamento” de socialização o que o leva a rejeitar o compositor. A Quinta Sinfonia é uma das obras mais conhecidas do compositor e o 1º andamento é usado por Walt Disney na sua obra prima “Fantasia”, a par de obras de Tchaikovsky, Stravinski, entre outros. A Sonata para Piano nº14 em Dó sustenido menor, Op. 27, nº 2, baptizada depois como “Mondscheinsonate”, ou seja, a celebérrima “Sonata ao Luar” (Moonlight Sonata), “protagonista de dezenas de filmes, desde “O Pianista” (2002), de Polanski, que em “A Semente do Diabo” (Rosemary’s Baby, 1968), já tinha usado Für Elise, ao improvável “Sid and Nancy” (1986), de Alex Cox. Também Tarantino não esqueceu este grande vulto e integra também Für Elise, em “Django Libertado”, 2012. Mas também realizadores como Luis Buñuel vai buscar a Quinta Sinfonia para “A Idade de Ouro”, de 1930, tal como Hitchcock o faz em 1942 em “Sabotagem”.
Uma longa lista de filmes e realizadores que não conseguiríamos esgotar tal o impacto da música de Beethoven nestes 250 anos.a

Luís Dinis da Rosa

Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico

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