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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVII

Opinião O primeiro dia do resto de uma vida

Quase 50 mil alunos entraram este ano, pela primeira vez, no ensino superior, através da primeira fase do Concurso Nacional de Acesso. É o segundo maior número de sempre, contrariando a demografia, e confirmando a tendência registada já no ano passado, que os jovens e as suas famílias percebem a importância da formação e da qualificação para o futuro. Para o seu futuro e para o futuro de um país que se quer competitivo.
A qualificação, não só dos nossos jovens, mas também dos que já o foram, é o maior trunfo que Portugal pode ter num mundo em que a exigência é cada vez maior e onde a inovação e o empreendedorismo são fatores determinantes, aos quais se juntam muitos outros resultantes daquilo que a escola e a sociedade nos dá.
Os dados agora divulgados demonstram o quão importante é explicar aos alunos que frequentam o ensino secundário e profissional (e às suas famílias) de que a escolaridade obrigatória do 12º ano não deve ser vista como um fim, mas sim como o princípio de uma formação superior que abrirá mais portas no mercado de trabalho, que garantirá melhores vencimentos e que permitirá aos jovens serem cidadãos do mundo. Afinal o ensino superior é isso mesmo.
A ladainha que nem todos podem ser doutores ou engenheiros começa a ser posta de parte. Esse pensamento que já vem do Estado Novo onde apenas estudava quem tinha posses, ou quem era filho de gente importante, esbateu-se. A rede portuguesa de ensino superior é um dos mais importantes instrumentos de desenvolvimento do país. A sua dimensão, distribuída por todo o território, é o garante que nenhum aluno que deseje tirar um curso superior fique de fora. Mas é também uma alavanca para a coesão territorial, permitindo a que regiões mais desertificadas (agora chamadas de baixa densidade) se possam desenvolver e afirmar.
Os resultados desta primeira fase reforçam esta ideia, pois o número de alunos colocados em instituições do interior do país cresceu 6%. Este facto não nos permite, no entanto, afirmar que tudo está bem. Porque não está. Importa reforçar a rede, dando às instituições mais instrumentos, melhor financiamento, exigindo-lhes rigor e excelência, e porque não, diferenciação na oferta formativa. Mas em circunstância nenhuma ela pode ser posta em causa, mesmo quando se perspetivam tempos difíceis, em termos económicos, resultantes da guerra da Ucrânia e da subida das taxas de juro.
Ninguém quererá que se regresse ao tempo onde as oportunidades eram só para alguns. E nós, enquanto sociedade, devemos ter isso presente. O Estado, através das escolas e das universidades/politécnicos devem demonstrar às famílias e aos seus filhos o quanto as suas vidas podem mudar se se qualificarem. E aqueles que também já estão no mercado de trabalho também podem regressar ao ensino superior, para se requalificar. Se nunca por lá passaram também podem entrar através dos concursos especiais. A chegada a uma universidade ou politécnico constituirá sempre o primeiro dia do resto das nossas vidas…

João Carrega
carrega@rvj.pt