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Diretor Fundador: João Ruivo Diretor: João Carrega Ano: XXVII

Primeira coluna A ciência para definir políticas

12-12-2022

Durante a pandemia a ciência, os cientistas e as instituições de ensino superior e de investigação foram o trunfo que o mundo usou para combater algo desconhecido, para o qual não havia solução. A ciência passou a ser vista pela opinião pública como um instrumento determinante para o progresso, para o bem-estar, mas, acima de tudo, pelos decisores políticos como um porto de abrigo para o encontrar de soluções e caminhos, e para a tomada de decisões.
A ciência, nas suas mais variadas áreas, é hoje um fator relevante para se definirem políticas que possam responder aos desafios que o mundo diariamente nos traz. Vem este assunto a propósito das declarações da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, no Conselho de Competitividade, em Bruxelas. “É preciso passar de iniciativas ad hoc para mecanismos institucionalizados e formais de modo a tornar o aconselhamento científico uma prática regular”, disse, reforçando a ideia de “que o envolvimento dos cidadãos e a transparência no aconselhamento científico são aspetos essenciais da valorização do conhecimento e do fortalecimento da confiança nas instituições públicas”.
Ao alertar para a necessidade de se desenvolverem mecanismos de aconselhamento científico para a definição de políticas públicas, Elvira Fortunato dá um passo importante naquilo que a ciência pode contribuir para o desenvolvimento do país, de uma forma estruturada e validada, onde a rede de ensino superior portuguesa pode ter um papel decisivo.
Este não será, certamente, um processo fácil e levará o seu tempo a tornar-se ágil. Mas é um caminho que deve ser percorrido, de forma transversal, criando condições às instituições e a quem estuda, investiga e produz ciência.
Importará desburocratizar o mais possível esse sistema que vier a ser implementado. Tradicionalmente a máquina do Estado é morosa e complicada, como o tem comprovado a Subcomissão Parlamentar de Acompanhamento dos Fundos Europeus e PRR no “Roteiro Fundos Europeus e PRR – Parlamento Mais Próximo”, onde do contacto com as empresas resultou uma critica clara à burocracia associada aos processos, que em muitos casos tem impedido a sua concretização em tempo útil.
Esta nova forma de fazer política com ciência deve ser vista também como uma oportunidade para a instituições de ensino superior, cada vez mais capacitadas na área da investigação, através das suas unidades de investigação, essenciais para a afirmação das universidades e politécnicos nos domínios da ciência e da formação.
Que o país saiba utilizar esse aconselhamento científico de forma refletida e transparente, sem burocracias, e que, na hora de decidir, saiba comunicar com clareza as opções tomadas para que a ciência não venha a ser um bode expiatório desta ou daquela decisão.

João Carrega
carrega@rvj.pt
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